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Cigano lamenta saída do UFC: "Não existem regras e proteções aos atletas"

Junior Cigano, durante pesagem para o UFC 252 - Handout/Zuffa/LLC via Getty Images
Junior Cigano, durante pesagem para o UFC 252 Imagem: Handout/Zuffa/LLC via Getty Images

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/11/2021 04h00

O lutador brasileiro Júnior Cigano anunciou, na última quarta-feira (3), que assinou um contrato com a S-Jam Boxing, promotora de lutas de boxe, e que seu objetivo é ser campeão do mundo no esporte. Antes da nova trajetória, o veterano de 37 anos trilhou uma bela caminhada no UFC — foram mais de 12 anos na principal organização de MMA do mundo, onde ele se tornou campeão da categoria peso pesado (até 120,2 kg).

Apesar da bela trajetória dentro do UFC, a reta final do 'casamento' entre os dois não foi como nenhum deles esperava. O ex-campeão perdeu suas últimas quatro lutas na organização por nocaute técnico, contra Francis Ngannou (o atual campeão), Curtis Blaydes, Jairzinho Rozenstruik e Ciryl Gane. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Cigano revelou que lamenta a forma "bem triste" na qual ele saiu do UFC.

Cigano - Chris Unger/Zuffa LLC - Chris Unger/Zuffa LLC
Júnior Cigano foi nocauteado por Jairzinho Rozenstruik no UFC 252
Imagem: Chris Unger/Zuffa LLC

"Vendo tudo isso que aconteceu [as últimas derrotas], foi uma forma bem triste de eu me desligar da organização, não era nunca o que eu imaginava para mim. Nós lutamos muito, há muito tempo, porque nós amamos o esporte, não existem regras e proteções aos atletas, é um show, um entretenimento", disse o lutador.

"Não tenho mágoa nenhuma. Fiquei triste sim, mas ninguém fica feliz perdendo. O que ficou de tudo isso é o que já sabíamos, eles são homem de negócios e entenderam que para o bem do negócio deles eu não acrescentaria muita coisa, que seja assim", completou.

Antes de Cigano, Anderson Silva e Vitor Belfort — ambos ex-UFC's — também já haviam migrado para o boxe. Neste ano, o Spider venceu Julio César Chávez Jr. por decisão dividida e nocauteou Tito Ortiz, outro nome que lutava no UFC. Já Belfort, nocauteou o ex-lutador e ex-campeão mundial peso-pesado Evander Holyfield.

De acordo com Júnior Cigano, essa "migração" de lutadores do MMA para o boxe é por conta da modalidade olímpica ser menos desgastante e proteger mais o corpo do atleta.

"O próprio Anderson [Silva] falou isso, que ele está com 46 anos, mas que no mundo do boxe ele consegue lutar mais uns 3-4 anos. Por que você só segue uma linha, não tem a complicação do MMA, o MMA é muito duro não é para qualquer um e só 'superatletas' que fazem esse esporte, você precisa . É muito desgastante, eu me lesionava bastante. O boxe além de simplificar a preparação, protege mais o nosso físico", afirmou.

"Quando eu lutava no UFC, eu precisava fazer um pouco de tudo, um pouco de Wrestling, jiu-jitsu, muay thai, boxing e preparação física. Só seguindo essa linha que falei, são 5 modalidades diferentes que você precisa dividir o seu treinamento na semana entre elas. É muito difícil, muito pesado", acrescentou.

Cigano reconhece que ver Anderson Silva e Belfort no ringue o incentivaram a fazer essa mudança, mas ele reafirmou que não quer ser um atleta que está no boxe para fazer "superlutas" contra atletas aposentados ou youtubers por causa do dinheiro. Seu objetivo é ser campeão mundial.

"O Anderson e o Belfort estão fazendo lutas com lutadores aposentados e youtubers, pode acontecer, mas eu não quero seguir essa linha. Tudo que eu faço, eu dou 100% de mim, então a minha intenção dentro do boxe é me tornar campeão. Eu sei que é difícil, o pessoal tem todo direito de duvidar, e eu tenho todo direito de acreditar e trabalhar duro para fazer isso acontecer, mas estou entrando nesse mundo de cabeça para ser campeão", concluiu.