Deputado cria PL que tira nome de Piquet de autódromo: 'Indignou o Brasil'
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF) apresentou, nas últimas horas, um projeto de lei (PL) na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para mudar o nome do Autódromo Internacional Nelson Piquet, localizado em Brasília.
A ideia surgiu após as declarações racistas do ex-piloto de Fórmula 1, que chamou Lewis Hamilton (Mercedes) de "neguinho" mais de uma vez em uma entrevista concedida no ano passado — em português, o heptacampeão respondeu ao brasileiro nas redes sociais pedindo uma "mudança de mentalidade".
Em outro trecho da conversa, Piquet foi homofóbico com o britânico ao falar sobre Keke e Nico Rosberg, também ex-pilotos. "O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato? O neguinho devia estar dando mais c* naquela época, aí estava meio ruim."
De acordo com o Félix, "um local tão importante para a história do automobilismo não pode continuar homenageando uma pessoa que indignou o Brasil e o mundo com suas declarações racistas e LGBTfóbicas".
Inaugurado em 1974 sob alcunha de "Autódromo de Brasília", o espaço, de propriedade do governo local, foi pouco usado entre os anos 70 e 80 — somente no fim 1996, houve mudança de nome após Piquet tornar-se arrendatário da pista.
Em 2014, no entanto, o circuito foi fechado para reformas e, desde então, não recebe qualquer tipo de evento automobilístico.
Entenda o caso
Em novembro de 2021, Nelson Piquet concedeu entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira e, ao falar sobre acidente entre Hamilton e Verstappen no GP de Silverstone em 2021, se referiu ao piloto inglês como "neguinho", termo que é considerado racista.
"O neguinho meteu o carro e não deixou (Verstappen desviar). O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem", afirmou Piquet, que é sogro de Max Verstappen.
Apesar da publicação do vídeo datar do último ano, a fala veio à tona somente no mês passado, gerando grande repercussão nas redes sociais. Hamilton se manifestou nas redes sociais e também falou sobre o assunto em entrevistas ao longo do final de semana, dizendo que essas são 'mentalidades arcaicas' e que precisam ser mudadas. Diante de tudo o que ocorreu, Piquet se manifestou através de um comunicado pedindo desculpas.
"O que eu disse foi mal pensado, e eu não vou me defender por isso, mas eu vou deixar claro que o termo é um daqueles largamente e historicamente usados de forma coloquial no português brasileiro como sinônimo de 'cara' ou 'pessoa' e nunca com intenção de ofender. Eu nunca usaria a palavra que estou sendo acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele. Eu me desculpo com todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um grande piloto, mas a tradução em algumas mídias e que agora circula nas redes sociais não é correta. Discriminação não tem espaço na F1 ou na sociedade e estou feliz em deixar claro meus pensamentos sobre isso", disse.
Apesar das críticas e mesmo com o pedido de desculpas, Piquet foi denunciado ao MP pela utilização do termo racista. Fora do Brasil, Nelson recebeu o apoio de Bernie Ecclestone, ex-chefão da Fórmula 1. Segundo o britânico, Hamilton não deveria levar tão a sério as declarações do ex-piloto brasileiro, já que, de acordo com ele, é um termo normal.
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