NFL tenta se redimir e finalmente se rende ao hip hop no Super Bowl
O hip hop surgiu em Nova York, mas sua "capital" na costa oeste dos Estados Unidos é a cidade de Los Angeles. Berço do "Gangsta Rap", a cidade da Califórnia tem o estilo em suas ruas e história, com momentos marcantes de grandes nomes da música norte americana através da gravadora Death Row, que abrigou, entre outros nomes, Tupac Shakur.
A ligação entre Los Angeles e o hip hop é tão forte que fez uma das últimas barreiras serem quebradas, colocando grandes nomes do rap como astros do show do intervalo do Super Bowl, terreno que estava completamente dominado pelo pop nos últimos anos. Mais do que um show, uma forma até de reparação histórica.
No domingo (13), Dr. Dre estará ao lado de Snoop Dogg, Mary J. Blige, Eminem e Kendrick Lamar prometendo levar à loucura o público presente no SoFi Stadium para a decisão da temporada da NFL entre Cincinnati Bengals e Los Angeles Rams.
No seu lugar e maior que tudo
Maior evento esportivo dos Estados Unidos, o Super Bowl terá também o maior show do intervalo da história.
É isso que garantiu isso foi ninguém menos que o icônico rapper Dr. Dre durante entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, acompanhado por dois de seus parceiros de palco no domingo, Snoop Dogg e Mary J. Blige.
"100%. Com certeza. Nós queremos ter certeza de que vocês saibam que este será o melhor show do intervalo de todos os tempos. Queremos inspirar crianças. Queremos que elas vejam e digam: 'Ok, talvez possa ser eu no futuro'", disse Dr. Dre.
"Quem mais poderia fazer esse show aqui em LA? Quem mais poderia se apresentar nesse show do que esses incríveis artistas que reunimos?", questionou Dr. Dre.
Artistas da casa
Apesar do hip hop ser o estilo musical favorito dos jogadores e compor completamente a trilha sonora dos videogames de futebol americano, o intervalo da decisão parecia ser um espaço reservado apenas para a música pop. O hip hop até esteve presente, mas quase sempre como apenas uma participação especial.
Apesar de grandes sucessos, como Madonna, que fez o intervalo ter mais audiência do que o jogo em si, e casos recentes como os de Lady Gaga, algumas escolhas da liga foram bastante questionadas.
Bastante presente no começo do milênio, o rock foi deixado de lado. Em São Francisco, palco do Super Bowl 50, o "local" Metallica foi preterido pelo Coldplay e reagiu com um grande show realizado um dia antes chamado justamente "The Night Before".
Três anos mais tarde, a cidade de Atlanta viu sua enorme tradição no rap ser deixada de lado para uma apresentação do Maroon 5, considerada por muitos como uma das menos empolgantes dos últimos tempos.
Agora, a NFL aparentemente ouviu os apelos populares e trouxe não apenas o ritmo mais ouvido, como também artistas com grande identificação com a cidade.
"Eu conheço pessoas que trabalharam na construção deste estádio. Sabendo como este estádio foi construído e o Super Bowl vai ser aqui, saber que faremos o show é uma benção. Por que o Super Bowl é o maior evento do mundo e o hip hop é a maior música do mundo", disse Snoop Dogg.
"Nós agradecemos a NFL por aceitar o hip hop, porque sabemos que muita gente não queria o hip hop no palco. Mas estamos aqui agora e não a nada que você possa fazer", completou.
"Nos vamos abrir portas para artistas do hip hop no futuro e garantir que a NFL entenda que isso deveria ter acontecido há muito tempo. Vamos mostrar o quão profissionais podemos ser, quão f*** podemos ser no palco, e quão excitante seremos para os fãs", completou Dr. Dre.
Velha e nova geração premiadas
O palco que é rapidamente montado assim que os jogadores vão para os vestiários receberá astros de extrema grandeza e de gerações diferentes. Épocas distintas, mas com a qualidade mais do que comprovada.
Cofundador da Death Row e um dos principais nomes da rivalidade do rap das costas Leste e Oeste dos EUA, Dr. Dre é dono de seis prêmios Grammy, três a menos que Mary J. Blige, conhecida como a "Rainha do Soul".
Mary J. tem no currículo ainda duas indicações ao Oscar, uma como atriz coadjuvante e outra pela canção original no filme Lágrimas sobre o Mississippi.
A estatueta, contudo, aparece na estante de Eminem, que ganhou o Oscar de canção original no filme que também atua, 8 Mile - Rua das Ilusões. O rapper de Detroit ainda coloca 15 Grammys e diversos outros prêmios no currículo.
Kendrick Lamar, dono de 12 Grammys, pode ainda se orgulhar de ter sido o primeiro artista do universo pop a ganhar o prestigiado prêmio Pulitzer de música, conquistando a honraria por DAMN, seu quarto álbum.
O começo do show no Super Bowl
A primeira edição da final foi disputada em 1967, ainda sem carregar o nome de Super Bowl. No intervalo entre o terceiro e quarto período, o público foi entretido de uma forma mais modesta, com apresentações de bandas marciais universitárias.
Ella Fitzgerald chegou a se apresentar na sexta edição da final da NFL, mas o espaço geralmente era usado como uma "abertura de Olimpíada", com apresentações temáticas.
Foi em 1993 que o período deixou de ser usado apenas para o torcedor usar o banheiro ou tentar respirar um pouco mais tranquilo.
No Super Bowl XXVII, em Pasadena, na Califórnia, Michael Jackson mudou o patamar da apresentação com a participação de 3.500 crianças, fogos e outros efeitos visuais, os minutos com os jogadores no vestiário passaram a ser vistos como uma grande oportunidade.
Não foi um processo imediato, já que dois anos depois do show do "Rei do Pop" ainda tivemos uma apresentação produzida pelos estúdios Disney em que Indiana Jones tentava recuperar o troféu Vince Lombardi.
A partir dos Anos 2000, os astros começaram a se enfileirar para fazer shows de no máximo 13 minutos que geravam uma exposição tamanha. A NFL nunca pagou por uma apresentação, afinal, a final do esporte mais popular do país poderia ajudar muito na venda de um novo hit.
Em 2009, por exemplo, Bruce Springsteen acordou na segunda-feira pós-Super Bowl com os dois álbuns mais vendidos no país.
Polêmica
Um dos maiores escândalos recentes da TV norte-americana aconteceu justamente no intervalo da decisão de 2004, em Houston.
Quando Tom Brady e os Patriots foram para o intervalo vencendo o Carolina Panthers por 14 a 10, naquele que seria o segundo título da franquia, uma enorme crise foi instaurada quando Justin Timberlake expos um dos seios de Janet Jackson, numa alegada falha no figurino.
O "escândalo" acabou resultando em diversas discussões e foi tomada a decisão de que a transmissão da TV seria feita com alguns segundos de atraso, permitindo que qualquer cena polêmica fosse cortada antes ir ao ar.
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