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O que ainda está confuso no caso da tenista Peng Shuai

Peng Shuai acusou o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de forçar uma relação sexual - Reuters
Peng Shuai acusou o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de forçar uma relação sexual Imagem: Reuters

Do UOL*, em São Paulo

07/02/2022 12h10

A tenista chinesa Peng Shuai concedeu entrevista ao jornal francês L'Équipe, a primeira da atleta a um veículo de imprensa internacional independente desde novembro do ano passado, quando acusou o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de forçar uma relação sexual com ela há três anos. O post, feito em uma rede social chinesa, foi rapidamente apagado.

As falas, no entanto, ainda deixam dúvidas. As respostas da chinesa foram curtas e sem maiores detalhes, na contramão do que aconteceu nos últimos meses.

Agressão sexual e post apagado

Ao L'Équipe, a atleta negou ter sofrido agressão sexual e não se prolongou sobre o episódio. "Agressão sexual? Eu nunca disse que alguém me fez sofrer qualquer agressão sexual", disse.

Ao ser questionada sobre o motivo de a mensagem de denúncia ter sido apagada, ela novamente foi direta e respondeu apenas "porque eu quis assim", sem maiores explicações.

Desaparecimento

Após o post ser apagado, Peng desapareceu do radar por três semanas, causando preocupação no mundo do tênis. Ela reapareceu em 21 de novembro em conversa por videoconferência com Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional). Em dezembro, a tenista apareceu em um vídeo divulgado por uma jornalista de um jornal ligado ao governo chinês.

Ainda ao L'Équipe, Peng foi questionada sobre o desaparecimento. Ela se esquivou mais uma vez e deu uma resposta curta: "Eu nunca desapareci, todos podiam me ver".

"Simplesmente muitas pessoas, como meus amigos e pessoas do COI, me enviaram mensagens e foi impossível responder tantas mensagens. Mas com meus amigos próximos ainda estou em contato, falei com eles, respondi suas mensagens, e também com a WTA", declarou.

Nada de investigação até agora

A China não anunciou se abriu uma investigação sobre a denúncia da relação sexual forçada. Na semana passada, o COI afirmou que "apoiaria" a tenista se ela decidisse exigir a abertura de uma investigação.

"Se ela quer uma investigação [sobre as acusações], certamente a apoiaremos, mas a decisão deve ser dela, é a vida dela, são as acusações dela", declarou Bach, que se reuniu com Peng no último sábado.

"Ele [Bach] perguntou se eu pensava em voltar a competir, quais eram meus projetos, o que prevejo, etc", explicou Peng ao L'Équipe.

Na entrevista, a tenista de 36 anos anunciou o fim de sua carreira profissional.

*Com informações da AFP