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Atleta perde chance de ir à Olimpíada por detalhe na jaqueta; entenda

Atleta Zalan Pekler, da Hungria, durante competição de tiro esportivo em 2021 - Reprodução/Instagram
Atleta Zalan Pekler, da Hungria, durante competição de tiro esportivo em 2021 Imagem: Reprodução/Instagram

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

02/06/2021 04h00

O último sábado (29) foi de enorme frustração para Zalán Pekler, um atleta húngaro do tiro esportivo que fazia sua última tentativa de se classificar para a Olimpíada deste ano. Ele foi muito bem em uma classificatória, chegou à final e estava a um passo da vaga olímpica, mas acabou perdendo a chance de ir a Tóquio por causa da espessura de sua jaqueta.

Tudo aconteceu na cidade de Osijek, na Croácia, durante uma etapa do Campeonato Europeu de tiro esportivo. Pekler fez a quarta melhor pontuação na classificatória e foi para a final com mais sete atletas. Dos oito finalistas, seis já tinham lugar na Olimpíada, então a vaga em Tóquio estava entre Pekler e o lituano Karolis Girulis. Só que aí a irregularidade na jaqueta eliminou o húngaro, que era o favorito e tinha feito a quarta melhor pontuação na fase anterior.

As vestimentas de Pekler e dos demais competidores passaram por uma inspeção antes da final, que é de praxe nas competições de tiro esportivo. Como a roupa serve para absorver movimentos mínimos do corpo e, assim, facilitar o tiro, precisa ter no máximo 2,5 mm de espessura. A Confederação Europeia de Tiro desclassificou Zalán Pekler, alegando irregularidade neste item, mas não informou a espessura da roupa que o atleta usava na competição. O lituano Girulis herdou a vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

"Como era uma jaqueta relativamente nova, eu verifiquei duas vezes na sexta-feira e tudo parecia normal. É terrível que seja assim que minha competição acabe", lamentou Pekler ao jornal húngaro Blikk.

O húngaro compete na categoria carabina 3 posições 50 metros, que não terá representantes brasileiros em Tóquio. Felipe Wu, que foi medalha de prata na Rio-2016, estará em mais uma Olimpíada na pistola de ar 10 m e tem chances reais de conquistar uma nova medalha para o Brasil.

Companheiro de equipe já foi sabotado

Além da desclassificação de Pekler, o time húngaro de tiro esportivo vive momento delicado após um escândalo estourar neste mês. Ao que tudo indica, um dos integrantes foi vítima de uma sabotagem feita por um companheiro de equipe.

Péter Sidi foi acusado de colocar substâncias proibidas no quarto de István Péni, que acabou testando positivo no exame de doping. Sidi foi filmado entrando no cômodo, mas nega ter sabotado o companheiro. Em seu depoimento, ele alegou ter sido enganado por Péni, que teria bolado um estratagema para fazê-lo entrar no quarto vazio, propositalmente. Durante a investigação descobriu-se que apenas uma caixa de vitaminas usadas por Péni —a única que estava aberta na ocasião —continha furosemida, substância proibida pela Agência Mundial Antidoping (Wada).

Péni caiu no doping em março, mas foi julgado inocente e vítima de sabotagem, por isso já voltou a competir. Ele foi campeão europeu na categoria carabina de ar 10m na semana passada.

Os dois atletas já não tinham uma relação muito boa desde a Copa do Mundo de Tiro, sediada pela Índia em março de 2020. Na ocasião, a seleção húngara desistiu da final porque István Péni e Zalán Pekler se recusaram a competir com Péter Sidi, alegando que o companheiro fazia uso irregular do bipé para apoiar a arma. Os inspetores técnicos da Federação Internacional, porém, entenderam que o equipamento não era ilegal.