Família de preso condenado à morte na Arábia Saudita pede ajuda a Hamilton
Heptacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton é também mundialmente conhecido por defender publicamente seus princípios. Por isso, o piloto inglês da Mercedes, que terminou em terceiro no GP do Bahrein, recebeu um pedido de ajuda da família de um preso condenado à morte na Arábia Saudita antes da corrida deste final de semana, segundo o 'The Guardian'.
"Nossos clamores por justiça não foram ouvidos. Talvez, se você disser o nome dele, aqueles que decidem o destino dele vão ouvir. Você vai levantar sua voz para salvar Abdullah?", escreveu a família do saudita. "Seja em conversas privadas com as autoridades ou em público enquanto você está aqui na Arábia Saudita para correr, acreditamos que pode fazer a diferença", completou.
Em dezembro do ano passado, a categoria realizou a sua primeira corrida na Arábia Saudita e Hamilton criticou a decisão por conta das denúncias de violações de direitos humanos no país. "Eu me sinto confortável aqui? Não diria que sim. Mas não é minha escolha estar aqui, o esporte escolheu estar aqui", afirmou, na época. O inglês terminou a prova no topo do pódio.
Agora, mais de três meses depois da corrida inaugural no país, Hamilton se vê diante de mais uma questão sobre direitos humanos na Arábia Saudita. O jovem em questão, Abdullah al-Howaiti, foi preso há cerca de seis anos, quando tinha 14, acusado de participar de um roubo de uma joalheria que vitimou um policial.
De acordo com o jornal inglês, a família do saudita sustenta, com evidências de gravações e depoimentos de testemunhas, que ele não estava nem perto da loja no momento do assalto. Em documentos enviados da prisão, Howaiti diz ter sofrido abusos e tortura das autoridades do país até assinar um pedaço de papel como confissão.
O jovem foi originalmente condenado à morte em 2019, aos 17 anos, mas a Suprema Corte da Arábia Saudita revogou a decisão no ano passado. Entretanto, ele foi novamente sentenciado à morte em março deste ano, no mesmo mês em que o país executou 81 pessoas por crimes ligado a "terrorismo". A ONU condenou a execução em massa.
Maya Foya, diretora da ONG de direitos humanos Reprieve, afirma que a presença da categoria com uma corrida legitima o regime do país. "Ao correr na Arábia Saudita, a Fórmula 1 está dizendo às autoridades sauditas que podem lavar as manchas de sangue de uma execução em massa e aparecer na bandeira quadriculada dias depois para entregar um troféu", criticou.
Em comunicado enviado ao 'The Guardian', a F1 reforçou seu compromisso com direitos humanos. "Levamos muito a sério nossas responsabilidades sobre direitos e definimos altos padrões éticos para as contrapartes e aqueles em nossa cadeia de suprimentos, que estão consagrados em contratos, e prestamos muita atenção à sua adesão", defendeu a categoria.
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