Galisteu revela conversa com Senna pouco antes de acidente fatal em 1994
Adriane Galisteu contou em detalhes, na tarde de hoje (14), como viveu o dia da morte de Ayrton Senna, seu então namorado naquele 1º de maio de 1994. Ela afirma ter conversado com o piloto pelo telefone pouco antes da largada para combinar como fariam para se encontrar em um aeroporto, depois da corrida. O encontro, claro, nunca aconteceu.
"Eu estava em Portugal e tinha acabado de falar com ele pelo telefone. Ele disse 'estou puto', não estava querendo correr e ainda me falou 'é a primeira vez que não quero correr'", contou Galisteu ao Ticaracaticast. A Fórmula 1 já havia vivido a tragédia da morte do austríaco Roland Ratzenberger no dia anterior, naquele mesmo GP de San Marino, além de uma batida forte de Rubens Barrichello.
"Falei para ele 'então não corre', porque se tinha alguém que podia não correr era ele, não podia ter uma caganeira? Qual seria o problema? Lembro de falar isso para ele no telefone, e ele quase me engoliu porque não tinha pontuado nas corridas anteriores. Com a Williams, ainda não tinha conseguido nem terminar uma corrida", conta Galisteu. Era a terceira corrida da F1 em 1994, e Senna havia abandonado as duas anteriores em sua temporada de estreia na nova equipe.
"Depois dessa braveza dele, a gente desligou. A última coisa que me falou foi 'quando começar a corrida, já vai tomar banho, porque vou sair daqui direto para o aeroporto'. Ele já estava de mala [em Ímola], de lá iria ao aeroporto e direto para o Algarve, em Portugal, onde eu estava", lembra a apresentadora.
"Comecei a assistir a corrida. Quando ele bateu, achei até que ele chegaria mais cedo em casa. Fui para o banho, desliguei a televisão, porque estava muito acostumada a ver bater, até batida pior. O Ayrton mesmo tinha batido no México, uma vez, capotado e caído de ponta cabeça na brita [em 1991]. Lembro de sair do banho com um silêncio sepulcral, absoluto. Ouvi o barulho de um fax chegando, corri achando que era um contrato, alguma coisa assim, mas eram mensagens com coração. Aí é que começou a cair a ficha", conta.
"Era um silêncio na televisão, porque em Portugal não tem o Galvão Bueno narrando? E demorou muito, ele ficou parado na pista. Pensei que estivesse desmaiado, talvez quebrado a perna, mas naquela hora nunca imaginei que tivesse morrido", recorda Galisteu, que soube da morte de Senna apenas no aeroporto, para onde foi na tentativa de ir encontrá-lo na Itália.
"Fiz uma mala com roupas, para ele e para mim, para ir ficar no hospital com ele. Achava que ele só ficaria alguns dias internado. Saí com a mala, sentei no avião com duas malas de mão. Era um avião particular de amigos, mas antes de decolar, ele parou. Tinha um telefonema na torre, para mim. Pensei até que era ele [Ayrton], avisando que nem precisava ir até lá. Saí do avião até aliviada, mas peguei o telefone e era o Antônio Braga [amigo próximo de Senna]. Ele disse 'não venha, tem mil pessoas se acotovelando na porta do hospital, e ele está morto'. E desligou o telefone. Quando ele falou isso, não sei de mais nada. Só lembro de estar em um carro, com as duas malinhas, indo para a casa do Braga, algumas horas de carro. Não sei nem dizer como foram essas horas."
Tricampeão mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna morreu na sétima volta do GP de San Marino de 1994. A corrida havia começado com uma batida logo na largada, na qual dois pneus foram arremessados na arquibancada e feriram vários torcedores. Depois do carro de segurança, Senna fez a primeira volta rápida seguido por Michael Schumacher, mas perdeu o controle do carro quando entrou na curva Tamburello, pois estava com a barra de direção quebrada. "Aquela corrida não era para ter acontecido", lamenta Adriane Galisteu.
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