Surfe: Quem é o caça-talentos por trás de três títulos mundiais do Brasil
O Brasil chegou hoje (8), com a vitória de Filipe Toledo, ao sexto título mundial de surfe. Gabriel Medina deu início à supremacia brasileira com a conquista de 2014 — ele ainda levantou os canecos de 2018 e 2021. Em seguida, vieram Adriano de Souza, em 2015, Italo Ferreira, em 2019, e agora Filipinho. Exceção feita ao tri de Medina, todos os títulos têm algo em comum: o dedo do técnico Luiz Henrique, o Pinga.
Considerado o maior descobrir de talentos do surfe nacional, Pinga começou a trabalhar com Filipe Toledo em 2020. Se até então ele era conhecido mais por revelar atletas, como uma espécie de olheiro nas categorias de base no futebol, agora foi a vez de ele chamar para si uma missão um pouco diferente: pegar um profissional já formado como Filipinho, vice em 2021 e terceiro em 2018, e transformá-lo em campeão. E para Pinga, missão dada é missão cumprida.
A contratação do manager/treinador contou com a aprovação de Ricardo Toledo, pai de Filipe, bicampeão brasileiro de surfe e com quem Pinga tem relação desde os anos 80.
"Conheço o Ricardinho e a Mari [mãe de Filipe] há muito tempo. Minha relação com eles sempre foi muito legal, a gente se deu super bem desde os anos 80. Vou juntar minha experiência com a do Ricardo. Essa soma vai ser muito bacana, proveitosa. A ideia é dar tranquilidade para fazer com que o Filipe fique mais forte mental e fisicamente, tenha mais energia e força para as competições e seja feliz", disse Pinga em comunicado à imprensa em 2020.
O surfista de Ubatuba (SP) já havia batido na trave algumas vezes, como em 2019 e 2021, mas ainda faltava alguma coisa. Era quase unanimidade no mundo do surfe que o título de Filipinho era questão de tempo. Faltava só ele ajustar a questão psicológica, e foi o que aconteceu.
Em entrevista recente ao UOL Esporte, Luiz Pinga falou sobre a mudança de postura de Filipe Toledo, que parou de encarar a pressão pelo título como algo negativo e se tornou um competidor mais focado e relaxado dentro e fora da água.
"Faz parte da consequência do amadurecimento que ele tem, mais maduro, mais consciência de erros e acertos e, principalmente, tentar curtir o processo, não deixar ser estressante, negativo, estar sempre com a mente positiva, curtindo para estar mais leve e com a cabeça mais tranquila. Faz parte do amadurecimento de todo mundo, do estafe inteiro, as pessoas do entorno mais tranquilas para encarar todas as situações", afirmou Pinga.
"O Filipe está feliz, o mais tranquilo possível para que consiga dar o melhor dele. Está tudo lá. A gente acredita que ele estando feliz, dando o melhor dele, as coisas podem acontecer da maneira que a gente acredita", complementou o treinador, uma semana antes do WSL Finals.
O descobridor de Italo e Mineirinho
Com Adriano de Souza e Italo Ferreira, a história com Pinga foi diferente. O técnico não fazia mais parte da equipe dos surfistas quando eles se consagraram campeões mundiais, em 2015 e 2019, mas foi o responsável por dar início às carreiras dos dois quando ainda meninos.
O olhar e experiência de Pinga conseguiram identificar os talentos de Mineirinho e Italo muito cedo, com dez e 12 anos, respectivamente. Mas muito do que ele ensinou está até hoje com os brasileiros, que nunca deixaram de dar os devidos créditos ao treinador consagrado no surfe.
"É muita emoção, estou até sem palavras, mas primeiro de tudo preciso agradecer muito ao Pinga, que sempre me apoiou e acreditou que este dia iria chegar. É uma emoção indescritível que estou vivendo hoje", disse Mineirinho após vencer a etapa do Rio em 2011 e assumir a liderança do circuito.
Já a relação de Pinga com Italo é citada até no perfil do surfista potiguar que consta na página oficial da Liga Mundial de Surfe (WSL): "Depois de passar para uma prancha de verdade [após começar com isopor], o progresso inicial de Italo foi notado pela primeira vez e depois alimentado por Jadson André e pelo célebre olheiro e técnico Luiz 'Pinga' Campos".
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