Bate-Estaca volta à categoria que foi campeã e mira trilogia com Namajunas
Veterana no UFC, Jéssica Bate-Estaca Andrade volta à categoria dos pesos palha (até 52Kg) que a consagrou como campeã, depois de quase dois anos afastada. Neste sábado (23), ela fará a luta principal do UFC Apex, em Las Vegas, contra a também brasileira Amanda Lemos, de olho em uma possível trilogia contra a norte-americana Rose Namajunas, atual campeã da categoria.
Elas já se enfrentaram duas vezes no UFC. A primeira, em maio de 2019, foi uma noite memorável. A brasileira aplicou um bate-estaca, golpe que a consagrou, conquistou o cinturão e, de quebra, faturou o prêmio de performance da noite. Elas voltaram a se enfrentar em junho de 2020. Mas, daquela vez - última luta de Jéssica antes de mudar de categoria—, a norte-americana levou a melhor, em decisão dividida.
Entre os dois embates, Bate-Estaca colocou o cinturão em jogo três meses depois de conquistá-lo e foi derrotada, com nocaute técnico, por Zhang Weili. Questionada se preferia enfrentar a chinesa ou Rose Namajunas se vencer Amanda Lemes, Jéssica não hesitou.
"Eu escolheria a Rose, até pela oportunidade de fazer uma trilogia com ela. Seriam cinco rounds, que é diferente. A última luta que eu tive com ela e perdi foi decisão dividida, mas se tivessem mais dois rounds eu teria vencido a luta com sobra. Então talvez o resultado teria sido diferente. Mas, como era uma luta de três rounds, ela se saiu melhor do que eu nos dois primeiros e acabou que eu não saí com a vitória", disse antes de acrescentar: "Mas tudo bem, eu acho que a oportunidade de lutar pelo cinturão vale muito mais do que uma rixa ou revanche contra alguém que eu tenha perdido", disse em entrevista exclusiva ao UOL.
Jéssica diz acreditar que, embora Amanda Lemos seja a décima colocada na categoria, uma vitória a credenciaria para lutar pelo cinturão. "Eu acredito que pode muito acontecer essa luta. Depende muito da forma que eu vencer a Amanda. Isso me credenciaria a ter essa chance. É claro que a Rose vai lutar com a Carla Esparsa no mês que vêm. Eu acredito que a Rose não perde esse cinturão, ela mantém. Eu vou pedir, se o UFC topar, a gente está aqui", afirmou, se referindo ao duelo entre Namajunas e Carla Esparsa marcado para 7 de maio.
Preparação para luta
Mas antes de pedir para desafiar a campeã, Jéssica tem noção de que não terá vida fácil ao enfrentar Amanda Lemos, que tem apenas uma derrota no UFC e vem de cinco vitórias consecutivas. "Ela é muito forte, a gente vê que ela tem um punch muito forte e isso faz toda diferença dentro de uma luta. Eu acredito que a estratégia seja tentar ao máximo dominar a luta, cansar ela. Lutar em Las Vegas é diferente, é uma luta de cinco rounds, ela vem direto do Brasil. Tem a questão de se acostumar com a temperatura, aqui a umidade é bem mais baixa. Ela vem de Belém que é o lugar mais úmido do Brasil, é totalmente diferente".
Jéssica diz acreditar que morar em Las Vegas há quase um ano fará diferença e que já fez treinamentos no deserto de Nevada para ter mais vantagem sobre a adversária. "Eu acho que a estratégia é tentar minar o gás dela nos primeiros rounds e do terceiro em diante conseguir colocar o meu jogo em prática e fazer uma boa luta. Os primeiros rounds é fazer meu jogo de wrestling, agarrar, finalizar... Tentar cansar ela para ela ter menos potência de golpes porque ela é uma adversária muito forte, tem socos muito fortes. A estratégia é levar para chão, minar o gás dela e aí do terceiro round em diante fazer uma trocação".
Por outro lado, Amanda Lemos, que fará o evento principal pela primeira vez no UFC, diz que estará preparada para os cinco rounds. "É a minha primeira luta de cinco rounds, então eu e meus treinadores tivemos que adaptar algumas coisas na preparação, como a quantidade de rounds nos treinos. Eu me senti super bem nos treinamentos com cinco rounds e, se a luta precisar durar todos eles, estarei preparada", afirmou ao UOL.
As duas entendem muito bem a importância da luta de sábado. Jéssica precisa mostrar resultado, já que nas últimas cinco vezes que pisou no octógono perdeu três. "Por mais que eu tenha perdido para campeãs — eu perdi para Rose, para Valentina e para Welli—, isso realmente prejudica um pouco. Isso faz uma grande diferença, perder significa dar três passos para trás dentro da sua carreira", disse.
