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Ex-ESPN virou voz do metrô de SP e agora quer aeroporto: 'Maior sonho'

Ex-atleta, apresentadora e locutora: conheça detalhes da vida de Juliana Veiga  - Arquivo pessoal
Ex-atleta, apresentadora e locutora: conheça detalhes da vida de Juliana Veiga Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

16/06/2023 04h00

Ex-atleta, apresentadora e locutora, Juliana Veiga já deu provas de que versatilidade é seu ponto forte. Aos 44 anos, a paulista saiu do snowboard, passou pela TV com trajetória de quase uma década na ESPN e, há quatro anos, é a voz oficial dos vagões do metrô de São Paulo. Ela revelou ao UOL, no entanto, que não pretende parar por aí

O que aconteceu

Juliana disse que seu sonho é estar "presente" em algum aeroporto brasileiro: um dos objetivos futuros é ouvir sua voz ecoando em algum saguão do país.

Ela falou que a locução será "carreira para o resto da vida" e não negou o desejo de voltar à TV — em projetos, no entanto, fora do esporte.

Além disto, a comunicadora abordou sua trajetória de sete anos na ESPN e sua juventude como atleta de snowboard.

A atleta Juliana Veiga

Infância radical. "Comecei muito cedo a praticar esportes e, profissionalmente, atuei no snowboard desde os 16 anos, na mesma época em que fiz curso de fotografia. Iniciei no snow graças ao meu irmão. Ele foi morar em Ohio (EUA) e, quando voltou, participou de um campeonato no Chile. A gente foi. Eu nem andava de snow, só surfava. Meu irmão falou: 'Você acabou de se formar em fotografia, faz umas fotos e eu te ensino a andar de snow'."

Juliana iniciou no snowboard após "incentivo" do irmão, Gustavo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Juliana iniciou no snowboard após "incentivo" do irmão, Gustavo
Imagem: Arquivo pessoal

Início como profissional. "Eu nem tinha intenção de competir, mas aprendi rápido. Depois, rolou um campeonato no Chile e eram três meninas inscritas, mas uma se machucou. Me pediram para participar, competi e ganhei. Nisso, ganhei a estadia para o próximo ano no hotel, que era o mais caro. A carreira de atleta começou assim. Fui no outro ano, já um pouco mais treinada, ganhei de novo e aí foi indo até o acidente."

Acidente 'levou' Juliana para a TV

Acidente e virada na vida. "Infelizmente, sofri um acidente grave. Foi em 2000, na Argentina. Era um campeonato feito em uma estação de esqui que era bastante rústica. Antes de participar da prova, tem o aquecimento e o reconhecimento de pista. Estava muito frio e tinha muito gelo. Fui fazer o reconhecimento de pista e, na terceira vez, entrei em uma rampa quase reta. Nessa hora, minhas pernas foram para cima, a prancha também subiu e fui caindo: não consegui desvirar meu corpo e, na queda, meu cotovelo estourou. Não foi nada exposto, mas eu tive uma luxação completa. Fui resgatada no meio da montanha e demorei um ano e meio para esticar o braço. Quando eu estava encerrando minha carreira, a galera do sportv estava lá."

Convite despretensioso. "A produtora me convidou para fazer um programa chamado 'Na Neve', só sobre snow. Aí eu falei: 'Tem um porém: não vou poder andar porque eu estou com o braço ferrado'. Nisso, fiquei no esquema de dar uns 'rolezinhos' com atores, nada de explorar rampas e parques. [...] Foi a minha primeira experiência em vídeo, e aí tudo começou a se ligar."

Juliana Veiga deixou de vez o esporte para trabalhar na comunicação - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Juliana Veiga deixou de vez o esporte para trabalhar na comunicação
Imagem: Arquivo pessoal

Trajetória na ESPN

Mudanças de emissora. "Saí do sportv e, na Band, surgiu uma oportunidade. Entrei no Bandsports e fiquei lá por quatro anos. Neste tempo, cheguei a atuar na TV aberta. Depois, fiquei cinco anos fora da TV até que, em 2012, eu entrei na ESPN."

Portas abertas na TV dos sonhos. "Uma das diretoras da ESPN, que é muito minha amiga, me ligou falando que tinha uma vaga para apresentar o 'Sportscenter Notícias', um programa de 15 minutos que entrava nos intervalos. Eu sempre quis trabalhar na ESPN, era a única emissora que tinha esportes radicais na época. Fiz o teste e fui aprovada."

