Em 12 de maio de 2002, a Fórmula 1 viveu um dos episódios mais controversos de sua história. Rubens Barrichello liderava o GP da Áustria, disputado no circuito de A1 Ring (atualmente chamado de Red Bull Ring) e parecia ter a vitória nas mãos. Parecia. Ao receber uma ordem direta da Ferrari, o brasileiro tirou o pé a poucos metros da linha de chegada e permitiu a ultrapassagem de Michael Schumacher, seu companheiro de equipe. A vitória do alemão foi sucedida por uma constrangedora cerimônia no pódio, em um dos momentos mais vergonhosos da categoria. Também nascia ali um dos bordões mais famosos das transmissões esportivas no Brasil: o "Hoje não! Hoje sim!".
Na edição especial da Live F1 do Seixas e do Flavio, transmitida pelo UOL Esporte nesta quinta-feira (12), os jornalistas Fábio Seixas e Flavio Gomes relembraram os 20 anos da maior marmelada da história da Fórmula 1. Os comentaristas conversaram com Cléber Machado, narrador da TV Globo naquele GP da Áustria e que ficaria eternizado pelo "Hoje não! Hoje não! Hoje sim...".
Em participação especial no programa (confira a entrevista completa no vídeo acima), Cleber contou como aquela corrida também marcou a história profissional dele. "Desde lá, você anda pela rua e de vez em quando alguém grita 'Hoje não!', "Hoje, sim!'. Fiquei muito na dúvida se havia dado uma mancada, feito uma bobagem, ou se aquilo foi natural. Não tenho problema algum em afirmar que fui absolutamente natural por toda essa sequência", contou o narrador.
Cleber se referiu ao que havia acontecido no mesmo GP da Áustria em 2001. A prova foi vencida por David Coulthard, da McLaren. O resultado o faria encostar em Schumacher na liderança do Mundial. O alemão estava em terceiro na prova, atrás de Barrichello. A Ferrari pediu ao brasileiro para ceder a posição ao companheiro, que chegou em segundo e evitou uma aproximação maior de Coulthard na disputa pelo título - que ficou mesmo nas mãos de Schumi.
O narrador recordou que, em 2002, Barrichello teve um excelente fim de semana no circuito austríaco. Por isso, achava que um novo episódio de inversão de posições não se repetiria. "O ano anterior já havia sido um pouco estranho, quando aconteceu mais ou menos a mesma coisa, mas em um grau menor. A Ferrari mandou o Barrichello dar o segundo lugar para o Schumacher. Em 2002, só me lembro do final da prova. Eu me lembro que o Barrichello dominou completamente o fim de semana, sendo mais rápido nos treinos livres e na classificação. Largou na pole e dominou a corrida", comentou.
Como Rubinho liderava a corrida com tranquilidade e pelo domínio dele em todo fim de semana, Cléber tinha certeza de que a vitória seria do brasileiro. A confiança, porém, transformou-se em frustração e indignação a poucos metros da linha de chegada. Esses sentimentos foram traduzidos no célebre "Hoje não! Hoje não! Hoje sim... Hoje sim?".
"Quando a corrida estava mais ou menos na metade, disse que o Barrichello estava bem e não aconteceria o mesmo do ano anterior. O Reginaldo Leme [comentarista da TV Globo na época] falou que não apostaria nisso. Ou seja: ele já estava em dúvida se a Ferrari não faria a mesma coisa. A corrida foi se desenvolvendo e, na última volta, fui bancar o ganhador da aposta. E aconteceu o que aconteceu", completou, aos risos, ao falar do bordão que o acompanharia por toda a carreira.
Não perca! A próxima edição da Live F1 do Seixas e do Flavio será logo após o GP da Espanha, em 22 de maio. Você pode acompanhar o programa pelo Canal UOL, no canal do UOL Esporte no Youtube e pelas redes sociais do UOL.
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