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Vídeo mostra lutador Leandro Lo agredindo motoboy ao sair de bar em SP

Do UOL, em São Paulo

19/08/2022 04h00

O campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, assassinado com um tiro na cabeça há duas semanas, respondia a um processo por lesão corporal desde junho de 2021. Na ocasião, ele e amigos saíam de um bar no Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo, quando se envolveram em uma briga generalizada com dois motoboys que trabalhavam como entregadores de aplicativo. Em um vídeo anexado ao processo, o lutador aparece agredindo um dos profissionais.

Leandro Lo foi morto durante um show de pagode no Clube Sírio pelo tenente da PM Henrique Velozo, com quem tinha uma rixa iniciada na noite paulistana, semanas antes. O policial está preso. Ambos têm um histórico de agressões em bares, shows e baladas da cidade.

De acordo com o processo contra Leandro Lo, um tio, um primo e dois amigos, que tramita no Juizado Especial Criminal (Jecrim), o grupo estava saindo do bar Flutuar na noite de 3 de junho de 2021. Um motoboy parado no cruzamento buzinou duas vezes para apressar a travessia do lutador e seus amigos, que se irritaram e iniciaram uma discussão. Um segundo motoboy se aproximou para defender o colega, o que acirrou ainda mais os ânimos.

Leandro admitiu à polícia que atirou um copo de água em um dos motoboys e lhe desferiu três tapas no rosto. O profissional reconheceu, por sua vez, que atingiu o tio do atleta com um golpe de capacete. A briga se intensificou e foi registrada por uma câmera de segurança de um estabelecimento próximo. Na imagem, à qual a reportagem teve acesso, Leandro surge correndo em perseguição a um entregador. O homem cai no chão e é agredido com vários socos. Depois de uma sequência de golpes, o motoboy se afasta, mas é novamente alcançado pelo atleta.

Leandro - Reprodução - Reprodução
Lutador Leandro Lo foi detido pela polícia após se envolver em briga em junho de 2021
Imagem: Reprodução

Após a polícia abordar o grupo e interromper a briga, os dois motoboys e o tio de Leandro Lo foram a uma Unidade de Pronto Atendimento para tratar seus ferimentos. Segundo o exame de corpo de delito feito no dia seguinte, um dos entregadores e o tio do atleta ficaram com "lesões corporais leves". O entregador optou por denunciar o grupo pelas agressões, mas o tio não.

O caso chegou ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), que trata de crimes mais brandos. O Ministério Público ofereceu a dois dos parceiros do lutador a possibilidade de pagar uma multa de R$ 606 para evitar a denúncia criminal. Eles aceitaram e pagaram o valor. Já o lutador e outro amigo não responderam às tentativas de contato feitas pela Justiça. Leandro Lo não compareceu a duas audiências de conciliação e não foi encontrado por oficiais que tentaram intimá-lo. Por causa disso, o promotor Roberto Bacal o denunciou em 19 de maio de 2022 por lesão corporal dolosa, um crime que tem pena de prisão de três meses a um ano.

Leandro Lo tinha 33 anos e era um dos faixa-preta mais conhecidos do jiu-jitsu paulista. Foi oito vezes campeão mundial em cinco categorias diferentes e dava aulas e seminários sobre o esporte.

Agora, com a morte do lutador, o processo contra ele será extinto. O motoboy que o denunciou à Justiça foi localizado pela reportagem e preferiu não se pronunciar. "Houve sim uma rixa, como foi caracterizado pela polícia, e foi oferecida a transação penal", afirmou o advogado Adriano Salles Vanni, contratado pela família do lutador para auxiliar o Ministério Público no caso do homicídio.

"Leandro só não aceitou porque não foi encontrado. Se tivesse sido intimado, ele certamente aceitaria a transação para evitar um processo criminal."

Como foi a briga entre Leandro Lo e o PM Henrique Velozo

Henrique Velozo, tenente da Polícia Militar de São Paulo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Henrique Velozo, tenente da Polícia Militar de São Paulo
Imagem: Reprodução/Instagram

A defesa do PM Henrique Velozo afirma que ele atirou em Leandro Lo em legítima defesa, depois de se ver cercado por atleta e seus amigos no Clube Sírio. Testemunhas ouvidas pela polícia, no entanto, dizem que o policial provocou o lutador, foi imobilizado por ele e, após se desvencilhar, atirou na cabeça de Leandro. Ele também teria dado dois chutes no rosto do lutador.

Depois de matar o atleta, Velozo foi a um prostíbulo e depois a um motel, de acordo com a investigação policial.

O tenente tinha histórico de violência na noite e já havia sido condenado na Justiça militar por agredir um soldado em uma briga de bar enquanto estava de folga. Se for condenado pela morte de Leandro, Velozo pode pegar até 30 anos de prisão.