Mundial é despedida de Luca Kumahara, atleta trans, da categoria feminina
O campeonato Mundial de tênis de mesa começa neste sábado em Durban (África do Sul) e marcará a despedida de Luca Kumahara da categoria feminina. O primeiro mesa-tenista transgênero da história irá iniciar o processo de hormonização para, então, começar a jogar pelo masculino.
Luca estava disposto a adiar a transição porque tinha a intenção de ir ao Pan de Santiago, neste ano, e disputar as Olimpíadas de Paris em 2024 ainda na categoria feminina. Apesar disso, a mudança repentina no comando técnico da seleção brasileira o fez repensar. Jorge Fanck assumiu o lugar de Hideo Yamamoto.
"O Hideo, nosso técnico desde 2021, é um dos pilares da equipe. Pela primeira vez na história, a gente teve um técnico fazendo um trabalho excepcional, muito profissional e com conhecimento. Além disso, ele vinha trazendo muita confiança para a equipe, porque estava trabalhando duro com a gente", afirmou Kumahara.
"Quando a federação o desligou sem nos consultar, ficamos em choque. Nós, como equipe, tentamos argumentar e não fomos ouvidos, senti uma falta de consideração e de respeito. A partir daí, eu comecei a balançar e me questionar se fazia sentido continuar na equipe ou deixar para começar o processo de mudar todos os documentos, hormonizar e iniciar meu caminho na equipe masculina", comentou.
O ressentimento com a CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) é apenas em relação à decisão da mudança de técnico. Luca faz questão de lembrar o quanto a entidade o apoiou desde que anunciou sua identidade de gênero.
"Eu sou grato a todo o apoio que a CBTM me deu desde o início, inclusive para tentar incluir o assunto na comunidade da modalidade, falar sobre pessoas trans, identidade de gênero e tudo mais. A forma como fui acolhido foi muito importante e valiosa para mim e uma coisa não anula a outra", disse Luca.
Despedida
Luca dá adeus à categoria feminina no Mundial que começa hoje. Lá, ele competirá no individual feminino e em dupla, com Bruna Takahashi. A despedida, segundo ele, será recheada de emoções. Apesar disso, o atleta foca no futuro, em que seguirá jogando tênis de mesa, mas finalmente na categoria masculina.
"Meu plano é pisar no Brasil após o Mundial e começar a hormonizar. Já tenho as receitas para comprar as primeiras aplicações, porque passei com o meu médico endócrino, especialista em harmonização. Eu ficarei no país até setembro no mínimo, que é quando começa a temporada na Espanha. Eu dependo da documentação, ainda vou trocar os documentos e só depois começo o processo de pedir o visto de trabalho lá", comentou.
Agora que a decisão está tomada, Luca tenta segurar a ansiedade pelo início do processo de hormonização, que começará no Brasil assim que o Mundial terminar. Ao mesmo tempo, o atleta começará a transição para as equipes masculinas, tanto do time que defende na Espanha, o Priego de Córdoba, quanto na seleção brasileira.
"Na Espanha, eles foram super legais e compreensivos. Falaram que irão me apoiar no time masculino também. Quanto à seleção, vai depender de muita coisa. Eu ainda não sei se eu vou conseguir brigar ou se estarei muito abaixo do nível.
"Nesse sentido, eu vou ter que começar do zero e ver como as coisas vão rolar. Também não sei o quanto a harmonização vai interferir, se vai influenciar alguma coisa no meu nível ou não. É uma coisa que a gente vai descobrir com o tempo. Vou ter que ir vivendo cada dia esse processo e sentindo o que vai dar para fazer", explicou Luca.
Hugo Calderano é destaque no Mundial
O Brasil conta com um representante de destaque no Mundial: Hugo Calderano. O atleta fará sua sexta participação na competição e busca conquistar a primeira medalha do país.
Calderano chegou perto do pódio em 2021, quando deixou escapar a vitória nas quartas de final para o chinês Liang Jingkun. O caminho do sexto colocado no ranking mundial não será fácil e terá se superar os favoritos chineses para chegar até o pódio.
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