Como Vettel e Hamilton transformaram rivalidade em 'inesperada amizade'
Do UOL, em São Paulo
10/11/2022 04h00
Presentes no atual grid da Fórmula 1, os experientes Sebastian Vettel e Lewis Hamilton fazem parte, ao lado de Michael Schumacher, Juan Manuel Fangio e Alain Prost, do rol que reúne os cinco maiores vencedores da história da categoria.
Juntos, o alemão e o britânico somam 11 títulos. Eles monopolizaram, na década passada, as conquistas: de 2008 a 2020, apenas Jenson Button (2009) e Nico Rosberg (2016) conseguiram "furar" a dupla com conquistas mundiais.
Apesar da briga por títulos, ambos, diferentemente de filmes bastante conhecidos da F1, não se tornaram inimigos. Pelo contrário: os dois mantêm uma "inesperada" amizade, como ressaltou o próprio piloto da Mercedes, ontem, ao falar sobre o futuro aposentado tetracampeão.
"Nossa relação não tem sido boa ao longo de todo esse tempo. É brincadeira!", iniciou Hamilton, de 37 anos, ao brincar sobre o colega de 35.
"É uma relação até inesperada de amizade, porque é muito difícil fazer comparações sobre nós. Vencemos provas e campeonatos, mas fizemos corridas incríveis juntos. Tem sido muito bonito ver do outro lado como ele foi trilhando a jornada dele", prosseguiu o heptacampeão.
A "jornada" de Vettel começou em 2006, uma temporada antes de Hamilton estrear — e quase faturar o seu 1° título — na F1.
Os dois começaram a tomar conta da categoria no final dos anos 2000, quando o britânico, ainda na McLaren, conquistou o mundo pela 1ª vez em 2008. Depois de um ano seguinte marcado pela força da Brawn e do título de Button, nasceu a overdose Vettel-Hamilton.
O alemão emendou impressionantes quatro títulos consecutivos a bordo de uma potente Red Bull. Neste meio tempo, o britânico partiu para o projeto audacioso da Mercedes e conseguiu, pouco depois, roubar o posto de papa-títulos do colega de profissão.
De 2014 a 2020, Hamilton empilhou mais seis títulos e acabou "escanteando" Vettel, que atuou em uma Ferrari inconsistente e hoje defende a coadjuvante Aston Martin. Mesmo com boas disputas nas pistas, os dois sempre mantiveram um clima cordial — e até amigável — nos bastidores.
"O primeiro a se ajoelhar comigo"
Se dentro das pistas a relação sempre foi considerada amistosa, fora delas a parceria alcançou outro patamar. Vettel foi, segundo o próprio Hamilton, o primeiro a apoiá-lo em causa antirracista envolvendo a F1.
"De todos os pilotos com quem corri, ele foi o primeiro a me acompanhar [em causas sociais] e a se ajoelhar comigo [durante o movimento Black Lives Matter]. Ele se importou e não acho que verei outro piloto na história do esporte fazendo o que nós fazemos. Eu o considero um aliado", disse o heptacampeão.
Hamilton ainda afirmou que, apesar da futura aposentadoria do alemão, os dois não vão cortar relações — muito pelo contrário.
"Tenho certeza de que seremos comparados a vida toda, mas é ótimo vê-lo correndo ainda com potencial. Fizemos muitas coisas, sou grato por ter conhecido a família dele e ter uma relação com ele. Será triste vê-lo partir, mas permaneceremos em contato", finalizou.