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Filipinho mira Olimpíadas e minimiza rivalidade com Griffin: 'sangue bom'

Brasileiro Filipe Toledo e americano Griffin Colapinto: rivais dentro d"água, mas amigos fora dela - WSL
Brasileiro Filipe Toledo e americano Griffin Colapinto: rivais dentro d'água, mas amigos fora dela Imagem: WSL

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/06/2023 04h00

Bicampeão mundial ou campeão olímpico? Filipe Toledo até dá uma rateada, mas não tem dúvidas em afirmar que a meta principal se tornou as Olimpíadas de 2024. Na briga por uma vaga nos Jogos de Paris, o surfista brasileiro tem cumprido seus objetivos passo a passo e chega na etapa de Saquarema do Circuito Mundial como um dos favoritos ao título e na segunda colocação do ranking da temporada, muito próximo em pontos do líder Griffin Colapinto.

O norte-americano, inclusive, tem travado uma rivalidade dentro d'água com Filipinho. Na etapa mais recente, por exemplo, disputaram a final, em El Salvador, e o brasuca levou a melhor, dando o troco da edição de 2022, quando ficou com o vice.

Apesar do duelo cada vez mais acirrado, Filipe Toledo classifica seu adversário como "sangue bom", uma gíria utilizada para classificar uma pessoa "do bem".

"Rivalidade bem saudável, sim. Moramos na mesma cidade [San Clemente-EUA], e a gente acaba se encontrando bastante lá, surfando junto. O Griffin é um moleque de coração bem puro, bem sangue bom. O Ítalo [Ferreira] faz parte da equipe dele e pode dizer também. Sempre me tratou muito bem, com muito respeito, muita humildade e sempre devolvi isso para ele. É uma rivalidade saudável, assim como tenho com Ítalo, Gabriel [Medina]... Ele [Griffin] merece todo o sucesso também. Temos essa rivalidade, mas também temos uma amizade boa", disse Filipinho.

'Medalha olímpica não seria nada mal'

Filipe Toledo participou de uma entrevista coletiva da World Surf League (WSL) na última quarta-feira (21), no Rio de Janeiro, juntamente com os surfistas brasileiros Ítalo Ferreira e Tatiana Weston-Webb. Na ocasião, um jornalista o questionou qual escolha faria se tivesse que optar somente entre medalha olímpica ou bicampeonato mundial, e embora ele tenha titubeado, não teve dúvidas:

"É uma escolha bem difícil [risos], mas graças a Deus conquistei meu tão sonhado título [em 2022] e uma medalha olímpica não seria nada mal [risos]. Então, se tivesse que, realmente, escolher uma opção, neste momento seriam as Olimpíadas, mas se puder dois em um, seria bom [risos]", disse, bem-humorado.

Na avaliação de Filipinho, o importante é ir caminhando focado e passo a passo:

"Estou me sentindo muito bem, tranquilo, confortável, com confiança. Sabemos que o ano é muito longo, muita coisa acontece, mas consistência é um dos pontos principais que precisamos ter no Circuito Mundial. Difícil entender esse processo todo e ter essa fórmula, que ainda não é exata, mas o pouco que se consegue entender, faz a diferença. É o que tenho tentado fazer. Ser consistente e conquistar os resultados. O foco é no final do ano, no Finals Five [etapa final do Mundial], nas Olimpíadas e assim por diante".

Disputa por vagas olímpicas

O Circuito Mundial dá 10 vagas, com limite de duas por país, nos Jogos Olímpicos. Seis brasileiros estão na disputa pelas duas vagas brasileiras.

Brasil pode ter dupla inédita. Filipe Toledo (vice-líder do ranking) e João Chianca, o Chumbinho (terceiro do ranking), são atualmente os dois brasileiros mais bem ranqueados. Em Tóquio-2020, Gabriel Medina e Italo Ferreira representaram o Brasil.

Medina está "na cola" dos compatriotas e é o quinto, e Italo briga por fora, em oitavo. Yago Dora (12º) e Caio Ibelli (13º) completam a lista de brasileiros.

A etapa de Saquarema é a oitava do Circuito Mundial. Ao todo, os surfistas disputam dez etapas. Na sequência, os cinco mais bem colocados do ranking disputam entre si o título mundial no WSL Finals. Caso mais de dois brasileiros avancem para o Finals, os representantes brasileiros nas Olimpíadas serão definidos ao término desta última etapa.

Como está a briga verde-amarela por Paris-2024

Filipe Toledo, Tatiana Weston-Webb e Ítalo Ferreira em coletiva do Mundial de Surfe no Rio de Janeiro - Bruno Braz / UOL - Bruno Braz / UOL
Filipe Toledo, Tatiana Weston-Webb e Ítalo Ferreira em coletiva do Mundial de Surfe no Rio de Janeiro
Imagem: Bruno Braz / UOL

Após ficar de fora de Tóquio, Filipe Toledo é o favorito. Além de ser o brasileiro mais bem colocado no momento — e vice-líder do ranking mundial — Filipinho busca o pentacampeonato no Rio de Janeiro.

Chumbinho é a "surpresa" da temporada. O brasileiro foi campeão em Portugal e ocupa a terceira colocação do ranking mundial.

Medina faz arrancada em temporada irregular. O tricampeão mundial ficou sem medalha em Tóquio e tenta espantar sequência instável para voltar a uma edição olímpica.

Campeão olímpico, Italo busca sua primeira vitória no ano. O potiguar faz uma temporada abaixo e precisa superar dois compatriotas para ter a chance de defender o ouro olímpico.

O Brasil ainda poderá ter um terceiro representante em Paris-2024, através de novas vagas distribuídas no ISA Games. O limite era de dois surfistas do mesmo país por gênero em Tóquio-2020, mas subiu para três em Paris-2024.

Tatiana Weston-Webb já está pré-classificada para as próximas Olimpíadas. Ela é a única brasileira no Circuito Mundial feminino e atual quinta colocada do ranking.

Ranking mundial de surfe

1. Griffin Colapinto (EUA) - 42.890 pontos

2. Filipe Toledo (BRA) - 41.660

3. João Chianca (BRA) - 36.320

4. Ethan Ewing (AUS) - 32.215

5. Gabriel Medina (BRA) - 28.025

6. Jack Robinson (AUS) - 27.875

7. John John Florence (HAV) - 24.885

8. Italo Ferreira (BRA) - 23.835

9. Leonardo Fioravanti (ITA) - 23.835

10. Connor O'Leary (AUS) - 23.630

12. Yago Dora (BRA) - 22.120

13. Caio Ibelli (BRA) - 20.130