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Galvão não quer perder o bonde e vira streamer: 'Hoje sou um deles'

Beatriz Cesarini e Tiago Biasoli

Do UOL, em São Paulo

17/04/2023 04h00

Aos 72 anos, Galvão Bueno sente que a vida só está começando. Após mais de quatro décadas comandando transmissões na TV Globo, o narrador inicia sua carreira em um mundo completamente diferente, o qual ele está chamando de quarta camada dos direitos, onde ficam os streamers.

Mas se Galvão está na quarta camada, quais são as outras? Em entrevista exclusiva ao UOL, o narrador explicou o conceito criado por ele em parceria com a produtora Play9, responsável pelo canal no YouTube. A íntegra, em vídeo, da conversa com Galvão vai ao ar hoje, às 15h.

"Temos a TV aberta, como a Globo, Record, ou seja, as que fazem futebol em transmissão aberta. Depois, vêm os canais por assinatura, como Sportv e ESPN", começou Galvão.

Na terceira camada, entramos na parte digital: as plataformas de streaming - que são pagos - como Globoplay e Netflix. E aí temos a quarta, que é dos streamers, e hoje sou um deles, como o Fred, Gaulês e Felipe Neto. Essa é a parte digital que é de graça, a pessoa vai lá, busca pelo canal e pronto. Além disso, é algo pessoal, é a marca de cada um que tem o seu canal que chama o público"
esclareceu o narrador

Galvão também exalta que dentro da quarta camada não há concorrência. Existe, sim, uma busca pelos direitos de transmissões de competições, mas não há uma briga por exclusividade. O consumidor pode escolher assistir ao jogo do seu time no Canal GB ou no Casimiro, por exemplo. "Tem espaço para todos", disse o narrador. Além disso, os streamers conseguem fazer participações nos canais de outros, sem impedimentos como na TV aberta, onde Galvão estava inserido.

Com essa visão, o comunicador e a produtora entendem que é mais atraente adquirir direitos "não-exclusivos" por um valor menor. Por consequência, o vendedor das grandes competições também vê vantagem, já que a exclusividade pode render menor valor do que a transmissão em vários canais de streamers.

Estreia do Canal GB com seleção brasileira

Encantado com o mundo digital, Galvão Bueno não tinha planejado estrear logo com um jogo da seleção brasileira. Apesar disso, quando o narrador viu a bola pingando para adquirir os direitos do amistoso entre Brasil x Marrocos, em 25 de março, ele e a Play9 fizeram um esforço para antecipar a abertura do Canal GB. Foi um sucesso.

É realmente fantástico. Na estreia do canal, atingimos um milhão e meio de pessoas ao mesmo tempo assistindo e mais de 10 milhões de pessoas passaram por esse jogo. Começamos a transmissão com 100 mil inscritos no Canal GB por causa das chamadas que fizemos nas redes sociais e terminamos com 600 mil. São números impressionantes."
Galvão

Canal de Galvão vai além do futebol

Assim que Galvão definiu, em meados de 2021, que a Copa do Qatar seria sua despedida de narrações na Globo, a inserção do narrador no digital começou a ser preparada. O comunicador, então, estreou o Canal GB - com suas iniciais, assim como as empresas dele no mundo dos negócios - neste ano, com um jogo da seleção brasileira.

E apesar de estar muito ligado ao mundo das transmissões ao vivo, Galvão destacou a programação do canal, que terá quadros de entrevistas com grandes personalidades como Felipe Massa e programas segmentados, como o de automobilismo com o piloto e filho Cacá Bueno.

"Nosso projeto é ir além do futebol, é ter automobilismo, basquete, vôlei (...). Vou dar um spoiler, eu e Cacá estamos preparando uma coisa muito legal: você já imaginou alguém fazendo uma entrevista dentro de um carro com Cacá pilotando? Entra no Canal GB em agosto. Vai ser um grande barato", comentou.