Paulo Antunes vive 'cobertura solitária' nas finais da NBA: 'É um desafio'
Depois da bolha em Orlando e do calendário apertado, a NBA agora tem até público nas finais entre Phoenix Suns e Milwaukee Bucks, mas a pandemia ainda tem impacto direto nos bastidores destes playoffs. Em conversa com o UOL Esporte, o jornalista Paulo Antunes, dos canais ESPN, fala sobre a dificuldade de estar sozinho nos Estados Unidos e a expectativa por uma série equilibrada nesta decisão.
Diferentemente de outras coberturas in loco que já fez pelo canal, desta vez Paulo Antunes está sozinho nos Estados Unidos, onde ele mora. A produção da ESPN dá o suporte à distância, do Brasil, porque a pandemia impossibilitou viagens - atualmente, brasileiros só podem entrar no país da NBA se antes fizerem escala obrigatória de 15 dias em outro país.
O papo com Antunes aconteceu horas antes do jogo 2, na quinta-feira (8), quando os Suns abriram 2 a 0 e ficaram a duas vitórias do que pode ser o primeiro título da história da franquia. Os times agora se enfrentam duas vezes em Milwaukee, a começar pelo terceiro jogo às 21 horas (de Brasília) de hoje (11).
Confira a entrevista abaixo
UOL Esporte: Esta cobertura tem sido diferente das que você já fez nos EUA. Pode dar alguns exemplos de como a pandemia tem influenciado no trabalho?
Paulo Antunes: A pandemia tem tido um efeito, sim, aqui na cobertura. É um desafio. Gosto bastante das entrevistas [coletivas], mas a gente não está podendo nem entrar na sala de imprensa. A NBA escolheu apenas alguns jornalistas para participar de lá de dentro, e os demais ficam por videochamada. Isso afeta porque seria importante marcar presença nessas coletivas.
Nas entrevistas depois dos treinos, por exemplo, antes todo o mundo ficava na quadra, todos os atletas disponíveis, e era só chegar e perguntar. Agora são só dois ou três jogadores que ficam na beira da quadra, e um jornalista fazendo as perguntas com distanciamento. É diferente porque não temos a mesma proximidade; é uma pegada realmente diferente. E também desta vez eu estou aqui sozinho, não com a equipe completa da ESPN.
UOL: Quase ninguém esperava esta final entre Suns e Bucks. Em qual medida as lesões prejudicaram estes playoffs?
P.A.: As lesões têm prejudicado, sim, um pouco do espetáculo destes playoffs. E o Phoenix Suns acabou até sendo bem favorecido: o Anthony Davis se machucou, e o LeBron James estava baleado [na primeira rodada]; depois o Jamal Murray não jogou com o Denver Nuggets; e na final do Oeste o Kawhi Leonard não jogou. No Leste, Trae Young e Giannis, então prejudicou um pouco, sim.
UOL: Da parte da NBA, dá para imaginar mudanças de calendário para evitar o mesmo problema na temporada que vem?
P.A.: O Chris Paul [presidente da associação de jogadores] até falou sobre isso, que antes de a temporada começar houve uma conversa com a liga, e os jogadores concordaram em jogar. É óbvio que aqueles pouco mais de dois meses entre o final da última temporada e o começo desta foi pouco, mas isso não vai acontecer mais. Aconteceu por causa da pandemia, mas está tudo voltando à normalidade. A tendência é a próxima temporada ser mais regular. As finais estão acontecendo com um mês de atraso, em julho, não junho, então talvez já prejudique um pouquinho, mas acho que já será bem melhor.
UOL: Você vê equilíbrio nestas finais ou o Phoenix Suns tem mais alternativas ofensivas?
P.A.: Vejo equilíbrio na série. São duas das melhores equipes da NBA defendendo. Prefiro um pouco mais o treinador Monty Williams [do Phoenix] do que o Budenholzer [do Milwaukee], então vamos ver se isso terá algum peso. Agora, o Phoenix Suns tem jogado muito bem, usado o corta-luz com muita eficiência na pós-temporada inteira; DeAndre Ayton está jogando um bolão, além do Chris Paul e do Devin Booker. Dou o favoritismo para os Suns, mas é uma série que pode ser bem competitiva, porque Milwaukee vem se mostrando um time resiliente nestes playoffs, fazendo os ajustes certos.
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