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Chef troca panela pelo guidão em aventura gastronômica no Rally dos Sertões

Chef Olivier Anquier disputará o Rally dos Sertões este ano - Reprodução/Instagram
Chef Olivier Anquier disputará o Rally dos Sertões este ano Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

26/08/2022 04h00

Linguiça, bacon, arroz, feijão, queijo coalho e um pouco de barro. Essa é a mistura que guiará o chef Olivier Anquier na disputa de seu segundo Rally dos Sertões. Aos 62 anos, o francês adiciona, de moto, mais um ponto em sua "constância de vida" pelo Brasil e promete um tradicional baião de dois antes mesmo de cruzar a linha de chegada.

No Brasil há quase meio século e naturalizado brasileiro, Olivier abre um sorriso toda vez que cita o país que o acolheu e ensinou a apreciar cerveja e futebol. E agora aproveitou a edição histórica da competição para, uma vez mais, desbravar as estradas brasileiras.

Esta edição do Rally dos Sertões ocorre entre os dias 26 de agosto e 10 de setembro. Ao todo, serão 14 etapas, com largada em Foz do Iguaçu (PR) e chegada em Salinópolis (PA). Ao todo, Olivier percorrerá os 7.216km do trajeto por solo brasileiro.

Com sede de viver a aventura sem se preocupar com o resultado, Olivier se preparou fisicamente para o rali e fez da natação e da bicicleta suas aliadas. Quanto aos treinos de moto, estão paralisados há um mês, pois, segundo ele, "não é bom puxar demasiadamente o rabo do diabo".

Mas e a comida? Se as refeições serão "simples, consistentes e reguladas" durante as etapas, Olivier vestirá o dolmã em Palmas (TO) para preparar um baião de dois para toda a sua equipe.

Olivier - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

"No único dia de descanso que nós vamos ter, que é numa passagem de uma fase do rali para outra, eu vou preparar um prato para toda a equipe e os patrocinadores. Eu vou fazer um mega baião de dois, ao vivo, para todo mundo. Baião de dois mais Sertões não tem", disse Olivier em entrevista ao UOL Esporte.

Nos outros dias, porém, as cozinheiras da equipe de Oliver — que conta, ao todo, com 13 competidores de motos — serão as responsáveis pelas refeições.

"As cozinheiras já prepararam muitas coisas com antecedência. É uma cozinha simples, consistente, bem regulada. Vai ter bastante arroz, bastante feijão, proteína. Vai ser cozinha boa, consistente e brasileira", explicou o chef de cozinha.

Diretamente da França

Olivier moto - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Chef Olivier disputa o Rally dos Sertões pela segunda vez
Imagem: Reprodução/Instagram

Olivier já disputou outros ralis e se aventurou em trilhas e passeios ao redor do Brasil. Mas de onde veio o interesse pela motocicleta? Do interior da França, mais precisamente das estradas de terra ao redor da casa da avó.

"A motocicleta é algo que eu carrego comigo. Comecei essa relação quando era menor de idade, com uns 12 anos, com o meu irmão, na casa da minha avó, no interior da França. O jardineiro da minha avó vinha de mobilete para trabalhar e, enquanto ele estava capinando, nós pegávamos a mobilete emprestada e praticávamos a destreza de pilotar fora da rua", explicou Olivier.

Outro pilar desse carinho de Olivier pelas motos vem de sua mãe, Myriam Wever Anquier, que passeava com o garoto pelos arredores de Paris.

"Minha mãe, nos anos 1970, foi umas das primeiras mulheres parisienses a andar verdadeiramente de moto. Eu estudava em um internato que ficava há muitas centenas de quilômetros da casa da família, em Paris, e ela me levava, na volta das férias, na garupa da moto dela. Ela aproveitava para fazer essa viagem de moto, me colocando na garupa. Então, tenho vivências com a motocicleta desde sempre. A motocicleta nunca foi distante de mim, sempre foi algo do meu cotidiano, tanto como veículo de lazer quanto ferramenta de trabalho", contou.

Décadas depois, Olivier realizou o sonho de "disputar um grande rali" e a experiência foi tão positiva que ele resolveu, dois anos mais tarde, repetir.

"Eu sempre sonhei em fazer um grande ralli. O Dakar não era do meu alcance [8.375 quilômetros em 14 dias], era outra realidade, mas tem o segundo maior rali do mundo, que é o dos Sertões. Entrei neste mundo dos ralis para poder realizar esse sonho, e este ano eu decidi fazer por ser uma edição de aniversário, que atravessa o país inteiro. Não queria desperdiçar a oportunidade", disse.