Jéssica volta "mais relax"
Depois de perder duas lutas seguidas, para Namajunas e Weili no peso palha, Jéssica decidiu se aventurar na categoria de cima, dos peso-mosca, até 57kg. Foram três embates, com duas vitórias e uma derrota, que colocaram a brasileira no topo do ranking, abaixo apenas da campeã Valentina Shevchencko.
"Quando eu subi para a categoria do peso mosca, foi porque eu não estava conseguindo dar o peso da forma mais tranquila na categoria dos peso-palha. Então as minhas duas últimas lutas, contra a Rose e contra a Weili Zhang , que foi a que eu perdi o cinturão, eu tive muita dificuldade para bater o peso e isso me desgastou muito".
Agora, no retorno, diz que mudou o trabalho e está conseguindo chegar aos 52 kg com muito mais facilidade. Na pesagem, nesta sexta-feira, ela bateu 52,3 kg, enquanto Amanda Lemos chegou com 52,1 kg.
"A minha categoria sempre foi o 52 kg, eu dei esse tempo relax para dar uma melhorada na minha cabeça, dar uma melhorada nessa parte de dar o peso sem precisar ficar me preocupando muito e funcionou, deu certo. Dessa vez, eu estou muito tranquila nessa semana de luta".
Planos para o futuro
Bate-Estaca estreou no UFC em 2013, como a primeira brasileira contratada pelo evento, contra a norte-americana Liz Carmouche. Foi derrotada na primeira exibição, mas, de lá para cá, acumulou um cartel de 20 lutas, com 13 vitórias e sete derrotas, além de ter sido campeã dos peso-palha.
Ela confessa que já pensou em desistir do esporte em duas ocasiões, nas derrotas para Carmouche e Marion Reneau, também dos Estados Unidos. Atualmente, isso nem passa pela sua cabeça e ela planeja voos ainda mais altos no UFC.
"Hoje eu não penso mais em desistir. Eu acho que tem outras possibilidades dentro do UFC, como foi a de poder subir e ser a número 1 no ranking da categoria. Eu só perdi para Valentina Shevchenko [no peso mosca]. Isso faz uma grande diferença na minha carreira. Já foi o tempo de eu pensar 'não fui feita pra isso' , 'não é a minha praia'. Não penso mais."
Agora o pensamento é outro. Ela quer ser campeã em duas categorias diferentes. "Quem sabe agora vencendo a Amanda, tendo a oportunidade de disputar o cinturão e me tornar campeã da categoria dos peso-palha, eu tenha a chance de disputar o cinturão de novo na categoria dos 57 kg e aí poder levantar esses dois cinturões. Vai ser legal dizer caramba a gente ter mais uma brasileira que foi campeã em duas categorias diferentes", disse se referindo a Amanda Nunes. "Eu acho que as ambições sempre aumentam. Se eu tiver a oportunidade de lutar no 61 kg pelo cinturão também, eu vou também", diz.
Aos 30 anos, Jéssica nem pensa em parar de lutar e se espelha em Cris Cyborg, que tem 36 anos, para continuar lutando e quem sabe até mudar de esporte.
"Eu acho que se eu estiver num ápice bom ainda, a minha vontade é lutar até uns 40 anos. Ter mais uns 10 anos de carreira, mesmo que não sejam os dez dentro do MMA, mas cinco dentro MMA e mais cinco dentro do boxe. Eu acho que seria legal, eu venho treinando bastante boxe e venho me adaptando bem. Eu acho que eu me daria bem se fosse fazer uma luta de boxe".
O duelo entre Jéssica Andrade e Amanda Lemos está marcado para este sábado, no UFC Apex. O card preliminar começa às 19h (horário de Brasília), enquanto as lutas do principal estão agendadas a partir das 22h (de Brasília).
UFC Apex, em Las Vegas
Card Principal - A partir das 22h (horário de Brasília)
Peso palha (até 52,1 Kg): Amanda Lemos x Jéssica Andrade
Peso-leve (até 70,3 Kg): Clay Guida x Claudio Puelles
Peso-mosca (até 56,7 Kg): Maycee Barber x Montana De La Rosa
Peso-pesado (até 120,2 Kg): Alexandr Romanov x Chase Sherman
Peso-pena (até 65,7 Kg): Lando Vannata x Charles Jourdain
Card Preliminar - a partir das 19h (de Brasília)
Peso casado (até 86,1 Kg): Jordan Wright x Marc-Andre Barriualt
Peso meio-médio (até 77,1 Kg): Dwight Grant x Sergey Khandozhko
Peso meio-pesado (até 93 Kg): Tyson Pedro x Ike Villanueva
Peso-galo (até 61,2 Kg): Qileng Aori x Cameron Else
Peso meio-médio (até 77,1 Kg): Preston Parsons x Evan Elder
Peso meio-pesado (até 93 Kg): Marcin Prachnio x Philipe Lins
Peso meio-médio (até 77,1 Kg): Dean Barry x Mike Jackson
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.