Como o Delegado Da Cunha largou o sonho no judô para ir para o Exército
O Delegado Da Cunha virou sucesso no YouTube ao gravar os bastidores das operações policiais que faz no seu dia a dia. O que surpreende muita gente é quando ele fala da sua verdadeira paixão: o judô. E ele teve o sonho de ser campeão olímpico interrompido pela burocracia do Exército.
Carlos Alberto da Cunha iniciou no judô com seis anos de idade. Aos 14 ele já era faixa preta e fazia dois treinos por dia. O objetivo era disputar uma Olimpíada.
Eu nunca sonhei em ser polícia, eu era atleta de judô. A minha vida foi toda direcionada para o esporte, fui campeão paulista, brasileiro. disse em entrevista ao Podpah.
De infância pobre, Da Cunha viu no Exército a possibilidade de ganhar dinheiro enquanto poderia seguir se desenvolvendo no judô. E foi neste momento que a vida do jovem judoca deu uma virada.
"Rolou esse acidente de percurso na minha vida. Eu me alistei no Exército para lutar judô e deveria ter caído na tropa, para servir como soldado, recruta. Mas eu fui bem na prova e fui para o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), para ser oficial da reserva. Resumindo, eu teria que entrar no quartel de São Vicente, onde eu estava, para ser transferido para o quartel da Urca, no Rio de Janeiro, onde fica a seleção de judô do Exército", disse Da Cunha.
"Após entrar eu liguei para o coronel que cuidava disso e disse que estava pronto para me transferir. Ele pediu meus dados e quando falei que estava no CPOR ele simplesmente falou que não tinha o que fazer, me desejou boa sorte e desligou o telefone", completou o hoje delegado.
Da Cunha ficou sem chão. "Eu já estava na seleção brasileira, eu entrei no Exército para ser soldado-atleta. Não ia cortar mato, nada disso. Minha obrigação era treinar e dar resultado no judô. Mas tive esse acidente de percurso. Fiquei preso no quartel e não consegui voltar para o judô", explicou.
Mudança de perspectiva
A nova realidade foi um baque. Da Cunha sempre achou que havia nascido para lutar judô, mas de uma hora para outra se viu em uma nova e desconhecida empreitada. Mas uma conversa com um amigo mudou totalmente sua perspectiva.
"Eu estava muito triste, mas um amigo do Exército veio falar comigo. Ele abriu meus olhos e disse que se eu fosse o primeiro da turma viraria tenente e teria um bom salário. Quando ele me falou que começava com R$ 7 mil eu fiquei maluco. Me passou uns livros e eu devorei. Passei em primeiro em todas as provas e as coisas mudaram", lembrou.
Volta ao judô de alto rendimento com 43 anos
Após entrar no Exército com 18 anos, Da Cunha sempre alimentava o sonho de voltar a lutar judô. Porém, a vida dificultou que esse desejo se tornasse realidade. Com 21 anos, decidiu cursar direito, onde conheceu a carreira de delegado. Estudou, fez prova e deu início a uma nova trajetória.
Apenas aos 43 anos ele voltou a lutar em alto rendimento. "No fim de janeiro eu voltei. Era algo que sempre quis fazer, mas nunca consegui conciliar. Faculdade, pai com 25 anos, depois veio o segundo filho... sempre dizia que voltaria ano que vem. Estou com 43 e só agora consegui", se lembra emocionado.
"Eu vou tentar se campeão mundial de judô de master, na minha categoria: de 40 a 45 anos até 90 quilos. Se conseguir uma medalha já tá bom, mas eu quero realmente ser campeão. Vamos tentar. Era um buraco no meu coração, sabe? Eu tenho que fazer isso, eu quero lutar, quero dar porrada nos caras. Polícia é o meu trabalho, mas o que eu amo fazer é lutar judô", finalizou.
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