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Surfe: 5 motivos que fazem de Filipinho o grande favorito ao título mundial

Filipe Toledo é o favorito para ser campeão mundial de surfe - Thiago Diz/World Surf League
Filipe Toledo é o favorito para ser campeão mundial de surfe Imagem: Thiago Diz/World Surf League
Gustavo Setti e Marcello De Vico

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Santos (SP)

03/09/2022 04h00

Filipe Toledo chega para a grande final do Circuito Mundial de Surfe com o roteiro perfeito para ser campeão no WSL Finals, que ocorre em Trestles, em San Clemente, nos Estados Unidos. A primeira chamada é na próxima quinta-feira (8). O brasileiro surfa em casa, é o líder do ranking e chega como principal favorito ao título. Até dormir na própria cama virou um diferencial.

Surfando em casa

Filipinho é de Ubatuba, no litoral de São Paulo, mas vive em San Clemente desde 2014 e já pode ser considerado um surfista local do lugar. Ele conhece muito bem a onda e tem um ótimo retrospecto em Trestles.

O brasileiro foi campeão nesta praia em 2017, quando o local recebia uma etapa da temporada regular do Circuito Mundial. No total, venceu 16 das 22 baterias que disputou em Trestles. O bom retrospecto ainda aumentou em 2021. No ano passado, Filipinho era o terceiro do ranking, mas bateu Ítalo Ferreira (então número 2 do mundo) na semifinal e só caiu para Gabriel Medina na grande decisão do WSL Finals, se tornando vice-campeão mundial pela primeira vez na carreira.

"Estou em casa, com meus filhos, com a minha família, dormindo na minha cama, comendo comida boa. Estou no meu conforto. Então, estou me sentindo bem, estou feliz. Estou amarradão com tudo que está acontecendo, aproveitando o processo e é só fazer o meu melhor dentro d'água", disse em entrevista ao UOL Esporte.

Filipe Toledo, durante o WSL Finals de 2021, em Trestles - Tony Heff/World Surf League - Tony Heff/World Surf League
Filipe Toledo, durante o WSL Finals de 2021, em Trestles
Imagem: Tony Heff/World Surf League

Favorito até para campeões mundiais

Medina e Ítalo, inclusive, são algumas das vozes que apontam o favoritismo de Filipinho. "O Filipe, no final, é o cara a ser batido nesse campeonato, até porque é o número 1, e sei que será um adversário duro, até porque está tentando o seu primeiro título", afirmou Ítalo.

"Ele é o cara a ser batido. A minha torcida é para ele. Quando eu saí da água com ele na final do ano passado, eu falei: 'cara, seu dia vai chegar'. Porque ele é esforçado, super talentoso. E falta o dele", declarou Medina ao SporTV.

E ainda teve moral do americano Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial:

Filipe Toledo é o melhor surfista em Trestles que eu já vi Kelly Slater

Melhor ano da carreira

Filipinho faz em 2022 o melhor ano de sua carreira no Circuito. Ele assumiu a liderança do ranking na quarta etapa da temporada, em abril, e manteve a ponta até agora. Em dez eventos, fez cinco finais e venceu duas: Bells Beach (Austrália) e Saquarema (Brasil). O surfista se garantiu no top 5 do ranking ainda na etapa brasileira, em junho, e já carimbou seu lugar no Finals quando ainda restavam mais dois eventos para serem disputados.

"Eu evoluí muito, ganhei muita experiência durante os anos. Cheguei sem experiência nenhuma, como em 2015, outros anos... Agora sinto que estou bem experiente. Não posso negar que é o melhor ano da minha carreira, muito constante com resultados, e acho que agora é questão de tempo", declarou.

Filipe Toledo comemora vitória no Oi Rio Pro 2022, em Saquarema - Buda Mendes/Getty Images - Buda Mendes/Getty Images
Filipe Toledo comemora vitória no Oi Rio Pro 2022, em Saquarema
Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Já garantido na final da final

Depois de Saquarema, Toledo teve resultados ruins na África do Sul e no Taiti, mas ainda assim conseguiu se segurar na liderança do ranking. Isso significa que Filipinho já está garantido na grande decisão do Finals. Em Trestles, o japonês Kanoa Igarashi (quinto do ranking) enfrenta o brasileiro Ítalo Ferreira (quarto). Quem vencer pega o australiano Ethan Ewing (terceiro) na sequência. O novo vencedor encara o australiano Jack Robinson (vice-líder). Por fim, o sobrevivente disputa o título mundial contra Toledo na melhor de três baterias.

Adeus, estresse

A primeira vez que Filipe brigou pelo título mundial foi em 2015, quando tinha apenas 20 anos. Desde então, sempre bateu na trave. A falta de experiência também fez com que ele protagonizasse uma polêmica em 2017, quando ficou indignado com uma decisão dos juízes em Saquarema e precisou ser contido por seguranças. A postura mudou desde então. E o principal: está mais focado e relaxado.

"Faz parte da consequência do amadurecimento que ele tem, mais maduro, mais consciência de erros e acertos e, principalmente, tentar curtir o processo, não deixar ser estressante, negativo, estar sempre com a mente positiva, curtindo para estar mais leve e com a cabeça mais tranquila. Faz parte do amadurecimento de todo mundo, do estafe inteiro, as pessoas do entorno mais tranquilas para encarar todas as situações", disse Luiz Campos 'Pinga', técnico de Filipinho.

O Filipe está feliz, o mais tranquilo possível para que consiga dar o melhor dele. Está tudo lá. A gente acredita que ele estando feliz, dando o melhor dele, as coisas podem acontecer da maneira que a gente acredita. Luiz "Pinga"