Maurício diz que caso de Superman 'passou do limite' e cita goleiro Bruno
O central Maurício Souza, demitido no mês passado pelo Minas Tênis Clube após a polêmica envolvendo a bissexualidade do Superman, disse que a consequência em torno do caso "passou do limite".
Em entrevista ao "ConservaTalk", canal direcionado a conservadores no YouTube, nesta segunda-feira (22), o jogador de vôlei falou ainda que se surpreendeu com a repercussão de seus comentários, considerados homofóbicos por uma série de atletas, empresas e celebridades —ele rechaçou o fato de o atual super-herói ser anunciado como bissexual pela DC Comics.
"Nunca imaginei que isso poderia acontecer, sempre defendi as cores que eu acreditava. O que aconteceu foi que eu vi aquele quadrinho, imaginei que meus filhos pudessem assistir àquilo e não gostei. Só dei minha opinião sobre aquilo. Acho que passou do limite isso de querer impor na sociedade uma coisa dessas."
"Me prejudiquei? Prejudiquei. Mas imagina se fosse um cidadão comum, que não tivesse estrutura, fosse assalariado... imagina a vida da pessoa? Estaria destruída. Hoje, graças a Deus, em 17 anos de vôlei pude construir uma carreira legal. Acima disso estão meus princípios e valores. Se for para pagar o preço de perder meu emprego, que seja, infelizmente", prosseguiu ele ao canal.
Dificuldade para encontrar novo time
O atleta comparou sua situação atual à vivida pelo goleiro Bruno, ex-Flamengo, condenado por feminicídio pela morte de Eliza Samudio e que, desde que saiu da prisão, joga por equipes de pouca expressão no cenário do futebol brasileiro.
Ele ainda não descartou uma aposentadoria do esporte ao falar que sua carreira está "manchada".
"No futuro, vai ser difícil um time querer me contratar por tudo que aconteceu. Pela minha opinião, é capaz de eu me comparar ao goleiro Bruno, que foi do Flamengo, que cometeu aquela tragédia, entendeu? É mais ou menos o mesmo resultado final. Todo mundo vai apoiar o Maurício, mas vão falar: 'pera aí, é perigoso'. Então isso vai me prejudicar, obviamente já me prejudicou. Vai ser difícil. Manchou a minha carreira, talvez eu não jogue mais voleibol", disse.
Por fim, Maurício mandou um recado aos "conservadores" e, mais uma vez, disparou contra o que classificou como "imposição".
"Que isso sirva de exemplo para todos: hoje aconteceu comigo, mas amanhã pode acontecer com você. A partir do que aconteceu comigo, o nosso dever, dos conservadores, é lutar contra isso a partir de hoje, é nossa missão. Lutar contra esse cancelamento, esse tipo de imposição na sociedade, afinal de contas nós somos a maioria."
Entenda o caso
Em outubro, Maurício Souza criticou a revelação de que o atual Superman, Joe Kent, é bissexual: "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar".
Douglas Souza, companheiro de Maurício na seleção brasileira, rebateu a publicação. "Engraçado que eu não 'virei heterossexual' vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade para sua heterossexualidade frágil. Vai ter beijo sim. Obrigado DC por pensar em representar todos nós e não só uma parte".
A "tréplica" de Maurício veio alguns minutos depois: "Para cima de mim não! Aqui é frágil igual esticador de canto de cerca!", escreveu ele em uma foto com a seguinte frase: "Hoje em dia o certo é errado e o errado é certo. Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo. Fico com minhas crenças, valores e ideais."
Após pressão de patrocinadores e críticas de outros esportistas e celebridades, o Minas Tênis Clube, equipe em que o central atuava, anunciou a saída do jogador.
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