Anderson Silva fala sobre saída do UFC: 'Carta de alforria foi assinada'
Anderson Silva, ex-campeão do peso médio do UFC (até 84 kg), se aposentou do MMA em outubro de 2020, quando foi nocauteado para o jamaicano Uriah Hall. Em entrevista ao 'Combate', o Spider relembrou sua saída da principal organização de MMA do mundo e a comparou com uma carta de alforria — documento que era dado ou vendido a um escravo pelo seu proprietário, um símbolo de libertação.
"Foi um presente que ganhei ter saído do UFC, ter saído do contrato. Foi um grande aprendizado saber o que fazer e o que não fazer. O que tenho que fazer aqui? Agora sou dono do meu destino, a carta de alforria foi assinada, o que tenho que fazer agora? O que está errado e o que está certo? Como é a imagem do Anderson como marca? Como é a imagem do Anderson como atleta? Como é a imagem do Anderson fora das lutas? Vamos organizar isso", disse Anderson.
Se aventurando no mundo do boxe desde a aposentadoria no MMA, Anderson fará sua próxima luta no dia 29 de outubro, contra Jake Paul, em Phoenix (EUA), na Arena Gila River. O duelo será disputado no peso combinado de 187 libras (84,8 kg), com duração prevista de oito rounds.
Apesar de ser um rival, Anderson elogiou o trabalho feito pelos irmãos Paul, Jake e Logan, no boxe e as críticas que eles têm feito aos pagamentos dos lutadores do UFC.
"As pessoas gostam muito de criticar quem está fazendo. Os moleques abriram um símbolo de interrogação muito grande sobre os esportes de combate. E está abrindo a mente de muita gente, abrindo a cabeça de muita gente que está presa em contratos e situações. Por que não você ser dono do seu passe? Os moleques estão fazendo o trabalho deles e fazendo um bom trabalho", acrescentou.
Em entrevistas para promover a luta, Jake Paul afirmou que acredita que Anderson receberá o maior pagamento de sua carreira aos 47 anos na luta contra ele. A maior marca da carreira do brasileiro aconteceu em 2017, no UFC 208, quando venceu Derek Brunson — Spider embolsou 820 mil dólares (cerca de R$ 4,17 milhões na cotação atual).
Anderson atribuiu os pagamentos ruins aos lutadores de MMA pela própria comunidade que 'não se prepara para isso'.
"Os lutadores têm que ter a coragem de se unir e a capacidade de entender o valor deles dentro do mercado. E cada um deles fazer o seu melhor para que estejam unidos e briguem pelo que for melhor para eles. Não tem como um cara só brigar. [Às vezes] chega alguém e fala: 'vem que vou te pagar 30 milhões; vem que vou te pagar 50 milhões; vem que vou te pagar cinco vezes mais do que você ganhou numa luta no UFC'. É muito fácil você falar isso quando não tem o contrato assinado, quando não tem alguém te representando", falou.
"As pessoas precisam se unir, os atletas precisam se unir, os atletas precisam rever seus empresários, rever seu time de marketing, seu time de business, para chegar num consenso todos juntos e chegar no que querem. Não adianta ficar reclamando que o [boxeador] Tyson Fury fez não sei quantos bilhões e o peso-pesado do MMA não fez 1% ou 0,1%. Tem que brigar antes, tem que se preparar antes. A comunidade do MMA não se prepara para isso", concluiu.
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