Governador da Flórida rejeita ouro de nadadora trans na Liga Universitária
O governador da Flórida, Ron DeSantis, emitiu, nesta terça-feira (22) uma proclamação refutando a medalha de ouro da nadadora trans Lia Thomas. A atleta, que venceu as 500 jardas (cerca de 457 metros) livres da NCAA, principal liga universitária dos Estados Unidos, na semana passada, foi a primeira mulher trans a conseguir tal feito.
O governador rejeitou o resultado da prova e "proclamou" como campeã a segunda colocada, Emma Weyant, que terminou a prova 1,75 segundo atrás de Thomas.
"Ao permitir que os homens compitam nos esportes femininos, a NCAA está destruindo as oportunidades para as mulheres, zombando de seus campeonatos e perpetuando uma fraude. Na Flórida, rejeitamos essas mentiras e reconhecemos Emma Weyant, de Sarasota [cidade da Flórida], como a melhor nadadora feminina nas 500 jardas estilo livre", escreveu em seu Twitter.
Em sua proclamação, divulgada na rede social, DeSantis listou as realizações de Weyant, entre elas a medalha de prata no estilo medley, conquistada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e escreveu que foi permitido que "homem identificado como mulher" competisse entre as mulheres
"As ações da NCAA servem para corroer oportunidades para atletas mulheres e perpetuar fraudes contra elas, assim como para o público em geral [...] Mulheres tiveram quatro décadas para ter oportunidades iguais no atletismo, e é errado permitir que a ideologia corroa essas oportunidades como está acontecendo em outros estados. A preservação de times específicos de mulheres atletas é necessária para promover a equidade de oportunidades. É minha determinação que homens não devem competir contra mulheres, como Ema Weyant, roubando de garotas conquistas, prêmios e bolsas de estudo".
Ele voltou a falar sobre o assunto em uma coletiva de imprensa, segundo a CNN. "A NCAA está basicamente se esforçando para destruir o atletismo feminino. Eles estão tentando minar a integridade da competição e coroar outra pessoa. Se você olhar para o que a NCAA fez ao permitir basicamente que os homens competissem no atletismo feminino e, neste caso, a natação (...) Você tinha a mulher que terminou em primeiro, era de Sarasota, Emma Weyent. Ela ganhou a medalha de prata, mesmo sendo uma superestrela em toda a sua carreira. Precisamos parar de permitir que se perpetuem fraudes para o público. Precisamos parar de permitir que organizações como a NCAA perpetuem fraudes. Ela [Emma] ganhou isso", completou.
Como são as regras?
Lia Thomas competiu por três anos na equipe masculina antes de passar pelo processo de readequação de gênero, durante a pandemia. Para competir com outras mulheres, ela teve de ser submetida a um tratamento para reduzir as taxas de testosterona. Segundo a antiga recomendação do NCAA, que era similar a orientação do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas precisaria de um ano completo com o nível de testosterona abaixo do limite de 10nm/l (o que ela cumpriu e disputou toda a temporada universitária deste ano) para estar apta para competir com mulheres.
Com a dimensão de seus resultados, a nadadora passou a ganhar destaque na imprensa norte-americana e já mudou seu status em relação ao período em que competia com homens, sem grande desempenho.
A Fina (Federação Internacional de Natação) e a USA Swimming (federação de natação dos EUA) são as responsáveis por determinar a elegibilidade ou não de atletas trans na natação universitária. Enquanto a Fina ainda prepara uma regulamentação —que está sendo elaborada e ainda não tem data para ser anunciada—, a USA Swimming publicou no início do mês uma nova regra. A mudança estabeleceu um limite menor do nível de testosterona, de 10 para 5nml/l, e num período maior, de 12 para 36 meses. Por se tratar de uma nova medida, a NCAA, inicialmente, decidiu rejeitar a regra da USA Swimming.
O uso do nível de testosterona como elemento regulador é muito contestado por alguns especialistas, que indicam que vários outros fatores biológicos também deveriam ser considerados. Uma das sugestões é determinar uma idade limite para a transição de um atleta.
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