Bela Nalu: a promessa do surfe brasileiro que já nasceu famosa
Isabelle Nalu, de apenas 14 anos, é, ao lado de Sophia Medina, 16, a maior promessa do surfe feminino brasileiro. Mas apesar de ainda engatinharem na carreira de surfista, os dois nomes não são desconhecidos para o público em geral. Enquanto a segunda segue os passos do irmão, o tricampeão mundial Gabriel Medina, a primeira se acostumou com a fama e as câmeras desde que nasceu —ou praticamente isso.
Bela, ou Belinha, como ficou mais conhecida, tinha apenas dois anos quando o reality show "Nalu pelo Mundo" foi ao ar na TV paga pela primeira vez, em 2009. A série fez sucesso e ganhou programas paralelos ("Nalu Pelo Mundo de Bike" e "Zay e Nalu Pelo Mundo"), mas segue com o mesmo foco: registrar a busca por altas ondas e o estilo de vida aventureiro da família formada pelo casal 'Pato' Teixeira e Fabiana e por seus filhos, Nalu e Zay —hoje com 2 anos.
Aos 14 anos, Bela continua nos holofotes, mas agora o motivo tem sido outro: suas habilidades em cima da prancha. Recentemente, ela venceu as duas categorias (sub-14 e sub-16) do Rip Curl Grom Search, torneio tradicional por revelar jovens talentos do surfe brasileiro e que, nesta edição, tornou-se o primeiro campeonato do país em ondas artificiais de alta performance. Na final do sub-16, uma vitória justamente sobre Sophia, sua amiga.
"Eu nasci basicamente na frente das câmeras, então, eu não sei como é ter uma vida normal [risos]. Pra mim, esse é o meu normal. Mas, às vezes, eu sinto vontade de ter uma vida que nem uma adolescente normal. Mas, obviamente, também gosto de viajar pelo mundo e filmar. Eu sei que tem muitas pessoas que queriam ter a vida que eu tenho, então, sou sempre muito grata", conta Bela em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
"Mas, às vezes, quando estou aqui no Brasil, principalmente, onde tem todos meus amigos e amigas, sinto um pouco de vontade de ter uma vida assim, normal", acrescenta.
O pai Everaldo "Pato" Teixeira, referência mundial no surfe de ondas grandes, dá a sua versão: "Ter um programa de TV não foi a minha escolha, foi algo que aconteceu. Nós filmamos a nossa vida, e basicamente era a vida dela. E ela percebeu agora: 'caramba, essa vida que eu vivo é conhecida por todas'. Faz pouco tempo que ela percebeu isso. 'Essa vida que eu vivo todo mundo já sabia'. Ela não imaginava que as pessoas sabiam da vida dela, e agora ela está percebendo...".
O Grom Search, aliás, marcou a primeira viagem solo de Bela. Ela deixou a Indonésia para competir na Praia da Grama, em Itupeva, cidade do interior de São Paulo. E confirmou: já pode voar sozinha.
"Você mexe com muitas emoções. Nós estávamos distantes, do outro lado do mundo, ela viajando pela primeira vez sozinha, fazendo algo que ama, com competência, e sozinha, no meio de um monte de competidoras, e ela ali, vencendo... A vitória como surfista é encantadora, mas, para mim, foi mais legal a vitória pessoal dela. 'Minha filha pode voar sozinha, é capaz, não precisa de mim. Já dei educação suficiente para que ela voe'. Para quem é pai, é o que você tem de melhor", diz Everaldo Teixeira, hoje com 47 anos.
"Fiz minha primeira viagem sozinha, para competir o Grom Search, e nunca tinha ficado mais de cinco dias longe deles. Acho que fiquei um mês longe deles... [Foi] Uma nova etapa da minha vida, e meio que uma evolução para mim como pessoa. Eu consegui me virar, foi uma experiência bem legal", conta Belinha, que já voltou a morar junto dos pais.
Livre pra voar
O DNA falou mais alto na hora de Bela escolher o que quer para a vida, ao menos por enquanto. O amor pelo surfe, aliás, demorou um pouco para se firmar, e alternativas de "qual carreira seguir" não faltaram para a menina que passou a rodar o mundo desde que veio a ele.