Dudu Monsanto e Juliana Veiga nos bastidores do Sportscenter - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Dudu Monsanto e Juliana Veiga nos bastidores do Sportscenter
Imagem: Arquivo pessoal

Parceria com Dudu Monsanto. "Os dois primeiros anos foram bem legais, mas fiquei nesse programa sozinha. Depois, fiz a parceria com o Dudu. Eu nunca tinha encontrado com ele na ESPN e, do nada, um chefe mandou ele ficar até mais tarde e falou: 'Vocês dois vão fazer um programa juntos'. Ele me chamou para almoçar e falou: 'Conte comigo, você vai ter meu apoio com o que precisar. Se solta e seja você'. Depois de uns três meses, entrosamos: veio um momento engraçado e os dois começaram a rachar o bico. A ESPN sentiu isso e criou um bate-papo na transição do programa. Se a gente estivesse até hoje lá, a gente estaria junto. Foi a melhor fase para mim na ESPN. É que tudo mudou..."

Saída após demissão de Dudu. "A saída foi porque acabou o Sportscenter e o Dudu, infelizmente, foi retirado da emissora [em 2018]. Me colocaram em um outro programa onde eu não me encaixei muito bem, aí eu pedi para sair do programa e comecei a criar um produto para a ESPN, que infelizmente não rolou. Em 2019, terminamos porque eu queria entrar com um produto novo. Eu tinha patrocínios e um monte de coisa na mão, mas infelizmente não foi interessante para a emissora."

Juliana Veiga entrou na Justiça contra a ESPN por uma questão envolvendo um comentário de Jorge Nicola e por direitos trabalhistas. Como parte do processo está em andamento, ela preferiu não falar sobre o assunto.

A locutora e voz do metrô Juliana Veiga

Desembarque da ESPN — e catraca liberada para novos rumos. "Eu e o Dudu nem tínhamos saído da ESPN, mas sentimos que o jornal estava com a possibilidade de acabar. Uma produtora que já conhecia me ligou e falou sobre o projeto do metrô de São Paulo: em 2018, mudaram a concessão, e o novo presidente quis alterar toda a parte sonora e criou um casting. Foi um ano só de seleção."

Como virou a voz do metrô? "Eram três produtoras de áudio que selecionaram, cada uma, cinco vozes de mulher. Dessas 15 vozes, foram escolhidas três, incluindo a minha. A primeira etapa foi para o vagão da estação Corinthians-Itaquera, que tem uma movimentação enorme. Eles pegaram um fone e um tablet, aí alguns passageiros participavam da pesquisa. Eu ganhei nessa fase com 54% e uma das outras vozes saiu. Aí eles levaram as duas vozes finalistas para a catraca do metrô das principais estações e fizeram nova pesquisa: ganhei com 62%. Quem selecionou essa voz, na verdade, foi o povo. Em 2019, virei a voz do metrô e passei dois meses gravando tudo."

Locutora há mais de dez anos, Juliana Veiga é a voz oficial que guia os passageiros do metrô - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Locutora há mais de dez anos, Juliana Veiga é a voz oficial que guia os passageiros do metrô
Imagem: Arquivo pessoal

Bastidores da função. "Eu falei mais ou menos mil vezes 'próxima estação' até achar a boa. Depois, falava 'desembarque pelo lado direito' até achar o bom... 'desembarque pelo lado esquerdo' até achar o bom... Fora os nomes das estações. Tudo por partes. Hoje em dia, eles me mandam o nome de uma estação nova e eu gravo. Tenho um contrato que se renova a cada três anos e entra uma grana para mim. Já as peças publicitárias que eu gravo pro metrô (como TV e rádio), me pagam à parte. Isso tudo vai longe, provavelmente vou ficar uns 20 e poucos anos nessa."

Volta para a TV. "Eu quero voltar, acho que ainda tenho muita coisa para fazer. Não com futebol, porque eu já estou em uma outra idade e com um outro público, mas a locução vai ser a carreira para o resto da minha vida. Tenho um projeto muito legal aí em andamento que é segredo, mas pode ser que role uma coisa muito legal na área de turismo."

Aeroporto é o maior sonho. "O meu maior sonho é ser a voz do aeroporto. Quero muito, e não precisa nem ser um de São Paulo. E quero também ser a voz de alguma emissora de TV, aquela que fala nos comerciais. Ou até de uma rádio. Gosto de ouvir minha voz, ela é legal para esse tipo de trabalho."