Quem era Clarity, que realizou sonho na narração dois meses antes de morrer

Cecilia Moraes, conhecida como Clarice ou Clarity, realizou o sonho de tornar-se narradora de Pokémon Unite cerca de dois meses antes de morrer com uma inflamação no coração. Ela faria 25 anos no início de maio.

Quem era Cecília?

Nasceu em maio de 1998 em Balneário Camboriú, cidade no litoral de Santa Catarina, e tinha dois irmãos: Suelen e Luiz Fernando.

Era apaixonada por jogos eletrônicos, parques e viagens. Chegou a ser profissional em bateria, cantora e, além disto, pintava quadros e escrevia poemas.

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Estudava licenciatura em Letras na Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Antes disto, cursou alguns semestres em Música.

Tinha uma conta na Twitch com mais de 3 mil seguidores. Na plataforma, fazia lives jogando e comentando sobre Pokémon.

Realizou o sonho de atuar como narradora em um evento de Pokémon Unite ocorrido em fevereiro.

O desempenho foi bom, e ela assinou um contrato para trabalhar nas etapas do campeonato uma vez por mês em São Paulo até o fim da temporada.

Este ano serei comentarista do campeonato oficial de Pokémon Unite. É um sonho se realizando. Não consigo descrever o quão feliz estou. A mala já tá pronta, e ainda hoje pego ônibus para São Paulo" escreveu Cecília há dois meses.

Namorado fala sobre o sonho de Cecília

Em entrevista ao UOL, Samuel Riboli, namorado de Cecília, contou que a jovem era fã de Pokémon desde pequena e lutou muito para se inserir no mundo das transmissões de jogos ao vivo.

Madrugadas em claro. "Ela sempre amou muito Pokémon, desde pequena sempre jogava. Ela sempre quis fazer parte da comunidade e poder viver do que ela amava. Então, ela passou a fazer streams de Pokémon Unite e se divertia muito pelas madrugadas"

Emoção. "Lembro até hoje quando a levei na rodoviária para a primeira viagem dela a trabalho em São Paulo. Ela narrou o Brasileiro de Pokémon Unite. Ela estava tremendo e chorando de alegria e nervosismo, agarrada à pelúcia da Sylveon (personagem de Pokémon) que ela tinha.

História abreviada. "Fico muito feliz por ter visto ela viver o sonho. Uma das coisas mais lindas de ver foi o brilho nos olhos dela. Em maio, nós iríamos juntos a São Paulo, pois seria nosso aniversário de namoro e nunca passamos separados".

Mãe detalha felicidade após sonho realizado

Também ao UOL, a mãe de Cecília, Rosi, descreveu a alegria da filha ao retornar para Santa Catarina após o trabalho no evento em questão. Ela ainda elogiou a persistência da filha em conseguir se destacar em um ambiente majoritariamente masculino.

Lembrança inesquecível. "Fico até arrepiada porque foi muito emocionante de ver a felicidade que ela estava quando chegou da Pokémon Unite. Ela foi muito bem recebida e a estreia dela foi fantástica. Ela estava radiante porque fez narração e comentários maravilhosos, assistimos de casa. É inexplicável dizer em palavras como foi bom e como ela ficou feliz nessa ida para lá."

Quebrando barreiras. "Desde muito cedo, ela se interessou por jogos eletrônicos, mas o favorito sempre foi o Pokémon. Em alguns momentos da adolescência e juventude, ela foi bem criticada pelas outras meninas por gostar dos jogos. A cada lançamento de novos jogos, ela se dedicava até passar as fases."

Persistência em busca do sonho. "Com 14 anos, ela já jogava sozinha e se dedicava, ela tinha esse sonho de ser reconhecida pelas habilidades no jogo e pelo conhecimento que tinha. Para a idade e por ela ser uma menina, não era normal — os principais jogadores são meninos. Como ela gostava muito, queria se destacar e foi sempre buscando um meio de achar como que ia ser vista e reconhecida para que encontrassem ela para estar no meio dos jogos eletrônicos."

O que aconteceu?

Cecília sentiu um incômodo no peito durante uma transmissão do evento em São Paulo já no início deste mês. Ela foi atendida por uma UPA, que não detectou anormalidades.

Assim que voltou para Balneário Camboriú, ela teve sintomas de gripe e febre até o domingo de Páscoa.

Depois de uma breve melhora, ela piorou entre terça (11) e quarta (12).

Na quarta de manhã, ela fez exames na Unimed que detectaram níveis de plaqueta ligeiramente mais baixos e glicose um pouco alta. Depois de aplicação de soro, Clarity voltou para casa.

No período da noite, ela se queixou de sintomas de crise de ansiedade e pediu a companhia do namorado. Samuel jantou normalmente com a família da jovem.

Assim que ele deixou a casa, a jovem passou mal e precisou voltar ao hospital e parou em uma UTI.

Durante a madrugada, ela sofreu uma parada cardíaca e precisou de uma cirurgia de emergência. Clarity morreu na tarde de quinta-feira (13).