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Presidente da CBSk vê Kelvin Hoefler 'mirando nas pessoas erradas'

Brasileiro Kelvin Hoefler exibe medalha de prata do skate street masculino - Jeff PACHOUD / AFP
Brasileiro Kelvin Hoefler exibe medalha de prata do skate street masculino Imagem: Jeff PACHOUD / AFP

Eder Traskini

Do UOL, em Santos (SP)

13/08/2021 04h00

O caso Kelvin Hoefler segue repercutindo no mundo do skate. Medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio-2020, o skatista entrou em rota de colisão com a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) ainda no Japão, principalmente após vídeo de Letícia Bufoni — que também esteve com a seleção de skate na competição. Eduardo Musa, presidente da CBSk, lamenta tamanha repercussão do conflito e vê Kelvin "mirando nas pessoas erradas".

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Musa afirmou que o próprio mundo do skate vem dando atenção demais à intriga, quando deveria estar comemorando o momento vivido pela modalidade.

"Eu lamento muito que nesse momento importante do skate a gente esteja falando sobre isso. Preciso deixar registrado isso. É impressionante como perde-se tempo falando disso, e eu não estou falando da imprensa, mas como o mundo do skate está perdendo tempo falando dessa situação, quando deveríamos estar comemorando e visando o futuro e o momento que é maravilhoso do skate brasileiro", disse.

Ele deu sua versão dos fatos, lamentou a postura do skatista e revelou conversas entre ele e Kelvin antes da competição. Para Duda Musa, como é conhecido o presidente, tudo parecia estar bem.

"Tivemos um relacionamento super cordial durante a Olimpíada, conversei com ele quase todos os dias. Tive uma conversa muita boa dois dias antes. Eu e ele ficamos em uma sala trancados por uma hora. Não foi programado, mas aconteceu e conversamos. Eu fui bem claro que não estava ali para lavar a roupa suja, que o objetivo era dar tranquilidade para ele desempenhar o papel dele nas Olimpíadas e que depois a gente conversasse. Foi uma conversa em alto nível. Depois da competição, especificamente entre a semifinal e a final das meninas, a gente se encontrou no corredor e ficamos mais uns 40 minutos conversando. Estava tranquilo", afirmou.

O "racha" na família do skate foi escancarado por Letícia Bufoni após Kelvin garantir a medalha de prata. A companheira de seleção não parabenizou Kelvin pela conquista e afirmou que não o fez por que o skatista tinha se afastado do restante da delegação por "não gostar de estar com eles".

Questionado sobre o afastamento, o medalhista chegou a afirmar que não havia gostado do fato de sua esposa, que é sua técnica, não ter sido liberada para viajar. Duda Musa foi perguntado sobre o assunto e confirmou que Kelvin não tinha gostado da justificativa dada pela CBSk para não levar a esposa a Tóquio.

Ao UOL Esporte, Duda Musa explicou que o limitado número de credenciais em decorrência da covid-19, apenas quatro para seis atletas, dificultou. A CBSk possui um técnico para a seleção, mas não proíbe que cada atleta tenha o seu próprio treinador. Em Tóquio, porém, o problema foi a limitação. "Mesmo que eu tivesse seis [credenciais], quem iria ser o fisioterapeuta, quem iria organizar os exames de covid, quem iria organizar a logística? Então, não é simples conta matemática, 'ah, tem seis, então põe cada um com seu técnico', não."

Após a conversa entre as duas partes, um novo estopim se deu para o conflito entre Kelvin e a CBSk, como Duda recordou.

"Quando ele viu minha entrevista, ele disse que eu menti porque eu falei que era pela esposa dele [o motivo do afastamento] e que tinha muito mais problemas entre a gente do que a questão da esposa. Eu falei: 'Kelvin, eu repeti o que você disse na imprensa'. 'Eu nunca falei isso' [ele respondeu]. E aí eu mandei a matéria para ele. Falei: 'Kelvin, eu não tenho interesse nenhum em bater boca publicamente com você. Temos diferenças de opinião, sim, só que é o seguinte: eu repeti aquilo que você falou', e ele continuou dizendo que isso é mentira", contou e continuou:

"Ele disse que foi proibido de ter acesso ao fisioterapeuta da seleção. Um dia depois das Olimpíadas, ele faz um post de agradecimento ao fisioterapeuta da seleção. Então, assim, são contradições que eu prefiro até ficar quieto. Eu só estou falando de fatos que estão na mídia, não estou falando de coisas internas e não vou falar. Poderia colocar N outros pontos, mas até prefiro [não falar] para preservar a imagem dele no momento. Que ele aproveite o tempo comemorando a medalha dele, esse momento maravilhoso. Só que ele tá mirando nas pessoas erradas, na confederação errada e na pessoa errada que sou eu. Ele tá mirando em pessoas que ajudaram ele nesses três anos."

Além de Kelvin, Rayssa Leal e Pedro Barros também conquistaram medalhas de prata em Tóquio-2020. O Brasil só não subiu ao pódio em uma das competições da modalidade: o park feminino.