UFC: Charles Do Bronx busca cinturão para ser campeão do povo na TV aberta
Maior nome do MMA brasileiro na atualidade, Charles Do Bronx encara Islam Makhachev na luta principal do UFC 280, em Abu Dhabi, amanhã (22), valendo o título vago dos pesos-leves (70 kg). O evento é importante para a TV Band, que assumirá a transmissão do torneio a partir de 2023 e quer o nome popular no topo, mas tem também um significado extra para o lutador.
Vencendo ou perdendo o duelo contra Makhachev, Charles muito provavelmente estará na grade da emissora em 2023. A condição naturalmente anima Do Bronx, que nunca teve a oportunidade de lutar em TV aberta, e pode ser uma alavanca para o paulista se tornar o novo campeão do 'povo' no Brasil, assim como já aconteceu com Anderson Silva e José Aldo, que tiveram suas popularidades alavancadas por combates transmitidos na Globo.
"O UFC vindo para a TV aberta é uma nova história, uma nova jornada. O UFC cresce muito, e a gente, lutador, também cresce. Quantos milhares de pessoas queriam assistir ao UFC e não conseguiam por ser num canal fechado? Eu ouvi falar que não vai ser só a luta. Vai ter entrevista, outras coisas. Com certeza vai elevar o nome dos lutadores brasileiros. Vai ser muito importante para todos nós", disse Charles do Bronx em entrevista ao UOL Esporte.
A polêmica com a balança na última luta pelo UFC, quando venceu Justin Gaethje, mas perdeu o cinturão por não bater o peso, ajudou a popularizar ainda mais Charles do Bronx, que constrói há anos um legado dentro do octógono.
Natural do Guarujá, onde teve uma infância humilde, Charles Oliveira ganhou o apelido justamente por representar a quebrada e valorizar a sua origem até os dias atuais.
Aos 33 anos, o lutador diz estar no auge da carreira, marcada pelo estilo agressivo dentro do cage, mas carismático fora dele.
"Eu estou no melhor momento da minha carreira. Tem muita coisa para acontecer ainda. Eu quero continuar fazendo história, aumentar esse legado. Continuar mostrando para todo mundo que um moleque que veio da comunidade pode, sim, se tornar algo gigante na vida. Continuar campeão no peso-leve. Você estar bem. Eu quero lutar enquanto estiver bem. Enquanto meu corpo estiver bem, eu quero lutar", disse.
Charles ignora rival e não muda preparação
Charles do Bronx foi bombardeado de perguntas sobre o episódio de maio deste ano, quando não bateu o peso da divisão leve e perdeu o cinturão no início do mês. À reportagem, ele reforçou o discurso de que foi roubado e que 'virou a página'.
"O mais importante é todo mundo entender: são coisas que não têm que acontecer. Porque não é simplesmente um cinturão, é uma história, um legado. Eu demorei 11 anos para ser campeão. Eu perdi, eu venci, eu aprendi, eu cresci. As pessoas pegarem assim e simplesmente tirarem [o cinturão] é fácil só para quem nunca tomou um soco na cara, pra quem nunca suou."
O lutador contou que teve de ser forte psicologicamente para lidar com o episódio, que consolou o pai chorando no telefone, mas reforçou: a preparação para a luta deste sábado não foi alterada por causa do problema com a pesagem. O UOL conversou com uma pessoa próxima ao lutador, que está em Abu Dhabi, e ouviu o mesmo discurso.
Charles também disse não dar ouvidos a provocações vindas da equipe ou de simpatizantes de Islam Makhachev, adversário que terá torcida a favor neste sábado e também chega embalado: são dez vitórias seguidas no octógono.
"Do fundo do meu coração, nessas últimas 11 vitórias minhas eu me preocupei muito com o que o Charles poderia levar para dentro do cage, e não com que o adversário poderia trazer. Pra essa luta não vai ser diferente. Lógico: a gente estudou, analisou. Mas eu quero o mesmo Charles de sempre, agressivo, que anda pra frente, que procura a vitória o tempo inteiro. É isso que vou fazer. Estando feliz, ousado, alegre. É o mais importante", assegurou.
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