Brasileiro passa perrengue em Nazaré após colete inflável explodir; assista
O colete inflável virou item indispensável para quem costuma se arriscar em ondas gigantes. Com ele, o surfista consegue acelerar o retorno à superfície depois de ser "engolido" pela enorme espuma branca no mar. No mês passado, porém, o brasileiro Marcelo Luna se viu em apuros durante um swell gigante em Nazaré, em Portugal, justamente por ficar sem colete.
Em 7 de janeiro de 2022, em um dia com estimativa de ondas entre 70 a 90 pés (entre 20 a 28 metros), Marcelo Luna pegou uma "montanha de água" e acabou sendo atropelado por ela na sequência. A força foi tanta que o colete inflável explodiu e fez com que o surfista entrasse em uma espécie de "máquina de lavar", encontrando dificuldades para subir à superfície. Foram mais três ondas na cabeça e quase três minutos de pura adrenalina.
"Acho que agora que estou em casa que consigo assimilar tudo que aconteceu. Na hora você não se dá conta ao certo do que aconteceu. Hoje que eu consigo olhar e entender: 'cara, eu fiquei ali sem colete'", conta o surfista em entrevista.
"Isso acaba virando um troféu", diz Luna, apontando para o equipamento destruído. "É um colete fantástico, o melhor do mundo. A questão não é o colete, é a força da onda. Estraçalhou, que nem papel. Tem vários pontos rasgados. Fora ele ter explodido, a onda o arrancou do meu corpo. Eu fiquei segurando numa mão e depois tirei da minha cabeça, só no braço", recorda.
"Eu não sabia o que fazia de fato, se largava o colete fora ou se segurava na esperança de que aquilo me ajudasse, de alguma forma, a tentar flutuar mais. Sem ele inflado, a água ficava me sugando para baixo o tempo todo", diz.
Mas Marcelo Luna estava preparado para o pior perrengue que pudesse vir pela frente. Além dos treinos físicos, ele se tornou um expert em apneia, ato voluntário ou involuntário de prender a respiração. A técnica é treinada pelas surfistas justamente para segurar mais a respiração em momentos como esse.
"Na hora que ele explodiu, eu já pensei: 'vai começar o pesadelo'. Na minha cabeça, eu já sabia que ia passar por alguma situação e colocar meu treino em prática. Eu treino muita apneia e tenho certeza de que, o que me salvou, foi meu treinamento. Eu fiquei sem colete por três ondas que estouraram na minha cabeça. Eu estava praticamente sem nada, só com o colete de impacto, que é muito fino."
Marcelo Luna rompeu o ligamento do joelho, mas deixou o mar caminhando normalmente, apesar do momento dramático na água.
"Tudo que fiz minha vida toda, os meus sete últimos anos, foi para esse dia. Teve o jet-ski que me pegou nos últimos momentos, quando eu estava quase na areia, e eu falei: 'não, vou pegar minha prancha'. E quando cheguei na areia os salva-vidas já se aproximaram de mim e perguntaram se eu tava ok... Eu estava meio bambo porque rompi o ligamento do joelho e não estava conseguindo pisar muito bem. E eles perguntaram: 'quer ir na ambulância?', e eu falei: 'quero nada!' [risos]", brinca.
Realmente chega a ser inacreditável, com o tamanho do mar que estava. Se eu não me engano, pela minha experiência, é o segundo maior mar que vi em Nazaré. Então, sair de uma situação dessa sem colete... Pra mim é inimaginável. Hoje que estou em casa que consigo dar conta que saí de um mar daquele tamanho sem colete. É uma bênção de Deus e estou muito feliz!
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