Veja como carros e equipes da Fórmula 1 evoluíram ao longo do tempo
Modalidade mais popular do automobilismo, a Fórmula 1, criada pela FIA em 1950, reúne adrenalina, emoção e estratégia como principais ingredientes de um formato que ganhou o mundo dos esportes ao longo do tempo.
O tempero especial desta receita de sucesso está justamente nas equipes e em seus carros, que criaram uma legião de torcedores e admiradores da categoria.
Para a edição deste ano, aliás, os veículos entrarão nas pistas com diferenças significativas em relação aos últimos anos: são mudanças nos pneus, na aerodinâmica e até no formato de asas e bicos.
O UOL Esporte detalha, abaixo, como os carros e algumas equipes da Fórmula 1 evoluíram ao longo dos anos — destacando também, por meio de álbuns de fotos, exemplos das transformações em tradicionais escuderias da modalidade.
Mercedes de Hamilton... e de Fangio
Vencedora do Mundial de Construtores nas últimas oito temporadas, a Mercedes virou sinônimo de competência e um "segundo sobrenome" para Lewis Hamilton, campeão de seis edições com a escuderia.
Apesar das conquistas recentes, há um outro nome, pouco lembrado para os mais jovens, que faz parte da história da equipe: Juan Manuel Fangio.
O argentino faturou, em 1954 e 1955, o título de pilotos da Fórmula 1 guiando um carro da Mercedes, que na época corria sob nome de Daimler-Benz — naquela época, não havia Mundial de Construtores.
O W196, usado nas duas temporadas em questão, tinha um motor de oito cilindros e atingia uma velocidade máxima de cerca de 260 km/h. Foi com ele que Fangio desbancou, com certa folga, seus mais de 20 adversários duas vezes.
Depois de um hiato de mais de 50 anos, a equipe alemã voltou a correr na categoria em 2010 e trouxe dois atletas "da casa" para defender as suas cores: o experiente e multicampeão Michael Schumacher e o então promissor Nico Rosberg, filho do ex-piloto Keke Rosberg.
O primeiro título da Mercedes veio quatro anos depois, já com Lewis Hamilton no comando de um F1 W05, que se destacava pela potência de seu motor.
Desde então, a equipe assumiu a hegemonia da Fórmula 1 e garantiu, até o ano passado, os troféus de todas as edições da tabela de construtores, sempre com veículos robustos e tecnologicamente de primeira linha.
Ferrari: a tradição é vermelha
É impossível pensar no termo Ferrari e não relacioná-lo à Fórmula 1. Maior campeã da categoria com emblemáticos 18 títulos, a escuderia italiana (e sempre vermelha) revolucionou a modalidade e é também a recordista em GPs participados desde 1950.
A primeira conquista de construtores veio em 1961, com o norte-americano Phil Hill dando show a bordo do carro batizado de 156. Três anos depois, John Surtees e Lorenzo Bandini usaram o modelo 158 no bicampeonato.
Foi com Niki Lauda guiando a Ferrari 312T, em 1974, que a equipe passou a ter um motor de 12 cilindros, considerado um dos mais fortes e confiáveis da época. Mais um título na conta.
A partir de 1982, com a trágica morte de Gilles Villeneuve (a sétima envolvendo pilotos da equipe até então), a Ferrari, que usava estruturas com alumínio — e não carbono —, precisou dar mais atenção à segurança de suas máquinas.
Depois de uma janela de 15 anos sem troféus entre os anos 1980 e 1990, Michael Schumacher, que se transformou em um dos protagonistas da Fórmula 1 após a morte de Ayrton Senna, foi o responsável por liderar a escuderia italiana em seis títulos seguidos de Construtores (1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004).
Em cinco deles — e sempre com a parceria de Rubens Barrichello —, o próprio alemão faturou o Mundial de Pilotos, tornando-se, à época, o maior vencedor da história da categoria. Hoje, este posto é dividido com Lewis Hamilton.
Atualmente, a equipe vermelha vive a sua segunda maior "seca" de títulos: desde 2008, quando teve a dupla Kimi Raikkonen e Felipe Massa a bordo do F2008, os italianos não aumentam a coleção de troféus. Para 2022, a escuderia aposta no entrosamento de Charles Leclerc e Carlos Sainz, nas suas novidades mecânicas e nas mudanças de regras para voltar a ser protagonista nas pistas.
McLaren de Senna (e de altos e baixos)
Em 1966, Bruce McLaren construiu e correu a bordo do M2B, o primeiro carro da tradicionalíssima McLaren — que na época tinha Bruce em seu nome oficial — na história da Fórmula 1.
Pouco tempo depois, a equipe adotou o laranja como cor "oficial" e desfilava nas pistas com carros bastante chamativos, porém, pouco competitivos.
Já sem o laranja em meio a interferência de uma patrocinadora, a escuderia garantiu o seu primeiro título de construtores em 1974, com o brasileiro Emerson Fittipaldi como destaque. A bordo do M23, de mais de 600 kg, ele superou o ferrarista Clay Regazzoni na luta pelo troféu dos pilotos.
