Ídolo no basquete, Splitter leva preparo de NBA para time de universitários
Em um mês, Tiago Splitter estará no comando da seleção brasileira na Universíade, os Jogos Mundiais Universitários. Em conversa com o UOL, o ídolo brasileiro contou que usa a experiência na NBA durante o treinamento com os jovens atletas.
Splitter jogou na maior liga de basquete do mundo por sete temporadas e defendeu equipes como San Antonio Spurs, Atlanta Hawks e Philadelphia 76ers. Após se aposentar das quadras em fevereiro de 2018, o brasileiro seguiu na NBA ao se tornar assistente técnico do Brooklyn Nets e, agora, faz parte da comissão do Houston Rockets.
"Será minha segunda competição como técnico principal na seleção de universitários. Eu sempre tive muito orgulho e prazer de representar o Brasil. E não vai ser diferente dessa vez. Não vai ser fácil. A gente vai passar por seleções muito fortes", comentou Splitter.
Os atletas me veem como ídolo. Ao mesmo tempo, eles também têm a oportunidade de entender como eu me preparava para os jogos da NBA e eu tento passar isso para eles no dia a dia. Não só das minhas experiências, mas dos meus companheiros. Eu tento passar para eles coisas como: como é que o Kevin Durant e James Harden treinam? Como que o Tim Duncan se prepara para um jogo? O que o Manu Ginóbili faz de manhã no dia do jogo?", destacou.
E por falar em NBA, Splitter também comentou sobre a presença de compatriotas na liga norte-americana. O primeiro brasileiro a vencer um título nos EUA acredita que todo o país para por ciclos e logo o Brasil terá mais representantes.
"Às vezes vem uma camada de jogadores melhores, outras não tão boas. E o Brasil já chegou a ter nove jogadores dentro da NBA. Hoje em dia não é o caso. Temos o Raulzinho, que provavelmente continua na liga, e outros jovens que estão tentando entrar", analisou Splitter.
"Existe, sim, oportunidade para brasileiros, mas a gente não passa por um momento com muitos jogadores chegando lá. Espero que isso mude no futuro. Tem a ver com ciclos, da mesma forma que a Argentina passa por um momento que não tem nenhum jogador na NBA. A própria França, agora, tem muitos jogadores na NBA, mas há 10 anos a gente tinha mais jogadores que eles", concluiu.
'Pensamos pequeno'
A "monocultura" do futebol no Brasil é uma das causas da falta de incentivo aos outros esportes, segundo Splitter. O ídolo acredita que os brasileiros poderiam ter mais incentivo para curtir modalidades e times diferentes.
"Nada contra o futebol. Eu acho que a gente tem espaço para tudo. Eu acho que a cabeça do brasileiro em relação a outros esportes ainda é pequena. A gente ainda pensa pequeno, a gente não dá bola para algo diferente, a gente não assiste, a gente não consome outros esportes que não sejam futebol", refletiu.
"Cabe e tem espaço para o brasileiro consumir mais do que o futebol. O grande exemplo de todos é os Estados Unidos, onde eles consomem vários esportes: o cara é fã do New England Patriots (NFL), mas é também fã do Boston Celtics (NBA). E uma coisa não tem a ver com outra. Por que a gente não pode ser torcedor do Corinthians ou do Flamengo e no basquete a gente ser de outro time, de outra bandeira?", acrescentou Splitter.
Seleção de basquete
A seleção brasileira de basquete não está em evidência há alguns anos. Para retornar aos tempos de glória, Splitter acredita que é preciso experiência. A chave da evolução é atuar em equipes competitivas, que lutem por títulos, segundo ele.
"Dois jogadores-chave da seleção brasileira são o Iago e o Bruno Caboclo, que acabaram de ser campeões na Alemanha. Levaram um time que nunca tinha tido muita expressão a ser campeão. Essa experiência que eles tiveram vale muito. Estar jogando em ligas fortes é muito importante na hora de jogar as Olimpíadas ou Mundial e ter sucesso", opinou Splitter.
"Com relação à Liga Nacional, o NBB, é parecido. Quanto mais talento a gente tiver aqui, às vezes trazer um estrangeiro para dar um gás na liga, trazer um americano, um espanhol, um francês. Quanto mais a gente tiver isso e ter essa troca de experiências, mais a nossa liga vai ser forte e, consequentemente, os jogadores brasileiros vão subir o nível".
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