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Astro da NBA vive abalo na carreira após post antissemita e suspensão

Rei das polêmicas, Kyrie foi suspenso pelos Nets e perdeu contrato com a Nike - GettyImages
Rei das polêmicas, Kyrie foi suspenso pelos Nets e perdeu contrato com a Nike Imagem: GettyImages

Roberto Oliveira

Colaboração para o UOL, em Salvador

06/11/2022 04h00

Campeão da NBA pelo Cleveland Cavaliers e uma das estrelas do Brooklyn Nets, o armador Kyrie Irving está enfrentando o maior abalo de sua carreira —já marcada por controvérsias.

Após compartilhar nas redes sociais um livro e um filme que continham narrativas antissemitas, Irving relutou em se desculpar e o caso ganhou uma repercussão imensa nos EUA. Resultado: acabou suspenso por 5 jogos (sem direito a pagamento) pelo próprio Nets e teve seu contrato com a Nike rescindido.

"Na Nike, acreditamos que não há lugar para discursos de ódio e condenamos qualquer forma de antissemitismo. Assim, tomamos a decisão de suspender imediatamente nosso relacionamento com Kyrie Irving e não lançaremos mais o Kyrie 8. Estamos profundamente entristecidos e desapontados com a situação e seu impacto em todos", disse a empresa em nota oficial.

Irving teria sua próxima linha de tênis, o Kyrie 8, lançada na próxima terça-feira (8). Os produtos assinados pelo armador do Nets são um sucesso da marca nos EUA e, entre os jogadores em atividade, só são menos vendidos que os artigos da linha de LeBron James. Ele estava ligado à Nike desde 2014 e tinha contrato até outubro do ano que vem.

Com o estrago feito, Kyrie, enfim, voltou atrás e pediu desculpas públicas por meio de uma postagem no Instagram. "Enquanto pesquisava sobre YHWH [tetragrama hebraico que indica o nome próprio de Deus], publiquei um documentário que continha algumas declarações antissemitas falsas, narrativas e linguagem que eram falsas e ofensivas à raça/religião judaica, e assumo total responsabilidade por minhas ações".

"Para todas as famílias e comunidades judaicas que estão feridas e afetadas pelo meu post, lamento profundamente ter causado dor a vocês e peço desculpas. Eu não tinha qualquer intenção de desrespeitar a história cultural judaica em relação ao Holocausto ou perpetuar qualquer ódio. Estou aprendendo com este evento infeliz e espero que possamos encontrar entendimento entre todos nós", escreveu Irving.

Aos 30 anos, o companheiro de Kevin Durant no Brooklyn é considerado um dos jogadores mais habilidosos da história da NBA, mas acumula posicionamentos polêmicos nos últimos anos.

Antivacina e Terra plana

Entre as controvérsias em que já se meteu, duas marcaram Kyrie Irving na NBA. A última delas foi na temporada passada, quando o armador do Nets só atuou em 29 dos 82 jogos da temporada regular porque se recusou a tomar a vacina contra a Covid-19. Segundo ele, os governos aproveitariam os imunizantes para implantar chips nos cidadãos —"fake news" que circulou bastante nas bolhas negacionistas.

Como Nova York exigiu a vacinação de pessoas para ambientes fechados, a exemplo das arenas esportivas, Irving não pôde atuar na Barclays Center e começou a temporada afastado do time. Depois, ele até foi reintegrado ao Nets, mas só jogou as partidas fora de casa e prejudicou bastante o entrosamento da equipe, varrida pelo Boston Celtics na primeira rodada dos playoffs.

Quatro anos antes, em 2017, Kyrie já tinha chocado o mundo da NBA ao confessar em uma entrevista ao podcast "Road Trippin", dos ex-companheiros de Cleveland Cavaliers Richard Jefferson e Channing Frye, que acreditava que a Terra era plana. "E isso nem é uma teoria da conspiração, está bem na nossa cara, eles mentem para nós", afirmou.

O caso pegou muito mal. Diante da repercussão negativa, Kyrie voltou atrás e se desculpou publicamente —roteiro que se repete agora. À época, ele inclusive admitiu ter recebido reclamações de professores que precisaram mudar seus planos de aula em função das declarações conspiratórias do armador, que é vice-presidente da Associação dos Jogadores e uma das vozes mais influentes na NBA.