Depois de dez anos discretos, já com pneus Michelin substituindo os da Goodyear, o MP4/2 da McLaren simplesmente tomou conta da categoria, com Niki Lauda e Alain Prost formando uma dupla histórica. As chaves do sucesso do carro eram os discos de carbono, sistema até então inédito na Fórmula 1.
Em 1988, o jovem Ayrton Senna, que havia se destacado na Lotus em anos anteriores, foi contratado para a equipe e, com um MP4/4 de motor Honda, foi campeão do mundo pela primeira vez. O modelo guiado pelo piloto — em polêmica parceria com Prost — é até hoje considerado um dos mais eficientes da história e venceu 15 das 16 provas que competiu. O brasileiro, por sua vez, conseguiu mais dois títulos defendendo a escuderia: em 1990 e 1991.
A última vitória da McLaren no Mundial de Construtores foi em 1998, com Mika Hakkinen e David Coulthard formando uma dupla duradoura e até hoje lembrada pelos fãs.
Desde então, a equipe ganhou apenas dois títulos individuais (Häkkinen em 1999, e Hamilton em 2008). E lembra do laranja? Ele voltou a ser a cor predominante dos carros na última década. É com ele que Lando Norris e Daniel Ricciardo esperam surpreender o mundo do automobilismo nesta temporada.
Red Bull com energia de sobra
Gigante no ramo de bebidas, a austríaca Red Bull comprou a Jaguar em 2004 e, no ano seguinte, estreou na Fórmula 1 com o experiente David Coulthard e o promissor e prata da casa Christian Klien. O desempenho não foi dos piores: 7° lugar na tabela dos construtores, à frente da Sauber, da Jordan e da Minardi.
Depois de passar a edição de 2006 utilizando motor Ferrari, a empresa decidiu fechar uma parceria com a Renault e deslanchou de vez em 2009, quando alcançou o 2° lugar na tabela por equipes, já com a dupla Sebastian Vettel e Mark Webber.
O RB6, utilizado na temporada seguinte, foi o carro que deu o primeiro título para a Red Bull, que fez investimentos pesados. O modelo sofreu vários problemas no início daquela edição, mas era rápido o suficiente para desbancar os adversários.
De quebra, Vettel ganhou, naquela ocasião, o seu primeiro troféu na categoria — a hegemonia de equipe e piloto durou por mais três anos, quando a dupla foi desfeita e a Mercedes passou a mostrar sua força.
Os embates com a escuderia alemã se intensificaram a partir de 2018, ano em que o halo (proteção na altura da cabeça dos pilotos) passou a ser obrigatório. Naquela época, Max Verstappen ganhou protagonismo e começou a incomodar Hamilton.
No ano passado, apesar de não faturar o campeonato de construtores, a Red Bull viu o jovem holandês desbancar o britânico e conquistar o título individual da categoria a bordo do RB16B, frustrando a Mercedes. Para 2022, o carro foi apresentado com certo mistério e frustrou os concorrentes.
Williams vai da glória ao limbo
Segunda maior campeã da história da Fórmula 1 com nove títulos, a Williams atravessa um momento duro e desafiador em sua história de mais de quatro décadas.
Em 2020, pela primeira vez em 45 anos, a equipe não marcou nenhum ponto durante uma temporada inteira com o FW43B, guiado por George Russell e Nicholas Latifi. No ano passado melhorou um pouco: foram 23 pontos, incluindo um segundo lugar de Russell no GP da Bélgica.
O problema, no entanto, não é atual: desde 2016, a escuderia encontra dificuldades para montar um veículo que seja competitivo e seguro ao mesmo tempo. Em 2020, para desespero dos fãs, a Williams foi comprada por um fundo norte-americano e perdeu a essência "familiar".
A situação contrasta com o que foi vivido pela Williams nos anos 1970 e 1980. O branco e veloz FW07, carro usado em 1980, deu à equipe o seu primeiro título de construtores — a versão "C" do modelo também faturou a edição de 1981.
A melhor sequência da escuderia, no entanto, foi nos anos 1990. Com Nigel Mansell, Damon Hill, Alain Prost, Ayrton Senna e companhia, a equipe viveu dias de glória e conquistou cinco títulos em seis temporadas (1992, 1993, 1994, 1996 e 1997).
O período que era para ser perfeito, no entanto, ficou marcado pela trágica morte de Senna, que guiava o FW16 quando bateu nos muros de San Marino, em 1994, e não resistiu.
O modelo, ao contrário do que foi apresentado em 1993, não contava com freios ABS e controle de tração — itens banidos pela FIA para a temporada em que o brasileiro perdeu a vida. Roland Ratzenberger, que também participava daquele campeonato, foi outro que morreu naquele GP.
Desde aquele fim de semana, as regras de segurança da Fórmula 1 foram endurecidas e, a partir disto, houve "apenas" um acidente com consequências fatais, com Jules Bianchi, entre 2014 e 2015.
Nos anos 2000, a Williams trocou por vezes o seu motor, usando BMW, Cosworth, Toyota e Renault antes da parceria com a Mercedes, ainda vigente.
Para a atual temporada, a equipe manteve Latifi e trouxe Alexander Albon para suprir a vaga de Russell, que partiu para a parceira alemã. Por outro lado, a homenagem para Senna sumiu depois de quase três décadas.
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