Topo

'Paula e Hortência ganharam muito dinheiro', diz ex-pivô Marta

Hortência (esquerda) e Marta Sobral (direita), ex-jogadores de basquete da seleção brasileira feminina na década de 90 - Reprodução/Instagram
Hortência (esquerda) e Marta Sobral (direita), ex-jogadores de basquete da seleção brasileira feminina na década de 90 Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

18/03/2022 10h22

Ex-pivô da seleção brasileira feminina de basquete nos anos 90, Marta Sobral conquistou títulos expressivos representando o país. Ela foi peça importante da equipe que venceu o Pan de 1991 e que conquistou duas medalhas olímpicas: a prata em Atlanta-96 e o bronze em Sydney-2000. No entanto, a ex-jogadora reconhece que existiam diferenças na forma como as atletas eram tratadas (e remuneradas) na época.

Amiga pessoal de Hortência e 'Magic' Paula, Marta acredita que as duas acabavam sendo, de certa forma, privilegiadas pela imprensa e pela sociedade. "Por mais que nosso jogo fosse coletivo, elas sempre se destacavam pela individualidade. E a imprensa realmente ficava mais em cima de Paula e Hortência. As outras eram coadjuvantes, muitas vezes", disse, em entrevista ao canal 'Clube da VIP', no YouTube.

Ela aponta que a questão era estrutural e faz questão de negar repetidas vezes que as ex-companheiras de time tenham tido qualquer atitude preconceituosa. "Hoje a gente sabe mais coisas sobre preconceito. É mais velado, as pessoas não falam na cara dura. Elas nunca tiveram nada, pelo contrário. Mas sabíamos que a maioria da imprensa, patrocínios e emissoras geralmente chamavam mais elas para fazer", comentou.

Ela também destacou na entrevista que, além dos obstáculos que as mulheres precisam superar no esporte, as negras ainda enfrentam outras questões. "O pessoal já tem preconceito com mulher no esporte. Uma mulher negra, se trabalha em uma empresa, ganha menos do que a branca. E eu sempre soube que a Paula e a Hortência ganhavam muito dinheiro. Nunca ganhei em dólar, igual elas ganharam algumas vezes", comparou.

"Não é desmerecendo, elas têm o valor delas e fizeram seus contratos. Eu fazia meu contrato, achava que aquilo que eu estava recebendo era suficiente para eu manter a minha família. Mas se elas conseguiram fazer esses contratos, parabéns para elas", concluiu.