Amiga de palmeirense morta reclama de discriminação com organizadas
Rafaela, amiga Gabriella Anelli, morta após ser atingida por garrafada antes de jogo do Palmeiras, reclama de discriminação com as torcidas organizadas.
Discriminação: "Tem muita gente discriminando ela por ela fazer parte de torcida organizada, mas ninguém perguntou porque estavam arremessando garrafas se é proibida a venda ao redor do estádio. Bater-boca, um zoar com o outro é uma coisa que se tornou normal. Agora, uma agressão que virou uma morte, não tem explicação, não tem justificativa", disse Rafaela durante o programa Encontro.
Socorro rápido: "Por ter acontecido perto de uma entrada, sempre tem uma ambulância em cada setor. Então, a ambulância conseguiu pegá-la rápido e levá-la para o hospital."
Encontro das torcidas: "Eles [torcedores] se cruzaram na chapa, onde tem a divisão entre os palmeirenses e os visitantes. Ao meu entender, e eu não comecei a ir ao estádio ontem, não tem que abrir aquela chapa. Principalmente em um Palmeiras x Flamengo".
Como ficou sabendo: "Eu fiquei sabendo porque algumas pessoas que estavam lá na hora desceram [para o Gol Norte] e contaram: 'A Anelli foi atingida', falando que a torcida do Flamengo começou a jogar garrafas. O Yuri [Batista da Silva, testemunha do caso] estava me ligando e disse que estava indo para o hospital com ela, mas não conseguiu me explicar direito o que estava acontecendo".
Nunca passaram por algo parecido: "Nós nunca tínhamos passado por uma situação de risco, ainda mais nos arredores do nosso estádio, do Allianz Parque. Tem que ter segurança para os torcedores palmeirenses. Nós [ela e Gabriella] já fomos assistir jogos no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Curitiba e sempre teve segurança para os torcedores da casa, tanto quanto para os visitantes. Isso foi o que não teve [aqui], teve a falta de policiamento. Tinha pouco, 2/4 GCMs não iam conter a situação".
Falta de policiamento: "Onde foi a confusão, é um setor que normalmente só vai família, só quem tem dinheiro que vai, e tem o visitante. Então, o policiamento lá sempre foi rígido, só que naquele momento não teve [policiamento]".
Momentos que antecederam a confusão: "A gente marcou de se encontrar, ela subiu com a Kombi da torcida, com o Yuri. Ela desceu do carro e veio me dar um abraço e falou que ia até o outro lado [do Allianz] para deixar a camisa - que era de outra torcida organizada do Palmeiras. Eu fui, com os membros da TUP, para o Gol Norte, que é onde as organizadas ficam, e ela e o Yuri ficaram lá em cima. Demorou cerca de três minutos para tudo isso acontecer. Nesse intervalo, eu vi a tropa de choque passando, muito atrasado, porque já tinha acontecido o fato. Então, o choque passou e ela já estava sendo carregada".
Como está se sentindo: "A vida dela sempre foi seguir o Palmeiras, seguir a Mancha [Verde], que são os amores da vida dela. Ela sempre foi essa pessoa maravilhosa e eu daria tudo para estar com ela de novo, aproveitar meu último minuto, o último abraço. Eu deveria ter falado mais vezes o quanto eu a amava, porque quando eu fui vê-la de novo, ela já estava deitada em uma cama de hospital. Por ser a última amiga que ela abraçou, que ela viu na UTI... isso mexe muito comigo".
O que aconteceu
Gabriella estava internada em estado grave. A PM confirmou, no domingo (9), o episódio e informou que a jovem foi encaminhada ao Pronto Socorro da Santa Casa. Ela passou por cirurgia, teve duas paradas cardíacas e não resistiu.
O velório de Anelli está acontecendo neste momento em Embu das Artes (SP). O corpo da palmeirense vai ser cremado após a cerimônia.
A confusão que vitimou Gabriella aconteceu na rua Padre Antônio Tomás, na divisão da torcida visitante do Flamengo. Ela foi atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro.
Leonardo Felipe Xavier Santiago, 26, foi apontado como responsável por arremessar a garrafa e preso em flagrante. A informação foi dada por Mauro Cezar Pereira, durante o Posse de Bola, e confirmada pelo delegado César Saad, da Delegacia de Repressão aos Delitos Esporte (Drade).
Santiago foi denunciado por homicídio doloso consumado, quando há a intenção de matar, após a confirmação da morte de Gabriella. De acordo com o Drade, ele fez parte da torcida organizada "Fla Manguaça", mas não foi ao jogo em caravana. A polícia trata o caso como uma ação solitária.
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