Bolsonaro vai receber príncipe dono do Newcastle e acusado de assassinato
O presidente Jair Bolsonaro receberá em 14 de março a visita do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, responsável por comandar o país, já que o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud sofre de Alzheimer. Com vários cargos no governo, o príncipe é líder do fundo de investimentos públicos do país e em outubro do ano passado comprou 80% do Newcastle por 300 milhões de libras (aproximadamente R$ 2 bilhões, em valores atualizados).
Entre as principais acusações envolvendo o nome de Mohammed bin Salman está o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, além de outros crimes relacionados a violações de direitos humanos.
As acusações que envolvem o nome do príncipe quase prejudicaram a compra do Newcastle. A Anistia Internacional, organização voltada para a proteção dos direitos humanos, chegou a pedir para se reunir com a Premier League para discutir as políticas da entidade.
Na ocasião, a presidente da Anistia Internacional no Reino Unido, Sacha Deshmukh, disse que seria necessário mudar as regras da entidade que permitiram a compra do time por figuras ligadas a crimes contra os direitos humanos. "A forma como a Premier League possibilitou este acordo levanta questões sobre a lavagem de dinheiro no esporte, direitos humanos e integridade no futebol inglês", afirmou a presidente em carta ao presidente da Premier League.
O documento ainda advertiu sobre a necessidade de regras que "impeçam pessoas ligadas a violações dos direitos humanos comprem clubes e entrem no futebol inglês". Do lado da Premier League, a entidade garantiu que o Newcastle, apesar de ter sido comprado pelo fundo de investimentos do governo da Arábia Saudita, não será controlado pelo governo do país.
Além disso, parte dos torcedores não gostou de ter o nome do time associado a um regime autoritário.
Internamente, a gestão de Mohammed Bin Salman na Arábia Saudita é vista no país como "modernizadora", principalmente em relação aos direitos das mulheres.
Assassino e ditador?
Herdeiro do trono, vice primeiro-ministro e ministro da defesa da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman tem a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018, como principal acusação contra seu nome.
O príncipe é apontado pela inteligência dos Estados Unidos como mandatário do assassinato e esquartejamento de Khashoggi ocorrido no consulado saudita em Istambul, na Turquia. Mohammed nega que seja o mentor do assassinato.
Além disso, ele é tratado como um criminoso de guerra pela intervenção na Guerra Civil do Iemên, que se arrasta desde 2015. O governo saudita é acusado de bombardear áreas de refugiados, interceptar navios de comida e massacrar civis.
Em suas fronteiras, Mohammed é acusado por organizações de direitos humanos de prender e executar pessoas contrárias a seu governo. Em 2017, por exemplo, houve a repentina detenção de 11 príncipes e dezenas de ministros.
Avanços para elas
Por outro lado, o príncipe é o responsável por reformas em relação aos direitos das mulheres. A principal conquista é o fim do veto ao direito de dirigir, que ocorreu em junho de 2018. Na gestão de Mohammed as mulheres foram autorizadas a frequentar estádios em eventos esportivos e cinemas.
Apesar dos avanços, o país segue com alto nível de desigualdade. Uma prova é que as mulheres só podem se casar, tirar passaporte ou ingressar em universidades com aval do homem.
Casa na França e obra de Da Vinci
Parte da família real saudita, que tem fortuna estimada pelo jornal "The Sun" em cerca de R$ 7,5 trilhões, Mohammed bin Salman gosta de ostentar.
O príncipe é dono da casa mais cara do mundo, localizada em Paris, na França. Em 2015, ele desembolsou 230 milhões de libras (R$ 1,6 bilhão, na conversão atualizada) para comprar o palacete Chateau Louis XIV, que tem 10 quartos, piscina interna e externa e biblioteca.
Um dos maiores barcos do mundo também pertence ao príncipe. "The Serene" foi comprado em 2015 do magnata russo Yuri Shefler, por mais de R$ 2,5 bilhões em valores atuais. A embarcação tem comprimento de cerca de 134 metros.
O saudita também é amante da arte e, em 2017, pagou US$ 450 milhões (hoje quase R$ 2,3 bilhões) em uma pintura de Leonardo da Vinci. O quadro Salvator Mundi se encontra no Louvre de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
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