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King Richard: a história da insistência que levou as irmãs Williams ao topo

Will Smith em cena de "King Richard: Criando Campeãs" - Reprodução/Instagram
Will Smith em cena de 'King Richard: Criando Campeãs' Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

19/12/2021 04h00

Richard Williams foi um pai ambicioso ao projetar que suas duas filhas fariam história no tênis. Sua família era a única negra nas quadras amadoras; Venus e Serena eram as únicas que não treinavam em clubes particulares. E, ainda assim, tornaram-se duas das maiores jogadoras do tênis mundial.

A história de ambição e insistência do pai das tenistas é contada no longa 'King Richard: Criando Campeãs', estrelado por Will Smith. Além de narrar o início da história de sucesso de Venus e Serena, o longa promete trilhar o próprio caminho dourado nas premiações: está entre os indicados às principais categorias do Globo de Ouro e é projetado como um dos principais indicados ao Oscar.

O plano dos Williams

Como conta o filme, o desejo de Richard por fazer das filhas estrelas no esporte começou antes mesmo de Serena e Venus nascerem. Mesmo sem grandes formações técnicas, o pai desenvolveu um plano de carreira —que envolvia treinos de tênis, de mídia e desenvolvimento escolar— para as filhas enquanto a esposa Oracene ainda estava grávida.

Richard moldou, inclusive, o modo como o técnico Rick Macci treinava as filhas quando decidiu tirá-las dos torneios juvenis e só permitir que jogassem quando atingissem o nível profissional. "Foi preciso ter personalidade, mas eu estava em uma missão. O custo não importava. As meninas eram fortes porque Richard e Oracene as prepararam para como o mundo iria reagir e responder", contou Macci ao jornal The Guardian.

Mais do que o sucesso nas quadras, o patriarca queria que as filhas servissem de espelho para outras meninas negras e mostrassem que, apesar de viverem em um mundo que as desfavorece, devem provar seu valor.

"Venus e Serena nunca tiveram outra escolha senão serem fortes. A segurança vem do conhecimento. Conhecimento é poder. Poder é a habilidade de vencer", escreveu Williams em sua biografia "Black and White".

E as irmãs tiveram a habilidade de vencer

Venus tornou-se a primeira tenista negra a vencer em Wimbledon na era moderna, além de ter sete títulos de Grand Slams individuais, 16 por duplas, e quatro medalhas olímpicas. Serena, por sua vez, tem 23 títulos individuais e 14 por duplas e é considerada por muitos a melhor jogadora da história.

Fora das quadras, as irmãs construíram um império: investiram em mais de 50 empresas, assinaram contratos milionários com marcas esportivas —como a Nike e a Reebok—, e fundaram as próprias marcas de roupas e joias, como a S by Serena e Serena Williams Jewelry.

Em 2014, Serena lançou a Serena Ventures, empresa voltada para o financiamento de projetos criativos de pessoas negras e grupos sub-representados. Venus e Serena também são coprodutoras de "King Richard".

Em 2016, as irmãs retornaram a Compton, comunidade carente em que nasceram, na Califórnia, e fundaram um centro comunitário. O projeto The Yetunde Price Resource Center foi criado para dar suporte às famílias vítimas da violência urbana em homenagem à irmã mais velha, Tunde, que morreu assassinada em 2003.

Indo além do ponto de vista da meritocracia, a história dos Williams mostra que é preciso unir a insistência às oportunidades. Rick Macci financiou os anos da família na Flórida até que Venus assinasse o primeiro contrato em 1995, Paul Cohen aceitou treinar as irmãs sem custos ainda na Califórnia, e Richard insistiu em colocar duas mulheres negras no topo de um esporte elitizado.

"A criatura mais forte, mais poderosa e mais perigosa do mundo em toda a Terra é uma mulher que sabe o que quer. Não existe nada que ela não possa fazer", avisa Richard no longa.