Nadadora que desmaiou em prova já tinha passado mal duas vezes, diz médico
Cees-Rein van den Hoogenband, presidente do Comitê Médico da Fina (Federação Internacional de Natação), disse ao jornal holandês NOS que a norte-americana Anita Álvarez, do nado artístico, que desmaiou dentro da piscina, já havia passado mal outras duas vezes em provas.
Ela deu um susto na última quarta-feira (22), ao perder a consciência embaixo d'água durante sua participação no Mundial de Esportes Aquáticos, em Budapeste, na Hungria. Álvarez, de 25 anos, foi salva por sua técnica, Andrea Fuentes, que disse que a atleta ficou dois minutos sem respirar. Após o episódio, ela foi avaliada pelo médico responsável pela equipe dos Estados Unidos, mas a Fina barrou sua volta à competição.
"Tivemos esse problema com essa garota há um ano na Espanha", disse Van den Hoogenband, se referindo ao desmaio de Álvarez em Barcelona, no ano passado, durante um torneio classificatório para a Olimpíada de Tóquio. "Esta é a terceira vez no total. Então é hora de investigar cuidadosamente o que está acontecendo com essa garota, se ainda não foi feito", continuou o médico da Fina, sem especificar o outro episódio.
Van den Hoogenband também comentou o motivo de ter sido Andrea Fuentes a responsável por tirar a atleta da água e não os socorristas da prova. "Você não pode mandar o salva-vidas para a água. Eles reagiram de forma completamente apropriada, eu vi as imagens novamente. Só que sua treinadora foi super-rápida."
Em comunicado, a Fina explicou que o regulamento permite que os socorristas só entrem na água após autorização dos juízes da prova.
"Somente os juízes, e somente eles, podem dar a ordem de pular na piscina para ajudar um competidor. Este protocolo é assim para evitar qualquer mal-entendido por parte dos salva-vidas", diz o comunicado da federação, que informou que vai rever a regra após o episódio.
Medalhista olímpica, Fuentes relatou que entrou na água justamente porque viu a inércia dos socorristas após a atleta não emergir para respirar depois do fim da série.
"Falei 'isso não é normal'. Gritei para os socorristas para que pulassem na água, mas não ouviam ou não entendiam. Fui o mais rápido possível, como se fosse uma final olímpica. Quando a tirei, não respirava e tinha a mandíbula muito contraída. Foi um desmaio por esforço. Vimos onde estava o limite", disse Fuentes em entrevista coletiva.
"Dias antes eu havia conversado sobre isso com os delegados da Federação Internacional e eles me disseram: 'Os salva-vidas estão prontos, você não precisa estragar tudo'. Mas assim que vi que Anita terminou a coreografia e não saiu para respirar, comecei a gritar com eles e eles não reagiram. Eles ficaram paralisados, entraram em pânico. Por isso me joguei e foi o mais rápido que pude", disse em outra entrevista ao Mundial.
Béla Merkely, chefe do serviço de saúde da Copa do Mundo na Hungria, rebateu Fuentes e disse que o atraso dos salva-vidas ocorreu por causa da regulamentação: "Ela não indicou nada. Na verdade, [mesmo] se tivesse indicado algo, isso exigiria a permissão do juiz", disse ao jornal húngaro RTL.
"Quando vimos isso, o salva-vidas encarregado do resgate na água também correu para a beira da piscina e puxou a atleta para fora. De acordo com as regras, o juiz principal dá permissão para entrar na água, mas, como a treinadora do atleta já havia pulado, o salva-vidas tomou a decisão certa e pulou também."
A Federação de Nado Artístico dos Estados Unidos informou em comunicado que, apesar do episódio, Álvarez está bem e foi examinada detalhadamente.
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