Werdum lembra 'manual do cagalhão' e panfletagem para voltar ao UFC
O lutador Fabrício Werdum, junto do também lutador Wanderlei Silva, participou do Podpah, um bate-papo com os apresentadores Igor Cavalari e Thiago Marques, o Mítico, e entre muitas histórias, revelou, com bom humor, que precisou fazer panfletagem para voltar ao UFC, e explicou a origem do 'manual do cagalhão'.
Sobre o manual, Werdum relembrou um episódio envolvendo Tito Ortiz, ex-campeão do UFC.
"Tem um manual, né? São umas regras implícitas da academia que a gente colocou em um manual. Por que existe isso? Teve um dia, estava na academia: eu, Wanderlei, o Anderson, Babalu, o [Maurício] Shogun também tava e o mestre chegou e falou 'vamos treinar, fazer um sparringzinho'. O Tito Ortiz também tava, o americano, bom pra caramba. Ele tava treinando com a gente já, mas ele não sabia que tava todo mundo na academia nesse dia. A gente ficou esperando ele", relembrou Werdum.
"Ele [Tito] chegou com a mochilinha dele nas costas, olhou, e todos nós no tatame. Ele passou, foi se trocar, na época o Tito tava com um problema com o Babalu. O Babalu já chegou, botou as luvas, e a gente esperando o Tito Ortiz. A gente começou a se perguntar, né? Cadê o Tito Ortiz? Ô Tito, aparece, e nada dele. Tito aparece aí, nada. Aí a gente foi ver. Sabe aquela porta de saída de emergência? Tava lá escrito 'exit', ele foi e saiu por trás. Ele fugiu, ele correu do treino, por isso começou o 'manual do cagalhão', é a foto do Tito Ortiz com medo correndo e olhando pra trás", explicou Werdum.
Ex-campeão do peso-pesado no UFC, Werdum acrescentou que, no manual, existem alguns macetes para evitar que os lutadores passem vergonha durante os treinos, por exemplo, ao elogiar um golpe do adversário ou dar dicas sobre a postura em uma imobilização.
Apesar da carreira de muito sucesso, Werdum recordou algumas fases mais complicadas. Entre elas, citou o período de mais de um ano sem poder lutar. Ex-campeão peso-médio do Pride e recordista em vitórias, Wanderlei Silva comentou sobre o momento duro do amigo:
"O Werdum é um dos caras mais focados que eu já vi. A gente treinou muito junto um período, e ele tava sem luta. Dez horas era o treino, 9h30 ele tava lá. Tudo dando errado, o dinheiro acabando, e ele tava ali. Ele sabia que se largasse, aí, sim, seria o fim. Tem que acreditar sempre, e ele sempre acreditou nisso, muito focado".
Werdum revelou que chegou a fazer uma campanha para chamar a atenção de Dana White, presidente do UFC, para poder voltar à organização.
"Às vezes, eu vejo os caras reclamando que não têm oportunidade, que querem, mas não conseguem, mas não é assim. Você tem que ir atrás e você cria a sua oportunidade. Uma vez eu cavei a oportunidade: Lutei quatro vezes no UFC, perdi a última. Na hora de negociar, eles queriam abaixar muito a minha bolsa. Eu fui pra outro evento, no StrikeForce, fui lá e fiz a melhor luta da minha vida contra o Fedor. Ganhei dois cinturões do UFC, mas não dá pra comparar, ali era o meu pior momento na carreira, tava desacreditado, tinha acabado de sair do UFC, não fechei o contrato, fiquei um ano e meio sem contrato, tava sem trabalho, mas só treinando, treinando todo dia", recordou.
"Eu tava pronto, aconteceu a oportunidade, contrato horrível, como se eu tivesse começado tudo de novo. Um ano e meio sem contrato, só gastando, nos Estados Unidos, gastando em dólar, quando eu vi a oportunidade, eu agarrei. Eu tava até com o Wanderlei, tava sendo corner dele, não tava lutando. Aí, nesse evento, que era concorrente do UFC, eu vi o Dana White passando e tive a ideia, era Twitter ainda, não tinha Instagram, eu criei uma hashtag lá, algo do tipo #WerdumnoRio2, que ia ter um evento no Rio de Janeiro, e pedi pro pessoal mandar pro Dana White."
Werdum reconhece que foi uma ideia improvisada e arriscada, mas que acabou dando certo:
"De um dia pro outro foram 9 mil mensagens, mas não foi o suficiente ainda. Tenho que cavar a oportunidade, tenho que ter algo palpável pra mostrar pro Dana. Fui no lobby do hotel, mandei imprimir todos, coloquei debaixo do braço e saí andando com isso no hotel. Wanderlei foi lá e pá. Na coletiva, encontrei com o Dana e dei o negócio na mão dele, as 9 mil páginas impressas. Ele falou que não dava, não queria, mas eu deixei na mão dele. Falei pra ele levar. Wanderlei foi lá e ganhou. Passou um tempo, eu tava de boa e recebi uma ligação, ali eu sabia, os caras me chamaram pra ir reunir com eles, me deram um contrato, falaram pra eu assinar, e eu assinei, nem olhei. Disse, 'Dana, vou ser campeão'. Eu olhava na cara dele e via que ele não acreditava. Tive que fazer cinco lutas até chegar no cinturão. Isso que eu tô falando de criar a oportunidade, podia acontecer? Podia, mas eu dei uma cavadinha. Eu acelerei isso. No final, aconteceu. Tem que cavar a oportunidade se quiser chegar onde tu quer", finalizou.
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