Piquet já disse ser 'Bolsonaro até a morte' e foi chofer do presidente
Um termo racista usado para se referir ao heptacampeão mundial Lewis Hamilton fez o ex-piloto Nelson Piquet voltar ao noticiário nesta semana. Um vídeo em que o brasileiro chama o britânico de 'neguinho', em entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, ganhou forte repercussão nas redes sociais e gerou até uma resposta em português do piloto da Mercedes. Quando usado de maneira pejorativa ou com a intenção de ofender, o termo usado por Piquet é considerado racista.
Nelson Piquet virou assunto nos últimos anos pelas opiniões e comentários sobre o que acontece fora das pistas e por seu posicionamento político. Ele se tornou um apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro (PL) e chegou a dizer, em entrevista à RedeTV, que é 'Bolsonaro até morrer'.
"Fiquei fã dele. Eu o conheci, ele me convidou para almoçar e a gente se deu bem. Nunca me envolvi em política na vida, hoje sou Bolsonaro até a morte. Se a gente não ajudar ele, se o povo não ajudar ele, eu acho que ele é a salvação do Brasil", disse.
A admiração fez com que o tricampeão mundial virasse chofer de Bolsonaro por um dia. A cena aconteceu no Dia da Independência, em 7 de setembro de 2021. Piquet dirigiu o Rolls-Royce presidencial na chegada do presidente à cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional. Ele estava acompanhado por crianças.
O Rolls-Royce conduzido por Piquet é o Silver Wraith de 1952, mantido pelo Ministério da Defesa. O modelo é usado por presidentes em ocasiões especiais, como a posse. O carro chegou ao Brasil ordenado por Getúlio Vargas.
A cena virou meme nas redes sociais. Internautas ironizaram a situação, dizendo que Piquet, muito tempo aposentado das pistas, 'virou motorista de aplicativo'. Na ocasião, Bolsonaro era criticado por participar de atos antidemocráticos. Ele esteve presente em manifestações que tinham apoiadores pedindo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
Dois meses depois, Piquet esteve afastado do GP de São Paulo, em novembro, recusando convites da organização da prova. O motivo, segundo publicou o colunista Fábio Seixas, no UOL, foi não ter a imagem ligada ao então governador João Doria. O ex-piloto sempre foi presença constante em Interlagos.
Bolsonaro e Doria eram adversários políticos — o ex-governador deixou a vida pública neste mês. O presidente defendeu a ideia de um autódromo no Rio de Janeiro e queria que a capital fluminense recebesse a Fórmula 1.
Doria, à época, rebateu a ideia: "Não é uma decisão política, emocional ou institucional. É uma decisão de negócio. A F-1 vai levar em conta esses argumentos, não há decisão tomada pelo período a partir de 2021". O Grande Prêmio aconteceu mesmo na capital paulista e, em uma espécie de alfinetada, ainda mudou de nome: deixou de ser GP do Brasil e virou GP de São Paulo.
Não é de hoje que membros da família de Piquet tentam diminuir a trajetória Hamilton. Em dezembro do ano passado, quando Max Verstappen foi campeão mundial, ultrapassando o britânico na última volta, Nelsinho Piquet, filho do ex-piloto e cunhado de Verstappen, gravou um vídeo celebrando a conquista e usando uma camiseta com os dizeres 'Patrão é meuzovo'. Patrão é a forma como Hamilton é chamado pelos fãs.
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