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Ana Marcela Cunha conta planos e explica cirurgia: 'Isso ou parar de nadar'

Ana Marcela Cunha, nadadora da Unisanta - Ivan Storti
Ana Marcela Cunha, nadadora da Unisanta Imagem: Ivan Storti

Do UOL, em Santos (SP)

13/03/2023 04h00

Uma das maiores atletas da história do Brasil, Ana Marcela Cunha precisou passar por cirurgia no ombro em novembro de 2022 e, cinco meses depois, ela volta a dar suas braçadas.

A operação foi adiada durante o último semestre e virou uma questão de "sobrevivência" para a nadadora da Unisanta. Não havia mais escolha.

Não tinha outra solução, era a cirurgia ou parar de nadar". Ana Marcela Cunha, campeã olímpica, mundial e eleita sete vezes a melhor nadadora do mundo, em entrevista ao UOL.

Ana falou mais da cirurgia, do troféu com seu nome, do planejamento para as Olimpíadas de Paris em 2024 e até do seu futuro depois de parar em nadar em águas abertas. Veja a entrevista na íntegra abaixo.

Por que ser operada no ombro?

"Não tinha outra solução, era a cirurgia ou parar de nadar. Não era uma opção. Se eu pensasse em Paris como a gente pensa, não havia outra saída. Rompi o tendão, era a única coisa que eu poderia fazer. Deu tudo certo, estou na água há três semanas, dou braçada e aos poucos faço força. Amo o que faço e foi muito ruim ficar fora. Graças a Deus estou sem dor".

Como lidou com o afastamento?

"Estou aliviada desde o primeiro dia da cirurgia. Além de ser bem-sucedida, tudo foi melhor dia a dia na fisioterapia. Alívio é ainda maior ao dar braçada e não doer. Foi tudo como imaginado. Até melhor que o esperado".

A dor estava insuportável?

"A gente sente dor todos os dias, é inevitável. Todos os atletas de alto rendimento têm lesões ou inflamações, alguma ite que a gente brinca como bursite ou tendinite, mas no meu caso era de tendão rompido, não era só inflamação. Não havia mais o que fazer, limitava movimentos e adaptei meu estilo para aguentar até o fim do ano. Nem os médicos entenderam o alto nível durante a lesão. Brinco muito que dentro de tudo que já fiz na minha vida, a lesão veio tarde. Nunca queremos, mas o atleta espera que possa acontecer. E demorou, ainda bem. Fiz o exame, vi que precisava fazer e fui aceitando a cirurgia, entendendo que era o melhor caminho".

Troféu Ana Marcela Cunha de maratona aquática em Santos

"Além de a minha mãe participar, todos que vieram em fevereiro tornaram tudo maravilhoso. Minha noiva, meu melhor amigo. Eles não pediram, se inscreveram mesmo para sentir como que é. Momento indescritível, assim como todas as minhas vitórias. Nunca imaginei minha mãe nadar no mar. Ela saiu dizendo que sou louca [risos]".

O que ela disse? Gostou?

"Não sei se ficou com muita dor, mas gostou bastante e disse que vai continuar. Vamos ver como serão os próximos passos".

Mundial x Jogos Pan-Americanos em 2023: como se planejar?

"Toda competição a gente entra para ganhar. Lógico que o Pan é muito importante, mas o Mundial vale vaga olímpica. Vamos no Pan para ganhar, fazer participação histórica, é que o Brasil tem feito. Pensamos nisso, mas Olimpíadas são Olimpíadas, bi nas Olimpíadas valem mais que bi no Pan. Estar no Mundial de volta é um objetivo claro e importante".

Graduação em educação física

"Eu sempre fui muito influenciada pelo esporte e educação. Meus pais são educadores físicos formados. Sempre quis me formar. A vida do atleta é curta, a minha está sendo longa, mas é curta e aposentadoria vem cedo. É por isso que continuei estudando. A pandemia ajudou muito. Eu viajava muito e não tinha o EAD. Pandemia foi ruim, mas pude participar das aulas, aprender, me formar e agora receber esse diploma. O mais importante é a graduação, quero fazer pós-graduação também e quem sabe auxiliar o esporte na beira da piscina".