Topo

Tudo o que se sabe sobre o assassinato de Leandro Lo até agora

Leandro Lo foi assassinado no início de agosto de 2022 - Reprodução/Instagram
Leandro Lo foi assassinado no início de agosto de 2022 Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

21/08/2022 04h00Atualizada em 08/02/2023 08h41

O campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Pereira do Nascimento Lo foi morto no Clube Sírio, uma casa noturna localizada no bairro de Indianópolis, na zona sul de São Paulo, em agosto do ano passado. Ele foi baleado na cabeça pelo policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, que se entregou um dia após o episódio, devido a uma briga durante o show da banda Pixote.

Velozo se apresentou para a corregedoria da Polícia Militar em São Paulo no dia seguinte ao assassinato de Lo, foi escoltado ao 17º Distrito Policial para prestar depoimento e encaminhado ao presídio Romão Gomes na sequência. Na ocasião, o Ministério Público pediu a prisão temporária por 30 dias.

Segundo a mãe de Lo, Fátima, o filho e o PM já se conheciam e Velozo foi à casa noturna com a intenção de matar o campeão mundial. Os autos do inquérito da 16° Delegacia de Polícia, na Vila Clementino, informam que uma das testemunhas revelou que o policial havia provocado Leandro antes de pegar uma garrafa de uísque e ser imobilizado pelo campeão mundial. Em seguida, o PM teria retornado e disparado.

Tendo o PM como principal suspeito do assassinato, a delegacia responsável pelo caso fez a reconstituição do crime a pedido da defesa de Henrique Velozo.

No último fim de semana, a jogadora de vôlei Key Alves, que está participando do BBB 23, disse ter testemunhado o crime. O advogado de Velozo fez uma petição à Justiça para que ela seja intimada a prestar depoimento.

A primeira audiência estava prevista inicialmente para 3 de fevereiro, mas mudou para 24 de março deste ano. A informação foi confirmada ao UOL pela defesa de Lo

O UOL detalha tudo o que já se sabe sobre o assassinato de Leandro Lo.

Justa causa?

A investigação já descartou legítima defesa —alegada pela defesa do PM — por parte de Henrique Velozo. O autor do disparo foi denunciado por homicídio qualificado e está preso preventivamente por 30 dias —prorrogáveis por mais 30.

Segundo o advogado da família de Leandro Lo, Ivã Siqueira, Velozo foi até a mesa em que o lutador estava com cinco amigos e pegou uma garrafa de cima da mesa. "As testemunhas relatam que ele chacoalhou a garrafa, fez algumas insinuações, e saiu com a bebida. Foi quando Leandro o imobilizou e o deixou no chão, pegando a garrafa de volta", explicou o advogado.

O lutador teria pedido que o homem fosse embora. "Ele insinuou que iria embora, deu dois passos para trás, sacou uma arma e atirou. Deu um tiro único na cabeça do Leandro", relatou. O lutador foi levado ao Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, mas não resistiu ao ferimento.

Mais armados

Velozo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Henrique Velozo, tenente da Polícia Militar de São Paulo
Imagem: Reprodução/Instagram

Além do responsável pelo tiro, o delegado José Eduardo Jorge, titular do 16° DP da Vila Clementino, informou que outras nove pessoas portavam armas durante o show no Clube Sírio

"Tinham mais nove pessoas armadas lá dentro, inclusive pessoas que estavam a trabalho, como policiais civis, militares e penitenciários que estavam fazendo escolta. Todas as pessoas — até onde sabemos — que entraram armadas deixaram seus nomes e seus documentos na portaria do clube. É o procedimento. O próprio policial também."

Ainda de acordo com a autoridade, a imagem fornecida pelo Clube Sírio no momento do disparo "é muito ruim". "Não tem condição nenhuma de você reconhecer ninguém", finalizou o delegado.

A Briga

Segundo o depoimento de um amigo de Leandro, o tenente Henrique Velozo abordou Leandro e colocou copos vazios em suas mãos. O ato, visto como uma provocação, incomodou o campeão mundial, que relatou o incômodo ao amigo.

Imediatamente após essa provocação, ainda segundo a testemunha, Henrique Velozo voltou à mesa de Leandro Lo, pegou uma garrafa de uísque e a ergueu, em "nítida provocação" ao lutador. Segundo as testemunhas, Leandro Lo então derrubou o PM e posicionou-se sobre o peito do policial.

"O autor [Henrique Velozo], após se levantar, caminhou alguns metros em sentido oposto ao de Leandro, dando indícios de que a desavença havia cessado e que deixaria o lugar, todavia, de maneira brusca e inesperada, sacou uma arma de fogo que levava consigo sob suas vestes, presa ao cós de sua calça, voltou-se para a vítima e disparou contra a sua face, alvejando-a na testa", afirma o relatório da polícia, descrevendo o relato de uma das testemunhas.

E o PM?

Velozo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Henrique Velozo, tenente da Polícia Militar de São Paulo
Imagem: Reprodução/Instagram

Apontado como responsável pelo assassinato de Leandro Lo, Henrique Velozo tinha ligação com as artes marciais e frequentava o tatame da Escola de Educação Física da Polícia Militar, na região central de São Paulo.

Além disso, após a briga que culminou na morte de Lo, o PM foi à boate Bahamas, tradicional prostíbulo em São Paulo. Imagens de câmeras de segurança mostram o policial entrando na boate às 3h04 e saindo duas horas depois, acompanhado de uma mulher não identificada.

Na ocasião, ele pagou por uma garrafa de um litro de uísque e duas doses de gim com energético. A Polícia Civil informou que, depois de visitar o prostíbulo, o tenente foi ao motel Astúrias, na zona oeste da capital paulista.

Para completar, o tenente tinha histórico de violência na noite e já havia sido condenado na Justiça militar por agredir um soldado em uma briga de bar enquanto estava de folga. Se for condenado pela morte de Leandro, Velozo pode pegar até 30 anos de prisão.

Conta no Instagram

No último dia 15, o perfil do tenente da PM Henrique Velozo foi reativado no Instagram, o que revoltou a família do lutador de jiu-jítsu. Velozo conta com mais de 32 mil seguidores em seu perfil na rede social e tem fotos fardado, armado e com bebidas.

A defesa do tenente disse que o celular do policial foi ilegalmente acessado e sua conta foi reativada contra sua vontade. O aparelho foi entregue aos investigadores da Polícia Civil de São Paulo quando Velozo foi preso.