Promessa do atletismo treina no Quênia para Brasil ganhar a São Silvestre
O brasileiro Daniel Nascimento, de 23 anos, é a principal promessa brasileira para a corrida de São Silvestre, que acontecerá na sexta-feira (31). Na última edição do evento, em 2019, o jovem de Paraguaçu Paulista fez a melhor marca entre os conterrâneos: terminou a prova em 11° lugar.
Agora ele quer acabar com um tabu. Desde de a vitória de Marílson Gomes dos Santos em 2010 um brasileiro não ganha a principal corrida de rua de São Paulo. A largada acontece às 7h40 para as mulheres e 8h05 para os homens.
Destaque da base do atletismo nacional, o jovem corredor decidiu treinar no berço da corrida mundial, o Quênia. Daniel se mudou para o país africano no primeiro semestre de 2021. O resultado da mudança, ele conta, é significativo: "Decidi treinar por lá para aprender o necessário para que o Brasil volte a ser campeão de uma São Silvestre", afirmou, em entrevista coletiva realizada na manhã de hoje.
Com a mudança, o atleta passou a competir na Europa contra corredores cujos índices eram bastante altos. "Foi muito difícil, porque estava acostumado a chegar em primeiro entre os sul-americanos. Passei a chegar em vigésimo lá. Tudo é uma questão de tempo. Além do físico, treinar no Quênia me ajudou muito psicologicamente. Me sinto preparado em todos os sentidos para essa prova".
Daniel se destacou nas categorias de base como a jovem promessa do atletismo. Aos 16 anos, já corria em uma categoria acima. "É muito importante ter uma base forte, porque não se começa a construir uma casa pelo telhado. O Brasil é o país país do futebol, então o atletismo fica um pouco de lado. Na base, tem muitas mudanças também. É preciso ter pessoas fixas que acompanhem o desenvolvimento dos atletas por completo. Muda muito".
O corredor é casado com a brasileira Grazieli Zarry, que também é maratonista. Os dois se conheceram em competições em 2013, e se tornaram bons amigos. A amizade permanece, mas, agora, decidiram levar o companheirismo também ao amor. Grazieli ficou no Brasil, mas os planos de Daniel é levá-la para o Quênia com ele.
"Primeiro, porque ela tem muito potencial, e pode aprender bastante lá. Segundo, porque dá muita saudade", ri.
Primeiro entre os brasileiros
Daniel abandonou o atletismo em 2018, após sofrer uma lesão no tendão de Aquiles. A decisão, entretanto, não demorou a ser revertida. Em 2019, quando fez a melhor marca entre brasileiros na São Silvestre, Daniel havia acabado de voltar a treinar.
"Fazia seis meses que eu tinha retomado os treinos, então o resultado foi surpreendente, eu não esperava. Por isso estou otimista em relação à prova de amanhã", diz.
Foram dois anos de treino —a prova não aconteceu em 2020 devido à pandemia de coronavírus, o que, para o atleta, foi importante para aperfeiçoar as estratégias de corrida.
Ser o principal nome da maratona brasileira não exerce muita pressão sobre Daniel. A carga, ele diz, só o motiva cada vez mais a superar as próprias marcas. Em 2019, ele completou os 15 km em 43,32 minutos.
"Meu objetivo é diminuir esse tempo. A prova vai ser muito tática, vai depender do clima e da umidade. Espero me posicionar bem. Todos que entram ali querem vencer, então preciso fazer uma excelente prova. A parte final, da Brigadeiro, é difícil. Tenho que deixar perna para essa parte", brinca.
"Aprendi no Quênia que as bases do atletismo são alimentação, foco, distância e disciplina. E é isso que rege minha vida hoje."
O foco, entretanto, divide espaço com o próximo objetivo de Daniel: os Jogos Olímpicos de Paris-2024. "Este ano está sendo extraordinário para mim. Eu fiz o índice olímpico a dois meses dos Jogos. Fui para Tóquio e, depois, para a maratona de Valência. Saí do meu país para aprender com os melhores do mundo. Tenho uma meta, e não vou parar até conquistá-la".
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