'Tudo é possível': pilotos vão trocar de avião a mais de 4.000 m de altura
Se um simples salto de paraquedas já te dá aquele frio na barriga, imagine agora o seguinte cenário: você pula de um avião que está a mais de 4.000 metros de altura e precisa entrar em um outro avião, ao seu lado, para assumir o controle e realizar o pouso... Parece loucura? Com certeza é, mas esse plano maluco será executado hoje (24) por dois experientes pilotos e paraquedistas americanos da Red Bull —que, inclusive, são primos de primeiro grau.
Para quem quiser acompanhar a façanha, o evento será transmitido ao vivo para o Brasil pelo Twitch do Gaules, a partir das 20h (de Brasília), quando o famoso slogan 'Red Bull te dá asas' será, de certa forma, colocado em prática.
O plano após a decolagem das aeronaves é o seguinte: ao atingir uma altura de 4.267 metros, Luke e Andy saltarão de seus aviões que estarão em direção ao solo e os deixarão no piloto automático. Depois de um momento de queda livre, eles abrirão seus paraquedas e entrarão no outro avião para assumir o controle e então realizar o pouso.
Para tentar entender melhor o que vai rolar no céu do Arizona, nos Estados Unidos, o UOL Esporte conversou por vídeo com os dois pilotos: Luke Aikins, de 48 anos, e Andy Farrington, de 42. A quatro dias do evento, eles estavam aparentemente tranquilos, algo que certamente não acontecerá momentos antes da missão.
"Eu provavelmente vou mijar umas 20 vezes antes de a gente sair", brincou Luke. "Não importa quem você seja ou o quanto tem de experiência... Quando chega a hora pra valer, todo mundo dá uma tremida, sabe? Nós temos que descobrir algum jeito de dar uma acalmada, porque eu fico muito agitado", acrescentou Luke, responsável por idealizar o projeto que vem sendo chamado de Plane Swap (troca de avião, em português).
"Acho que a ansiedade ainda não está aqui. Mas quando o domingo chegar, mais ou menos uma hora antes da partida, acho que ela [ansiedade] vai aparecer e nós estaremos andando de um lado para o outro tentando ocupar a mente ao máximo", complementou Andy, que revelou qual deverá ser, para ele, a etapa mais complicada do processo.
"Vai ter uma hora em que estaremos ajoelhados perto da porta, precisando manter a formação ideal [dos aviões] e tendo a certeza de que estamos suficientemente perto, mas não tão perto, e que estamos no lugar certo, exato, antes de realizarmos o salto", explicou Andy.
O projeto, que tem o engenheiro, professor e piloto brasileiro Paulo Iscold por trás, é tão ousado e desafiador que vem sendo desenvolvido pela Red Bull e pelos pilotos há cerca de dez anos. Luke, que é piloto de avião e helicóptero e paraquedista com mais de 20 mil saltos no currículo, deu detalhes do que viveu nos últimos meses.
"Estou trabalhando nisso há cerca de um ano e meio, e em tempo integral nos últimos nove meses, todos os dias, o tempo todo. Então, para mim, é uma sensação diferente agora, porque terminamos a prática, terminamos a tentativa e erro e agora estamos apenas nos mantendo atualizados, treinados e prontos para fazer isso. Então a pressão está aumentando", pontuou.
Para Luke, o principal objetivo da missão é mostrar a todo mundo que 'tudo é possível'. "Para mim é superlegal, mas por um motivo diferente do que talvez você esteja pensando", disse ao ser questionado sobre o fato de o evento ser transmitido para o mundo inteiro.
Talvez role um pouco daquela coisa de ego, de você gostar que o mundo inteiro esteja vendo você, mas o principal mesmo, para mim, é mostrar para as pessoas que tudo é possível. Você não tem que fazer o que eu e o Andy fazemos, certo? Mas talvez sirva para alguém que está pensando em deixar o seu emprego para tentar um novo, ou para quem queira seguir uma nova carreira. Esse tipo de coisa pode inspirar pessoas a se arriscarem um pouco. A recompensa vale a pena. (Luke Aikins)
"Eu acho ótimo qualquer evento que seja ao vivo transmitido para o mundo inteiro. Todo mundo está sintonizado pela mesma razão, como se unisse o mundo inteiro em torno de algo incrível, positivo e único", acrescenta Andy.
Mais loucuras
O currículo de Luke Aikins e Andy Farrington é repleto de maluquices. Quer saber qual a maior delas de cada um deles? Eles contaram à reportagem.
"De longe foi o salto sem paraquedas que eu fiz anos atrás [30 de julho de 2016], em que eu pousei em uma pequena rede de proteção. Não sei se dá pra fazer mais que isso", brincou. "E não tenho o desejo de fazer de novo. Foi uma vez e pronto", divertiu-se Luke, que, inclusive, foi também o consultor para a realização do Red Bull Stratos, no qual Felix Baumgartner quebrou três recordes mundiais ao saltar de paraquedas da estratosfera usando um balão de hélio, há quase 10 anos.
Em seguida, foi a vez de Andy, que além de ter superado um câncer tem na bagagem mais de 26 mil saltos de paraquedas, além de ter sido dublê em filmes famosos de ação como Homem de Ferro 3 e Transformers 3.
"Eu diria que o voo de wingsuit [macacão com asas usado por paraquedistas para voos de alta performance] para o Transformers 3, em que eu e outras quatro pessoas pulamos da Willis Tower, no centro de uma cidade grande como Chicago, todos ao mesmo tempo. Essa foi muito boa", completou.
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