"Sempre fui um pai que deixei e continuo deixando isso extremamente aberto para o seu querer. Mostrei a ela tudo que podia: ginástica olímpica, dança, piano, violão, ukulelê, skate, basquete, vôlei, natação... Apresentei a ela tudo que tinha, e ela nem era tão encanada com surfe. O filho de um amigo meu estava bem fissurado por surfe, e é o melhor amigo dela. Aí eles começaram a surfar todo dia, ela gostou, veio para o Brasil, competiu, gostou e não parou mais", revela Pato.
O título catarinense sub-12 acabou mudando a chave de Bela para o "modo competição". Hoje, ela crava: o sonho é fazer parte da elite e, quem sabe, também representar o Brasil nas Olimpíadas.
"Sempre surfei desde bebezinha. Acho que, a primeira vez que fiquei em pé numa prancha foi com dois anos. Mas eu não gostava tanto de surfar até uns 10 anos. Mas aí, com uns 10, 11, comecei a gostar mesmo de estar nesse ambiente. Com 11 para 12 vim para o Brasil e comecei a competir e ganhar vários campeonatos. Fui campeã catarinense sub-12 na época e aí realmente falei: 'Eu amo competir, eu quero isso'. Daí em diante treinamos, viajamos para vários lugares para minha evolução e agora estou surfando, treinando e competindo", diz.
"Amo competir, ainda mais depois desse ano, que foi bem importante para mim. Agora estou focada, treinando todos os dias com treinadores e meu pai, e quero seguir nesse caminho de competidora mesmo. E, algum dia, tomara que eu entre para o WSL, que é meu sonho, e um dia ser campeã mundial", acrescenta.
A gente tem as Olimpíadas em mente. Mais importante do que se tornar uma surfista profissional e entrar no WSL é, realmente, correr as Olimpíadas, que é um sonho para qualquer um que quer se tornar profissional na área que quer. E, nossa, seria muito legal representar o Brasil nas Olimpíadas, no maior evento de esporte do mundo da história! Eu realmente quero, mas isso está mais pra frente. Agora quero treinar e focar na minha evolução e nos campeonatos de agora.
Mais trechos das entrevistas
Desde que ela tinha nove meses já estava na minha prancha, assim como fiz com o Zay. O meu grande objetivo para os meus filhos sempre foi conseguir mostrar a eles o lifestyle que a mãe dele e eu vivemos, e que é o mesmo de milhares de pessoas por aí, que gostam de viajar. (Pato Teixeira)
Eu nasci e fui criada, basicamente, em volta de onda boa. Raramente eu fiquei no Brasil, acho que só um ano na minha vida inteira, e sempre via onda boa, na Indonésia, no Havaí... Já passou pela minha cabeça me tornar freesurfer, até porque, quando você quer virar competidor, tem que surfar muita onda ruim por causa dos campeonatos, e fazer bateria, treinar forte, focar mesmo... Freesurfer é um pouco mais fácil, mas quero seguir mesmo no caminho de competir. (Bela Nalu)
Eu fui alfabetizada na escola de Sunset, no Havaí. É muito legal, bem na frente da praia, com todo mundo do surfe... Todo mundo que saiu daquela escola surfa, e vários viraram surfistas... O John John [Florence] estudou nessa escola também. Eu passei por muitas escolas: Brasil, Chile, Indonésia... Muitas! (Bela Nalu)
Eu e a Sophia [Medina] somos bem amigas, a gente sempre conversa. Ela é super legal, uma menina muito legal e eu adoro ela. Ela está sempre puxando meu nível e de todas as meninas. (Bela Nalu)
Ela quer ser reconhecida como atleta e não personalidade, e aí fui bem claro: 'É só você fazer o seu trabalho. As pessoas vão lembrar de você daquela menininha que todo mundo que sempre gostou, mas vão lembrar de você pelo que você faz, no seu dia a dia. (Pato Teixeira)
Sempre tem aquela pressão de saber que tem muita gente contando com a gente, torcendo para gente, mas acho que estamos no caminho certo, fazendo o que a gente gosta, e sempre tentando fortalecer o psicológico e o físico. Tem muitas meninas que estão surfando muito bem, então vai ter uma nova geração super legal por aí ! (Bela Nalu)
A Bela tem esse estigma de competição, que é diferente de mim. Ela se supera competindo, e eu nunca tive esse barato. (Pato Teixeira)
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