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Fórmula 1: Conheça as mudanças do novo carro e como podem mudar as corridas

Julianne Cerasoli

Colunista do UOL, em Londres

18/03/2022 04h00

"Basicamente só o volante é igual". A frase é do diretor técnico da Mercedes, Mike Elliott, e resume bem o que deve ser a temporada 2022 da Fórmula 1. A primeira corrida do ano acontece às 12h (de Brasília) deste domingo (20), no Bahrein. Após uma das temporadas mais marcantes da história, a categoria passou por algumas de suas maiores mudanças em mais de 70 anos, uma verdadeira revolução no carro que vai para as pistas

O regulamento da categoria em 2022 é o resultado de um processo único, com muita simulação computadorizada e participação ativa das equipes buscando evitar qualquer brecha para alguém sair muito na frente. São mudanças feitas depois que a F1 passou a adotar um teto de gastos, que é de 140 milhões de dólares neste ano, e a contar com um esquema que dá menos tempo de desenvolvimento aerodinâmico para as melhores equipes.

A Mercedes é o melhor exemplo para você entender o que isso quer dizer: por ter ganhado o mundial de construtores do ano passado, o time alemão terá 45% de tempo de desenvolvimento a menos do que a última colocada, a Haas.

Contudo, a grande diferença é a filosofia das mudanças. Há duas décadas a F1 tenta promover mais ultrapassagens tirando pressão aerodinâmica dos carros. Mas os engenheiros sempre dão um jeito de recuperar o que foi perdido e tudo volta a ser como era antes.

Desta vez, os esforços foram para tirar o máximo de turbulência que o carro gera. E, para isso, ao invés de cortar downforce (a força que impede que o carro, por causa das altas velocidades, decole ao perder contato com o solo), a solução foi fazer com que o assoalho produza cerca de 80% das forças que vão dar velocidade e estabilidade ao carro. É a volta do efeito-solo, famoso nos anos 70 e 80, mas em uma versão mais segura do que aquela banida em 1983.

O resultado dessa mudança

No ano passado, quando um carro ficava a 20 metros de distância do carro da frente, a turbulência gerada causava perda de 35% de downforce. Com isso, era necessária uma performance muito superior de quem estava atrás para que a ultrapassagem fosse possível. Agora, as simulações da F1 preveem que, com a mesma distância para a frente, a perda de downforce seja de apenas 4%.

Isso foi possível limitando ao máximo que o carro da frente jogasse ar sujo contra quem vem atrás. Os penduricalhos aerodinâmicos ao redor do carro, por exemplo, foram proibidos. Eles espalhavam ar, que acabava chegando em várias direções à traseira. Asas dianteiras e traseiras faziam a mesma coisa.

Isso é mostrado no álbum acima, que apresenta como o carro deixava o ar em seu rastro. Na imagem com o carro de 2021, a cor vermelha indica um ar mais sujo, que causa perda de rendimento de 46% quando o carro que vem atrás está a 10 metros de distância e 35% a 20 metros.

Enquanto isso, os assoalhos, que antes eram retos, ganharam túneis e curvas, que passam a direcionar o fluxo de ar de maneira mais uniforme. Somando isso às outras mudanças, a previsão é que o ar para quem venha atrás fique mais limpo, (como no álbum, "Carro de 2022"). As simulações indicam que, como o ar é mais direcionado para cima, ele gera apenas 18% de perda de rendimento para quem estiver a 10 metros de distância — e apenas 4% para quem vem a 20 metros.

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