Festa em castelo e comida típica: COB terá 'casa brasileira' em Paris-2024
Uma cidade pequenininha, com extensão de 4,3 quilômetros e a meia hora do centro de Paris, será a casa do Brasil nas próximas Olimpíadas. Saint-Ouen, de pronúncia Santoân, vai disponibilizar cinco estruturas públicas para abrigar o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ser uma espécie de refúgio para os atletas brasileiros não sentirem saudade de casa.
A comissão olímpica do Brasil tem sido recebida em Saint-Ouen a cada três meses para que a cidade comece a se abrasileirar. Tem dado certo. O UOL visitou todos os espaços que serão destinados ao COB numa negociação que começou desde Tóquio-2020 e custou R$ 1,2 milhão para o comitê. O Brasil, em Saint-Ouen, terá até um castelo à disposição para celebrações.
E comecemos por ele. O Château de Saint-Ouen é um dos poucos palácios que sobreviveram às Guerras Napoleônicas. Hoje, é uma escola de música clássica e erudita. Ele é palco de exposições e, em seu porão, agentes de segurança da cidade podem fazer refeições diariamente sem pagar nada. Na praça em que fica o castelo, o movimento é quase inexistente. A música dos estudantes é ouvida já na porta principal, e mais soa como uma gravação, de tão blindada de ruídos.
No Château, os times que ganharem medalhas vão se reunir para celebrar. No segundo andar do edifício, há uma varanda de arquitetura clássica, pensada para que os atletas exponham suas medalhas e acenem para o público que quiser participar da celebração. O restaurante do porão já é o local de encontros festivos entre COB e Saint-Ouen. Amanhã (14), a comissão e os representantes da cidade vão se reunir lá mais uma vez, para celebrar os 500 dias que faltam até Paris-2024.
Nas paredes do castelo, quadros contam a história da monarquia francesa e da ascensão (e queda) de Napoleão Bonaparte. "Aqui começa uma Nova Era", diz uma a pintura em ouro na parede da sala. Ali, foi assinada a carta que determinou o fim da Era Napoleônica e a restituição da Monarquia. O espaço, entretanto, não ficará aberto o tempo todo. Só poderá ser usado para comemorações e jantares combinados entre o COB e a Secretaria de Esportes da cidade.
Centro médico e local de encontros
Em Saint-Ouen, tudo é pertinho. Em um raio de dois quilômetros estão todas as futuras casas do Brasil — a curta distância entre os espaços pesou positivamente para que o COB escolhesse a região. E a própria Saint-Ouen já possibilita o aconchego: nas ruas da cidade, é visível a diversidade cultural e religiosa em um espaço tão pequeno. Ela se explicita nas paredes da escola pública Le Petit Prince, onde as mãozinhas pintadas levam os nomes dos autores: Laurent, Mohamed, Émie, Maya, Mohammed, Sophie. Na área externa, alunos de cores e credos diferentes corriam pra lá e pra cá, brincando de pega-pega.
A escola Le Petit Prince recebe alunos de Educação Infantil e o que, no Brasil, seria Ensino Fundamental I. Lá, vai ser uma espécie de alojamento à brasileira: comidas típicas, para quando os atletas quiserem comer algo diferente do que o oferecido na Vila Olímpica; música brasileira e um espaço destinado ao encontro da delegação com familiares e amigos que estiverem em Paris. A escola ficará aberta, e disponível, todos os dias.
A diretora da escola, que recebeu o UOL com exclusividade, conta que as crianças mais velhas estão preparando uma surpresa para o time de taekwondo do Brasil, que aterrissa em terras francesas neste mês. Os atletas vão até a escola conhecer o espaço e os alunos, que desenharam os arcos olímpicos em uma das paredes para receber o grupo brasileiro.
Salas da Petit Prince abrigarão, ainda, médicos da delegação brasileira e centros de tratamento: fisioterapia, consultas rápidas e até cuidados mais intensivos envolvendo a saúde dos atletas vão acontecer na escola.
Espaço de trabalho do COB
Mais uma rápida caminhada leva a reportagem até a Serre Wangari, um espaço grande e cercado por hortas comunitárias que será a base de trabalho do COB. Reuniões e todo o trabalho burocrático por trás da ida de uma delegação a Jogos Olímpicos serão sediados na Serre Wangari.
O local é originalmente utilizado como depósito de materiais utilizados nas hortas, que são clássicas na cidade de Saint-Ouen. Cada hortinha é cercada em um espaço de mais ou menos 2 m², e esse espaço pode ser alugado por moradores. Uma taxa é paga mensalmente e os moradores podem plantar e consumir tudo o que for cultivado ali.
Repleta de verde, Saint-Ouen dá um respiro em meio a uma metrópole — nem chega perto do vaivém de Paris. Os pássaros cantam alto, o sol se põe longe e as crianças brincam na pracinha que tem ali em frente. É uma sexta-feira à tarde, a pracinha e seus brinquedos estão repletos de crianças e pais. Um campo verde e plano recebe a descida do sol ao entardecer. No inverno, a noite chega cedo na França.
Esse campo verde tem nome, Parc des Docks, e já tem destino: nele, vai ser montado pela prefeitura de Saint-Ouen uma quadra de vôlei de praia. Não, não haverá competições olímpicas ali. Porém, por meio dela, a Secretaria de Esporte da cidade pretende começar a gerar o clima olímpico nos residentes. A quadra deve ser montada neste verão e permanecer aberta até os Jogos. Em Paris-2024, o elenco brasileiro de vôlei de praia vai poder treinar ao ar livre — e com torcida.
Ginásio privativo
Treinar também não vai ser um problema para o Brasil. A delegação terá um ginásio à sua disposição durante as Olimpíadas, o Gymnase des Docks, com quadra poliesportiva que será destinada à equipe de vôlei de quadra; salas de judô e lutas e vestiários. O time masculino de vôlei treinou no espaço ano passado, e, segundo relatos de funcionários, deixou quem trabalha no ginásio boquiaberto.
A pouca estrutura hoteleira da cidade preocupa a prefeitura de Saint-Ouen. Como a vila tem curta extensão, ainda não se sabe se as hospedagens vão dar conta dos brasileiros que quiserem ficar perto do quartel-general do Brasil na França. Ainda assim, negociações para que hotéis e pousadas não levem os preços às alturas durante os Jogos já começaram.
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