Por que a onda de Pipeline, no Havaí, é considerada a mais letal do mundo
Palco da etapa que abre o Mundial de Surfe de 2022, Pipeline, no Havaí, carrega consigo o título de "onda mais letal do mundo", e não é à toa. Ao mesmo tempo em que oferece um dos tubos mais perfeitos e cristalinos do planeta, o pico localizado na costa norte da ilha de Oahu continua castigando quem se arrisca por lá e sofre alguma queda.
As ondulações em Pipeline chegam a quebrar com mais de 12 pés (4 metros) em águas rasas, logo acima de um recife de corais para lá de afiados. Portanto, um simples erro pode significar acidente grave; às vezes, até fatal.
Sites internacionais especializados em surfe falam em até 11 mortes já registradas no local desde o fim da década de 80. Deve-se levar em conta, porém, que o fato de ser uma das ondas mais frequentadas do mundo acaba elevando as estatísticas.
"Não vamos nunca esquecer que a onda de Pipeline é perigosa com qualquer tamanho", afirma Dave Wassel, guarda-vidas no Havaí e especialista em Pipeline, em entrevista ao site australiano Stab. "Para cada vida perdida, há dezenas de acidentes de quase morte que nunca alcançam o grande público. Os que acabam chegando são de atletas de primeira linha como Dusty Payne, Bede Durbidge, Owen Wright e Kalani Chapman", acrescenta.
Em um dos exemplos citados por Wassel, o australiano Owen Wright — derrotado pelo japonês Kanoa Igarashi na etapa atual — sofreu uma concussão grave e teve um pequeno sangramento no cérebro depois de tomar várias ondas na cabeça enquanto treinava para a prova do campeonato de 2015. O acidente fez com que o surfista perdesse a memória e ainda enfrentasse dificuldades para falar e até andar.
É comum, aliás, ver surfistas locais e experientes pegando onda em Pipeline com capacete. Eliminada nas oitavas de final da etapa atual, a havaiana Bettylou Sakura Johnson é uma das várias competidoras que não dispensam o uso do acessório (veja foto abaixo).
Acidente recente com havaiano
Nem é preciso ir longe para buscar exemplos de acidentes graves em Pipeline. Na sexta-feira passada, o havaiano Eli Hanneman, de 19 anos, perdeu o controle da prancha, tomou um caldo e foi arremessado para os corais.
O choque foi grande e causou várias lesões graves: perfuração do pâncreas, concussão, oito pontos na cabeça e seis no queixo, além de lacerações por toda parte do corpo. Apesar do susto, Hanneman se recupera bem.
Brasileiro já fraturou a vértebra
Em abril de 2020, o potiguar Thiago Limeira, bodyboarder residente no Havaí, viveu momentos de tensão em Pipeline depois de se chocar com a rasa bancada. Ele foi resgatado pela equipe de salva-vidas e precisou ser levado ao hospital, onde acabou submetido a uma complicada cirurgia para reconstruir e estabilizar a coluna vertebral.
Sem renda suficiente para bancar os procedimentos em meio à pandemia, Thiago Limeira contou com a ajuda de uma campanha online, criada por amigos e familiares, para arrecadar fundos para as despesas do tratamento.
Etapa volta hoje ou amanhã?
As previsões indicam um novo swell, com ondas acima de 10 pés (3 metros), entrando hoje (4) ou amanhã (5). A próxima chamada da etapa do Mundial acontece nesta sexta-feira, às 7h30 no Havaí, e 14h30 (de Brasília) no Brasil.
A categoria feminina já definiu as semifinalistas: a australiana Tyler Wright encara a havaiana Moana Jones Wong, enquanto a havaiana Carissa Moore, pentacampeã mundial, enfrenta a americana Lakey Peterson.
No masculino, três brasileiros ainda seguem na briga, sendo que dois deles se enfrentam nas quartas: Caio Ibelli x Samuel Pupo. Os outros confrontos são: Kanoa Igarashi (JPN) x Kelly Slater (EUA), Miguel Pupo (BRA) x Lucca Mesinas (PER), e John John Florence (HAV) x Seth Moniz (HAV).
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