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Pai vira motorista de aplicativo para ajudar revelação do vôlei de praia

Marcela Mattoso foi campeã do Mundial Estudantil, em Israel, com a seleção brasileira de vôlei de praia - Divulgação Confederação Brasileira do Desporto Escolar
Marcela Mattoso foi campeã do Mundial Estudantil, em Israel, com a seleção brasileira de vôlei de praia Imagem: Divulgação Confederação Brasileira do Desporto Escolar

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

24/06/2023 04h00

De uma vila em Quintino, Zona Norte do Rio de Janeiro, ao título do Mundial Estudantil com a seleção brasileira, em Israel. A jovem Marcela Mattoso vem alcançando pódios no vôlei de praia, mas, por trás das medalhas, um caminho está sendo trilhado com o apoio familiar.

Aos 16 anos, ela é a caçula do Sesc Botafogo Praia e conta com a ajuda do pai para conseguir cumprir os horários da rotina dividida entre o colégio e os treinos.

"Minha mãe trabalha de 7h às 17h e não dá para me levar aos treinos. Meu pai sempre corria para conciliar o horário do trabalho dele com meus treinos. Em 2020, ele ficou desempregado e, junto com minha mãe, eles decidiram que ele trabalharia em aplicativo, pois seria a única forma de continuar me levando para os treinos e me ajudar a realizar o sonho de ser jogadora profissional", conta Marcela.

A relação com o esporte começou ainda dentro de casa, com o pai tendo gosto pelo futebol e vôlei, e a mãe que participou de competições escolares de handebol. Assim, ela e o irmão mais velho sempre foram incentivados.

Os primeiros toques na bola foram com as amigas da vila, localizada na Avenida Dom Hélder Câmara. O vôlei começou a ficar mais sério em 2018, na escolinha do Sesc de Madureira.

A menina acanhada se soltou na quadra, e não demorou a chamar a atenção com seu 1,77m de altura.

"A princípio era para recreação, interagir um pouco mais, já que sempre fui muito tímida, e comecei a gostar. Em seguida, meus pais procuraram um núcleo da escolinha do Bernardinho, no Valqueire. Fiquei uns meses lá e o professor comentou com meus pais que eu tinha uma altura boa e que eu levava jeito"

Marcela passou em uma peneira no Fluminense e logo apareceu o vôlei de praia, inicialmente, para ajudar em "um melhor desempenho na quadra".

"Comecei a evoluir na praia em 2021, quando comecei a disputar competições amadoras. Em janeiro de 2022, fui convocada pela CBV para o laboratório de praia sub-19, em Saquarema. Na mesma época, fui convocada para o Campeonato Brasileiro de Seleções de quadra. Não podia participar das duas modalidades e optei pela quadra. Em outubro de 2022, fui convocada pela CBV para participar de outro laboratório de praia".

Porém, não demorou para o coração começar a bater mais forte quando os pés tocavam a areia.

"No final do ano passado, fui convidada pelo técnico Ed para fazer parte do Projeto Sesc Botafogo, onde eu teria que me dedicar somente ao vôlei de praia. Fiquei extremamente feliz pois eu já estava pensando na decisão por essa modalidade"

"Em janeiro, fui convocada pela CBV para outro laboratório de praia sub-21, em Saquarema. Em abril, eu e Carol Sallaberry conquistamos nosso primeiro título, na primeira etapa do Brasileiro sub-19. Logo em seguida veio o título de campeã mundial estudantil, em Israel, ao lado da Julhia e Raissa"