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Galvão temeu jato após acidente da Chape: 'Certeza que vamos voar daqui?'

Beatriz Cesarini e Tiago Biasoli

Do UOL, em São Paulo

20/04/2023 04h00

Em 28 de novembro de 2016, Galvão Bueno acordou às 9h da manhã e se preparou para mais um "Bem Amigos", o programa semanal que ia ao ar no SporTV. Assim que a atração acabou, o narrador e os demais participantes seguiram a rotina e foram ao mesmo restaurante de sempre para o momento de descontração. Estava tudo normal até que Galvão recebe um telefonema de Caio alertando sobre um problema no avião que levava a delegação da Chapecoense e jornalistas à Colômbia.

"Nossas madrugadas sempre foram longas depois do Bem Amigos. A gente já estava no fim, com aqueles que sempre resistem bastante. Quando passava das três horas da manhã, meu telefone tocou e era o Caio: 'Galvão, alguma coisa aconteceu com o voo da Chape'. Todos ficamos angustiados e, lá no restaurante eu falei: 'Gente, é o seguinte, mais uma garrafa de vinho, e agora nós vamos entrar nessa história'", relembrou o narrador em entrevista exclusiva ao UOL.

O grupo tomou conhecimento do acidente quando uma foto do avião destroçado foi publicada nos jornais. A partir daí, Galvão acordou os diretores da Globo e mergulhou na história. Ele foi se deitar para tentar dormir apenas no fim da noite de terça-feira, 29 de novembro, o dia seguinte à queda da aeronave que matou 71 pessoas e deixou seis feridas.

"Aquele 'Bom Dia Brasil' foi uma loucura, porque ali no estúdio estavam algumas pessoas que estiveram com o time na véspera, porque eles tinham jogado em São Paulo. Era uma emoção, gente passando mal e sendo socorrida, e as notícias vinham chegando: salvou, não salvou? E quantos companheiros nossos estavam ali? Amigos de muitos anos", descreveu o narrador.

Após participar de toda a programação matinal da Globo, Galvão foi enviado ao Rio de Janeiro para entrar ao vivo no Jornal Nacional daquela terça.

Quando deu uma da tarde, falei que ia tomar um banho de novo e tirar um cochilo, porque sabia que teria algo no Jornal Nacional, não sabia o que seria. Quando ia me preparar para dormir umas duas horinhas, sei lá se ia conseguir, tocou o telefone e avisaram que tinha um jatinho em Congonhas. Era para eu ir para lá, para voar ao Rio e fazer o JN. Aquelas coisas realmente da Globo, aquela agilidade e tudo. Cara, um tempo muito ruim e eu perguntava para o comandante: 'Tem certeza que vamos voar daqui?'"
GALVÃO BUENO

"No fim, quando desci da posição de transmissão, fui para a redação e fiz aquele encerramento. No fundo, tinha uma projeção com fotos de todos que perderam a vida, e ao terminar o jornal, todos os profissionais começaram a bater palmas. Aquilo ficou marcado na minha vida", se emocionou Galvão, que custou a conseguir dormir quando aquele dia terminou.

Galvão ainda participou de todas as transmissões que envolveram o caso: chegada dos corpos ao Brasil, velório e jogos especiais. Segundo ele, a Chapecoense ficará ligada a ele para sempre.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado na primeira frase do texto, a data citada na matéria não é 28 de novembro de 2022, mas sim 28 de novembro de 2016. O erro foi corrigido.