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Letícia Datena na cobertura do Dakar: 'Sofri mais preconceito no futebol'

Letícia Datena durante o Rally Dakar na Arábia Saudita - Arquivo pessoal/Letícia Datena
Letícia Datena durante o Rally Dakar na Arábia Saudita Imagem: Arquivo pessoal/Letícia Datena

Marcello De Vico

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

17/01/2023 04h00

A apresentadora e repórter da Band Sports, Letícia Datena, foi a única representante da imprensa brasileira a participar da cobertura do Rally Dakar 2023, que aconteceu na Arábia Saudita.

Direto de lá, ela conversou com o UOL sobre preconceito a mulheres no jornalismo, os desafios de cobrir uma prova tão extrema em meio ao deserto e a alcunha de 'Filha do Datena' que carrega desde o início da carreira.

O que ela disse?

Única jornalista brasileira no Dakar. "É sensacional. Acho que o automobilismo está crescendo no Brasil, existe muita gente que curte e segue. O segmento off-road é um pouco mais nichado, mas o que posso fazer para contribuir para esse esporte —que eu amo— ter mais visibilidade no Brasil, eu vou fazer".

Preconceito por ser mulher? "Eu já sofri preconceito por ser mulher mais trabalhando com futebol. Na minha primeira experiência no jornalismo esportivo encontrei pessoas não muito legais, mas diria que 90% sempre me trataram bem. Mas existem comentários... O maior preconceito era por eu ter um background de modelo. E me ligavam muito à imagem do meu pai".

'A filha do Datena'. "Não me incomoda ser chamada de filha do Datena porque ele é meu pai [risos]. Isso é uma realidade. Sei que meu pai é um gigante da comunicação e eu, em nenhum momento da minha vida procurei essa comparação. Tenho muito orgulho do meu pai, mas não me comparo com ele".

Críticas do pai. "A importância do meu pai na minha carreira, e da minha mãe [Mirtes Wiermann], que também é jornalista, é que eles me deram muitos conselhos, ainda mais quando fui trabalhar com vídeo. Por exemplo: meu pai me criticou bastante no começo, falou que eu usava muito as mãos para falar, que eu tinha que ter uma comunicação mais limpa no vídeo. Então eles foram me ajudando e podando como qualquer pai e mãe fariam com seus filhos".

Sempre apoiaram meus projetos. "Sempre tive apoio dos dois. Além dos conselhos profissionais, o apoio condicional em todos os meus projetos loucos [risos], como todas as coberturas de rally que fiz, não só o Rally Dakar, de ir para o meio do deserto durante dias".

Rally Dakar é para guerreiros. "Nesse momento [a entrevista aconteceu na quinta-feira] estamos perto do Golfo Pérsico, quase fronteira com a Arábia Saudita, no Empty Quarter, que é um mar de Dunas com praticamente nada de internet. E os pilotos têm que chegar da largada até a chegada passando por 'waypoints' [pontos de identificação], sem praticamente nenhuma referência visual. É uma coisa para guerreiros".

Maior perrengue. "Foi o que eu passei hoje [risos]. Andar 4 km e ainda subir na duna mais alta para conseguir internet para conseguir mandar meu boletim para a Band".

Quem é Letícia Datena?

  • Ela tem 35 anos e é filha do apresentador José Luiz Datena, da TV Bandeirantes
  • Veio de uma carreira de sucesso de dez anos como modelo para o mundo do automobilismo
  • Já atuou como apresentadora e repórter de competições como Stock Car, Mundial de Rally, Rally Dakar e Rally dos Sertões, em vários idiomas
  • Morou em sete países diferentes dos 16 aos 26 anos
  • Cobriu na Arábia o seu segundo Rally Dakar --o primeiro foi no Peru, em 2019
Letícia Datena durante jantar típico beduíno na cobertura do Rally Dakar - Arquivo pessoal/Letícia Datena - Arquivo pessoal/Letícia Datena
Letícia Datena durante jantar típico beduíno na cobertura do Rally Dakar
Imagem: Arquivo pessoal/Letícia Datena