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O que leva a Fórmula 1 a cancelar uma corrida e o que acontece depois

Cancelamento por chuvas, como aconteceu em Ímola, é caso raro; paddock italiano ficou inundado - REUTERS/Jennifer Lorenzini
Cancelamento por chuvas, como aconteceu em Ímola, é caso raro; paddock italiano ficou inundado Imagem: REUTERS/Jennifer Lorenzini

Do UOL, em São Paulo

18/05/2023 04h00Atualizada em 18/05/2023 10h21

O cancelamento GP da Emilia Romagna é um acontecimento raro na história da Fórmula 1. Em outros anos, os organizadores insistiram na realização de eventos mesmo sob fortes chuvas.

A região em que aconteceria a corrida está em calamidade, com casas debaixo d'água e oito mortos já confirmados. Sob forte pressão, com partes do próprio circuito alagadas, a categoria anunciou na manhã de ontem que a etapa não vai acontecer. Logo depois, já começaram os rumores sobre uma remarcação da corrida, mas a prática é incomum e já foi descartada pela organização.

O presidente do Clube Automotivo da Itália, Angelo Sticchi Damiani, afirmou que Emilia Romagna está oficialmente fora do calendário de 2023. Ao site TuttoSport, ele acrescentou que a expectativa dos organizadores é, apenas, estender o contrato atual por mais um ano, garantindo que o circuito esteja na categoria até 2026.

As pistas que fazem parte da F1 passam por inspeções dos responsáveis, mas os cancelamentos mais conhecidos foram causados por motivos externos.

O regulamento prevê que a F1 deve garantir a segurança de pilotos, equipes e público. Qualquer evento pode ser interrompido, suspenso ou cancelado caso as autoridades responsáveis pela categoria enxerguem algum perigo iminente.

Entre os motivos para cancelar uma corrida estão grandes acidentes, chuva forte, conflitos políticos ou, até mesmo, uma pandemia, como aconteceu em 2020.

No primeiro ano de isolamento pela covid, o campeonato de F1 foi encurtado de 22 para 17 corridas. E em vez de começar em março, como é de costume, o pontapé inicial foi só em julho. Confira mais sobre os motivos que podem impedir a realização de uma corrida:

1. Crises sanitárias

O GP da China, em Xangai, está de fora da categoria desde 2020. Ele chegou a ser incluído no calendário deste ano, mas foi cancelado depois que o país manteve inúmeras restrições sanitárias, dificultando o trânsito dos milhares de estrangeiros que participam da F1.

Durante a pandemia de covid-19, era difícil para a categoria se comprometer com corridas distantes da Europa. Por isso mesmo, todos os circuitos na América — incluindo Interlagos — deixaram temporariamente o calendário.

A solução foi tornar o campeonato mais regional, expandindo corridas na Europa. Distantes há anos, Portugal, Turquia e Alemanha tiveram a chance de voltar a receber a F1. Além disso, alguns países receberam mais de uma etapa, como a Itália e a Áustria.

Fora da Europa, apenas dois países se flexibilizaram o bastante para receber a F1: os Emirados Árabes Unidos, com Dubai, e o Bahrein. O último, inclusive, teve duas corridas.

Mas o que aconteceu em 2020 foi exceção, já que em casos anteriores e posteriores, as corridas canceladas foram apenas retiradas do calendário, sem substitutos. Foi o que aconteceu com a China e, agora, com a Itália.

2. Conflitos políticos e/ou militares

A corrida na Rússia também foi cancelada no passado recente. Em março de 2022, a F1 anunciou o rompimento do contrato, que ia até 2025, depois que as tropas de Putin invadiram a Ucrânia.

Os organizadores agora cobram que a categoria devolva o dinheiro que o país pagou para receber a corrida. Alexey Titov, promotor do evento, deu entrevista essa semana à agência russa Tass afirmando que a categoria disse "não ter condições técnicas" de devolver o valor, parte dos US$ 50 milhões do acordo, mencionando as sanções impostas pela União Europeia à Rússia.

O GP do Bahrain também foi outra "vítima" sem substituição. Em 2011, o evento no país foi cancelado em meio a protestos pró-democracia, contra a família real do país. Os atos deixaram centenas de civis mortos. A corrida, que abriria o calendário daquele ano, foi inicialmente adiada. Mas a situação caótica fez com que ela fosse, posteriormente, cancelada.

Sites especializados, como o RacingNews365, destacam que o atual calendário da Fórmula 1 já é "inflado", o que dificulta a logística para remarcar ou substituir um evento. Esse planejamento deve considerar elementos como o deslocamento das equipes e o clima no local na época em que a corrida acontece.

Em 2023, a categoria bateria um recorde de 24 corridas no campeonato, que caiu para 23 com o cancelamento da China. Agora, a expectativa é que a temporada terá 22 etapas, o mesmo número que 2022.

Não cancelamento já gerou polêmica

Mas por mais que existam precedentes, o cancelamento — ou não — de uma corrida, depende muito da interpretação das autoridades.

O circuito de Jeddah, na Arábia Saudita, virou centro de polêmica em 2021 depois que uma refinaria da Aramco, empresa estatal patrocinadora da F1, foi atacada a menos de 12 km da pista, já durante a sexta-feira de treinos.

Apesar de ter cancelado o evento na Rússia também por um conflito militar, a categoria manteve a corrida, afirmando que "estava em contato constante com as autoridades" para garantir a segurança de todos.

Verificamos e temos garantias do mais alto nível de que este é um lugar seguro. Eles estão mirando na infraestrutura, não nos civis e claro, na pista. Vamos continuar correndo"
Mohammed Ben Sulayem, presidente da FIA

O treino livre 2 da F1 foi realizado normalmente, apenas com um atraso de 15 minutos. O ataque foi reivindicado pelos houthis, do Iêmen. A Arábia Saudita bombardeia o território do país vizinho há anos, por conflitos políticos.

Já a chuva é um elemento que raramente provoca cancelamento de uma corrida. Em 2022, o GP de Mônaco chegou a ser suspenso depois que uma forte chuva atingiu o principado, mas continuou dentro do previsto após uma hora de espera.

Esperar, aliás, costuma ser o procedimento dos organizadores. Um ano antes, na Bélgica, a direção de prova aguardou por quase três horas para começar a corrida, em meio a uma tempestade no país. Depois que a chuva não diminuiu, os pilotos fizeram duas voltas sob safety car e a corrida foi encerrada, considerada realizada.

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