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Bia Ferreira quer despedida perfeita em Paris 2024: 'Prata ficou engasgada'

Do UOL, em São Paulo

16/04/2023 04h00

Beatriz Ferreira é a mulher a ser batida no boxe feminino. Bicampeã mundial, a baiana de 30 anos está em contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Paris, onde espera trocar a cor da sua medalha de prata, a "mãe de todas", e se despedir no lugar mais alto do pódio.

"Falta esse ouro. A mãe de todas veio, uma prata, mas eu quero finalizar com uma dourada. Eu tinha resolvido que Tóquio seria o último ciclo, mas como ficou engasgada aquela prata e pelo ciclo ser menor, eu vou tentar uma dourada. É só o ego mesmo, para finalizar com chave de ouro", disse Bia em entrevista ao UOL.

Carreira após Paris 2024: "Estou bem tranquila. Pretendo continuar no boxe profissional durante um período, mas logo estarei do outro lado. Quero iniciar um projeto, incentivar outros a se tornarem atletas de alto rendimento. Quero que fique comum no boxe ser bi, tricampeão. Eu quero estar nos bastidores".

Ser a boxeadora a ser batida: "Chegar é até fácil, o problema é se manter como o alvo de todos os seus adversários. Mas isso é desafiador, estou gostando e pretendo quem sabe conseguir um tricampeonato mundial".

Queria se tornar uma referência no boxe: "Desde que comecei a lutar, queria ser uma referência, conquistar coisas que ninguém tinha. Estar participando desse crescimento do boxe feminino é tremendo para mim. Fico muito orgulhosa de fazer parte disso e de estar abrindo caminho para as novas gerações".

Um pódio atrás do outro

Beatriz Ferreira - Reprodução/UOL Esporte - Reprodução/UOL Esporte
Bia Ferreira mostra medalha de ouro conquistada no último Mundial de boxe
Imagem: Reprodução/UOL Esporte

Brasileira com mais títulos no Mundial de boxe. Com três medalhas, Bia superou Robson Conceição (prata em 2013 e bronze em 2015) e Everton Lopes (ouro em 2011 e bronze em 2013).

São 36 pódios em 37 campeonatos internacionais. A baiana soma 31 ouros nessas competições. Bia é a primeira atleta do Brasil a conquistar três medalhas mundiais e chegar a três finais da competição.

Fica cada vez mais difícil. Temos que sair da nossa zona de conforto, e é desafiador e interessante. A gente sempre treina para ser ou para pegar o melhor. Quando você é o melhor, você quer se manter. Eu uso como um gás a mais, e toda a vez que eu vou treinar 100%, eu treino 120% só para garantir".

Primeira brasileira a disputar uma final olímpica no boxe. Na categoria até 60kg, Bia perdeu para a norte-americana Rashida Ellis e ficou com a medalha de prata.

Protagonismo feminino

Crescimento do esporte feminino no Brasil: "Estou muito feliz de estar fazendo parte dessa geração que está contribuindo com os resultados para esse crescimento. Eu acredito que isso daí vai ser comum, a quantidade de vagas no feminino e no masculino, e eu torço muito para que isso aconteça o mais rápido possível.

Nos Jogos de Tóquio, as mulheres conquistaram nove das 21 medalhas brasileiras.

Espelho para outras meninas: "Isso acontece [ser parada na rua], e é surreal, dá uma adrenalina gostosa, fico muito emocionada. Fico muito feliz de estar sendo um espelho e uma referência".

Combatendo o preconceito: "Tento mostrar para eles [familiares de jovens atletas] o lado de cá, não o lado do 'ah, que o esporte é agressivo, que é coisa de menino, que muda a orientação sexual da pessoa'. Eu tento mostrar que não tem nada a ver com isso, que o esporte é super saudável, dá muita disciplina e realmente muda a vida de um ser humano".

Beatriz Ferreira  -  Buda Mendes/Getty Images -  Buda Mendes/Getty Images
Bia Ferreira foi medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio 2020
Imagem: Buda Mendes/Getty Images